Crítica | Um Monstro no Caminho (The Monster, 2016)

Zoe Kazan e Ella Ballentine lidam com monstros reais e metafóricos em 'Um Monstro no Caminho', filme de terror da A24 dirigido por Bryan Bertino

Ella Ballentine e Zoe Kazan como Lizzy e Kathy no filme 'Um Monstro no Caminho', de Bryan Bertino. Foto: ©A24

Em 2008, o diretor Bryan Bertino entregou Os Estranhos, filme de invasão domiciliar que coloca Liv Tyler e Scott Speedman no papel de um casal acuado em uma casa de campo enquanto três figuras mascaradas espreitam lá fora. Agora ele retorna à direção com Um Monstro no Caminho, onde coloca mãe e filha acuados em um carro. O cenário, porém, é uma estrada deserta. E o inimigo não tem nada de humano.

Um Monstro no Caminho é a nova aposta da A24, a empresa por trás de X: A Marca da Morte, Men - Faces do Medo e Morte, Morte, Morte. Zoe Kazan (Tudo Acontece em Nova York) e Ella Ballentine (Uma Paixão em Nova York) estrelam o filme, que pode ser descrito como um drama de terror assustador sobre monstros, literais e metafóricos, com direito a uma jornada de redenção emocionante.

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Kathy (Kazan) é uma mulher divorciada que atravessa o país em uma viagem de carro na companhia da filha pré-adolescente, Lizzy (Ballentine). Elas ficam isoladas em uma estrada deserta e mal iluminada após sofrer um acidente. Não demoram para perceber que existe algo ameaçador espreitando na mata. No início não dá para dizer ao certo o que é. Mas fica claro que é grande e está faminto.

Zoe Kazan como Kathy no filme 'Um Monstro no Caminho', de Bryan Bertino. Foto: ©A24

Bertino reserva o primeiro ato para desenvolver a dinâmica de personagens e evidenciar a sombra de um monstro metafórico que paira sobre mãe e filha. Kathy é apresentada como uma mãe problemática, cujo vício fez com que perdesse o marido e se entregasse a uma vida de negligências. Para suprir as falhas da mãe, Lizzy foi forçada a amadurecer mais cedo, alimentando um ódio reprimido. O relacionamento profundamente conflituoso das duas chega a gerar atos de violência, revelados por flashbacks ocasionais.

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Na estrada deserta, as duas terão a chance de se reconectar, ao mesmo tempo em que tentam sobreviver aos ataques do predador misterioso. As atrizes entregam performances sólidas, reagindo convincentemente às situações de terror e garantindo alguns momentos emocionantes conforme a mãe horrível se reconecta com instintos maternos que jugava não mais possuir, e descobre que está disposta a sacrificar a própria vida para garantir a segurança da filha.

Zoe Kazan e Ella Ballentine como Kathy e Lizzy no filme 'Um Monstro no Caminho', de Bryan Bertino. Foto: ©A24

O diretor faz bom uso da pouca iluminação para obscurecer a ameaça à espreita, amplificando consistentemente a tensão e garantindo que, mesmo em um cenário aberto, a sensação de claustrofobia esteja sempre presente. Mas se tudo que você quer é ver o monstro, fique tranquilo porque Bertino revela a criatura, e os ótimos efeitos práticos garantem creibilidade às cenas seguintes, marcadas por confrontos intensos e um pouco de gore.

Tenha um pouco de paciência com o tempo gasto com a construção da atmosfera de pavor e você verá que, assim que o monstro deixa de ser metafórico para se tornar literal, o horror é brutalmente implacável. Alguns podem considerar ilógicas algumas decisões de Kathy no último ato. Mas é algo intencional, que destaca o contraste de irresponsabilidade e amadurecimento entre mãe e filha, e ajuda a tornar essa história ainda mais divertida e assustadora. 

Nota: 8.5/10

Título original: The Monster.

Gênero: Terror.

Produção: 2016.

Lançamento: 2016

País: Estados Unidos.

Duração: 91 minutos.

Roteiro: Bryan Bertino.

Direção: Bryan Bertino.

Elenco: Zoe Kazan, Ella Ballentine, Aarin Douglas. Christine Ebadi, Marc Hickox.