Crítica | A Chorona (La Llorona, 2019)

Em 'A Chorona', de Jayro Bustamante, uma lenda do folclore latino-americano retorna em busca de vingança


Imagem do filme 'A Chorona'
A atriz María Mercedes Coroy em imagem do filme 'A Chorona', de Jayro Bustamante


A Chorona é um drama político que mistura horrores da vida real com elementos discretos do cinema de gênero. É o novo trabalho do diretor guatemalteco Jayro Bustamante, mesmo realizador do drama Ixcanul (2015). Lisandro Sánchez e o próprio Bustamante assinam o roteiro do longa, indicado ao Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira.

Julio Dias interpreta Enrique Monteverde, um general aposentado acusado de supervisionar um genocídio durante conflitos armados na Guatemala, no início dos anos 1980. O processo criminal acaba sendo anulado, mas isso não significa que Enrique está livre. Ele terá que conviver com os protestos dos familiares de suas vítimas, que se acumulam na porta da casa palaciana onde a família se resguarda. E também com um presença misteriosa que o assombra nos cômodos e corredores da casa.


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O roteiro foca na maneira como cada membro da família lida com os fantasmas literais e metafóricos que ameaçam consumi-los, dentro e fora de propriedade. O drama dos Monteverde e de seus empregados é marcado por uma atmosfera opressora, pela boa cinematografia de Nicolás Wong e por uma trilha sonora que às vezes até se confunde com as vozes em protesto que se intensificam lá fora.

Imagem do filme 'A Chorona'
Imagem do filme 'La Llorona', de Jayro Bustamante


Diaz faz um bom trabalho como o general de saúde fragilizada, que parece ser o único a sentir a presença sobrenatural na casa. Margarita Kenéfic (Aro Tolbukhin - En la mente del asesino) surge como a matriarca Carmen, que não esconde seu preconceito contra os acusadores do marido e chega a culpá-los pelos problemas da família.


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Sabrina De La Hoz (Tremores) interpreta a filha Natalia, a única que parece disposta a entrar em dilemas éticos sobre o passado do pai. E a atriz mirim Ayla-Elea Hurtado faz uma participação menor como a neta Sara, uma menina curiosa que acaba desenvolvendo uma ligação forte com Alma (María Mercedes Coroy, de Bel Canto), a nova empregada doméstica da família que pode ou não ter uma ligação com a ameaça sobrenatural.

Imagem do filme 'A Chorona'
Imagem do filme 'La Llorona', de Jayro Bustamante


Como o título e o trailer sugerem, o filme traz de volta uma figura que os fãs de filmes de terror provavelmente já conhecem muito bem: a Chorona, entidade fantasmagórica do folclore da América Latina que ficou famosa no Brasil graças a A Maldição da Chorona, o spin-off de Invocação do Mal dirigido por Michael Chaves.

É claro que com tanto drama, personagens complexos e subtextos políticos, não sobra muito tempo para assustar o público, o que pode ser frustrante para quem espera por um filme de terror convencional. Mas A Chorona merece uma espiada pela sua história interessante, pela direção competente e pelo elenco acima da média.

Nota: 5.8/10

Título original: La Llorona.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
País: Guatemala, França.
Duração: 97 minutos.
Roteiro: Jayro Bustamante, Lisandro Sanchez.
Direção: Jayro Bustamante.
Elenco: María Mercedes Coroy, Sabrina De La Hoz, Margarita Kenéfic, Julio Diaz, María Telón, Juan Pablo Olyslager, Ayla-Elea Hurtado, Pedro Javier Silva Lira.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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