Marin Ireland e Michael Abbott Jr. interpretam irmãos atormentados por presença sombria em 'Demoníaca', o novo filme de terror do diretor Bryan Bertino
![]() |
Marin Ireland em imagem do filme 'The Dark and the Wicked', de Bryan Bertino |
Demoníaca é um filme de terror psicológico inquietante sobre uma família atormentada por fenômenos estranhos em uma fazenda remota. É a mais recente obra do texano Bryan Bertino, diretor que conquistou o respeito dos fãs do cinema de terror graças a filmes como o thriller de invasão domiciliar Os Estranhos (2008) e o assustador Um Monstro no Caminho (2016), um dos meus filmes de terror favoritos da A24.
O próprio Bertino assina o roteiro de Demoníaca, que segue dois irmãos, Louise e Michael, retornando à fazenda onde viveram quando crianças, em uma região de Thurber, Texas. Eles visitam o pai, que estava doente e agora está em estado de coma. A mãe, Virginia (Julie Oliver-Touchstone, da série Preacher), não parece muito feliz com a chegada das visitas em casa, provavelmente porque acredita que a doença do marido é causada por uma presença sobrenatural.
PUBLICIDADE
De fato, desde a cena de abertura, é possível sentir uma ameaça quase onipresente, não apenas na casa, mas também nas paisagens planas e vazias e, especialmente, naquele celeiro assustador repleto de cabras inquietas. A cinematografia entrega composições meticulosas que transmitem uma sensação constante de inquietação. A paleta de cores sombrias e tonalidades austeras serve como uma extensão visual da angústia dos personagens, enquanto a trilha sonora minimalista e inquietante eleva sutilmente a tensão, entrelaçando-se com a narrativa e contribuindo para a atmosfera envolvente.
![]() |
Michael Abbott Jr. em imagem do filme 'The Dark and the Wicked', de Bryan Bertino |
Nos meandros de Demoníaca, reside uma exploração temática de luto, culpa e a fragilidade da mente humana. O elenco, liderado por Marin Ireland (Piercing) e Michael Abbott Jr. (Separados Pelo Sangue) como os irmãos atormentados, oferece atuações que transcendem a superfície da realidade. Suas representações emotivas fundem-se perfeitamente com o clima opressivo do filme, transformando-os em figuras críveis e vulneráveis, arrastadas para o turbilhão do inexplicável.
PUBLICIDADE
Tanto a tensão quanto as emoções intensas da fatídica reunião familiar aumentam à medida que conhecemos novos personagens, como uma enfermeira religiosa (Lynn Andrews, de Justine) e um padre de comportamento bizarro (Xander Berkeley, de As Garotas Vão ao Bar). E, é claro, uma garota assustadora interpretada por Ella Ballentine (A Convocação), que bate à porta da família para adicionar mais lenha à fogueira.
![]() |
Marin Ireland e Michael Abbott Jr. em imagem do filme 'The Dark and the Wicked', de Bryan Bertino |
Bertino utiliza o sobrenatural como metáfora, destacando como os demônios internos frequentemente ecoam os horrores externos. À semelhança de seus trabalhos anteriores, ele demonstra habilidade magistral em criar tensão por meio de uma narrativa fragmentada e sutil. Ele evita os clichês do gênero, preferindo insinuar o terror por meio de sombras inquietantes, objetos que se movem por vontade própria e breves vislumbres de figuras sombrias.
PUBLICIDADE
O problema é que o diretor parece tão empenhado em explorar a ideia de que o diabo está nos detalhes, que acaba adiando demais aquele momento mágico em que os filmes param de criar mistérios e começam a apresentar respostas. Sim, é divertido tentar adivinhar o que está acontecendo nessa fazenda infernal, e as aparições arrepiantes e os momentos pontuais de violência gráfica ajudam a superar o ritmo lento da narrativa. No entanto, passar o filme inteiro fazendo isso, definitivamente não é.
Na verdade, isso é entediante, e a maneira abrupta e nada recompensadora com que o filme termina contribui para tornar a experiência frustrante, de uma maneira que apenas os filmes de pós-terror e de “terror elevado” conseguem ser.
Nota: 5/10
Título original: The Dark and the Wicked.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Estados Unidos.
Duração: 95 minutos.
Roteiro: Bryan Bertino
Direção: Bryan Bertino.
Elenco: Marin Ireland, Michael Abbott Jr., Julie Oliver-Touchstone, Lynn Andrews, Tom Nowicki, Michael Zagst, Xander Berkeley, Charles Jonathan Trott, Ella Ballentine, Mel Cowan, Mindy Raymond, Chris Doubek.