Mutantes do oceano aterrorizam cidade de pescadores em 'Criaturas das Profundezas', cult B dirigido por Barbara Peeters e produzido por Roger Corman
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| Linda Shayne e Greg Travis em imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
Criaturas das Profundezas é um terror sci-fi sobre mutantes que saem do oceano para aterrorizar uma cidade de pescadores. É o quinto longa-metragem de Barbara Peeters (Summer School Teachers), uma das poucas cineastas femininas que trabalharam com filmes exploitation. A produção é do lendário Roger Corman, cuja habilidade em fazer filmes de forma rápida e barata lhe rendeu o título de rei do filme B.
A trama é ambientada em Noyo, cidade costeira na Califórnia onde a principal fonte de renda é a pesca de salmão. Acontece que o salmão está desaparecendo, e os moradores já cogitam a possibilidade de dar as boas-vindas à Canco, uma companhia que promete desenvolvimento econômico e peixes maiores através de experimentos genéticos. O que ninguém esperava, nem mesmo a própria Canco, é que seus experimentos criariam híbridos viscosos de homens e peixes que se tornariam uma ameaça mortal para todos na cidade.
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| Imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
O roteiro de William Martin pega emprestado algumas ideias do clássico Tubarão, acrescenta doses de terror ecológico na linha de A Semente do Diabo, e insere tudo em um cenário típico de ficção científica de baixo orçamento dos anos 50. Ocasionalmente Martin propõe discussões sobre o preconceito contra os povos indígenas. Mas não espere por nada muito profundo, pois esse é um filme B da ponta da unha até o último fio de cabelo, e o que interessa aqui é mesmo a diversão.
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Doug McClure (A Terra que o Tempo Esqueceu) interpreta o pescador bom de briga Jim Hill, que se une à cientista da Canco, Susan Drake (Ann Turkel, da série A Supermáquina), para tentar colocar um fim nas malvadezas dos homens-peixe, que estão matando cães e sequestrando jovens mulheres na cidade. Uma subtrama envolvendo uma moça chamada Peggy (Lynn Theel, de Sem Aviso) revela o horrendo destino dessas mulheres, e ainda garante uma cena final bizarra, que presta homenagem ao clássico Alien: O Oitavo Passageiro.
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| Cindy Weintraub e Doug McClure em imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
O descendente indígena Johnny Eagle (Anthony Pena, de Maratona da Morte), que teve um encontro explosivo com as criaturas das profundezas, auxilia a dupla em sua jornada. Vic Morrow (O Sistema) surge como Hank Slattery, o infame líder de um grupo disposto a tudo para garantir que a indústria venha para a cidade. A cena em que Hank e Johnny Eagle iniciam uma briga em um baile, com direito a golpes mal-coreografados e efeitos sonoros ruins, rende boas risadas.
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Cindy Weintraub (Quem Matou Rosemary?) interpreta a esposa de Jim, Carol, que protagoniza a melhor cena de terror do filme. Carol é a que mais se aproxima da figura clássica de uma final girl. Mas minha personagem favorita foi a Miss Salmão, Sandy (Linda Shayne, de Atraídos pelo Perigo), que também sai no tapa com um dos monstros mal-intencionados. É realmente uma pena que ela tenha tão pouco tempo de tela.
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| Lynn Theel e Meegan King em imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
Enquanto personagens surgem e desaparecem, mortes acontecem e o gore rola solto. Eu realmente não esperava por um trabalho tão bom da equipe de maquiagem, e me surpreendi com as duas primeiras imagens grotescas. A cereja do bolo dessa delícia oitentista fica reservado para o último ato, quando dezenas de criaturas emergem da água para atacar os moradores de Noyo, que participam do Festival Anual do Salmão.
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É importante destacar que a produção dispunha de apenas três trajes de monstros para utilizar durante essa sequência caótica. A diretora espertamente filmou os mesmos atores atacando pessoas diferentes em locais diferentes, e a equipe de edição providenciou cortes precisos, para passar a ilusão de que havia muitos monstros na cidade. Como se não bastasse todo esse trabalho, Peeters ainda teve que lidar com outro problema inesperado: os humanoides deveriam ser interpretados pelos dublês do filme, mas eles acharam os trajes "muito idiotas" e se recusaram a usá-los. Atores adicionais tiveram que ser contratados para atuar como os monstros.
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| Imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
Vou ter que discordar desses dublês exigentes, pois acredito que a tosquice dos trajes combina perfeitamente com o clima sci-fi cinquentista que a diretora tenta evocar. São como primos distantes do Monstro da Lagoa Negra, só que mais cabeçudos, feios e gosmentos. Detalhes como o corpo coberto por algas e o cérebro exposto deixam as criaturas ainda mais bizarras. Sem contar aqueles braços longos, que as obrigam a se movimentar como o Tarman, de A Volta dos Mortos-Vivos.
Entrevistas e extras do DVD do filme revelam histórias hilárias de bastidores. Mas nenhuma delas é tão curiosa quanto a treta envolvendo a diretora e o produtor Roger Corman. Dizem que enquanto o longa estava sendo finalizado, Corman sentiu que a obra precisava de mais nudez, e pediu que ela filmasse algumas cenas onde as criaturas atacavam e rasgavam as roupas de jovens na praia. A diretora, que odiava violência contra as mulheres, se recusou a filmar, argumentando que as cenas seriam baratas e gratuitas.
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| Denise Galik em imagem do filme 'Criaturas das Profundezas', de Barbara Peeters |
Corman contratou um segundo diretor, Jimmy T. Murakami (Mercenários da Galáxia) para filmar as cenas extras. Reza a lenda que quando assistiu à pré-estreia, Peeters ficou furiosa, reclamou que aquele não era mais o filme que ela fez e pediu que seu nome fosse retirado dos créditos. Aparentemente eles chegaram a um acordo, já que o nome dela continua lá. Ironicamente, Criaturas das Profundezas se tornou um dos filmes de terror mais memoráveis já produzidos por Corman.
Nota: 7/10
Título original: Humanoids from the Deep.
Gênero: Terror, ficção científica.
Produção: 1980.
Lançamento: 1980.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 20min.
História: Frank Arnold, Martin B. Cohen.
Roteiro: William Martin.
Direção: Barbara Peeters, Jimmy T. Murakami (não creditado).
Elenco: Doug McClure, Ann Turkel, Vic Morrow, Cindy Weintraub, Anthony Pena, Denise Galik, Lynn Theel, Meegan King, Breck Costin, Hoke Howell, Don Maxwell, David Strassman, Greg Travis, Linda Shayne, Lisa Glaser, Bruce Monette, Shawn Erler, Frank Arnold, Amy Barrett, Jo Williams, Henry T. Williams, Lyle Isom, Jonathan Lehan.