Crítica | A Maldição de Sharon Tate (The Haunting of Sharon Tate, 2019)

Hilary Duff interpreta Sharon em 'A Maldição de Sharon Tate', do diretor e roteirista Daniel Farrands


Lydia Hearst e Hilary Duff como Abigail e Sharon no filme 'A Maldição de Sharon Tate', de Daniel Farrands
Lydia Hearst e Hilary Duff como Abigail e Sharon no filme 'A Maldição de Sharon Tate', de Daniel Farrands | ©Universum Film


Em 2016, o roteirista Gary Dauberman e o diretor John R. Leonetti pensaram que seria uma boa ideia fazer um filme de terror baseado nos horríveis eventos de 1969, quando a atriz Sharon Tate e seus amigos foram assassinados por membros da seita liderada por Charles Manson. O Perigo Bate à Porta acabou sendo muito criticado pela maneira como explorou o assunto, conquistou um raro índice de aprovação de 0% no tomatometer do Rotten Tomatoes, e também não foi muito bem-visto pelo público.

O fracasso não impediu que outro diretor tentasse emplacar a mesma idéia, três anos depois, com A Maldição de Sharon Tate. Desta vez foi Daniel Farrands, um "especialista" em filmes baseados em assassinatos reais. Seu primeiro longa-metragem, Os Assassinatos de Amityville (2018), tem como base a história de Ronald DeFeo Jr., que assassinou a família na noite de 13 de novembro de 1974. Depois vieram O Assassinato de Nicole Brown Simpson (2019), Ted Bundy: American Boogeyman (2020), e Aileen Wuornos: Mente Assassina (2021).


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A premissa de A Maldição de Sharon Tate é baseada em uma suposta declaração da atriz, sobre um sonho onde ela e seus amigos eram atacados por um homem misterioso. O filme começa com o relato de Sharon (Hilary Duff, da série Gossip Girl: A Garota do Blog), pula para uma recriação dos assassinatos de 1969, e volta no tempo para mostrar a atriz, grávida de oito meses, em sua casa nas colinas de Los Angeles, enquanto o marido está na Europa trabalhando em seu novo filme.

Imagem do filme 'A Maldição de Sharon Tate', de Daniel Farrands
Imagem do filme 'A Maldição de Sharon Tate', de Daniel Farrands | ©Universum Film


A relação de Sharon com o mundo do cinema é explorada timidamente através de diálogos e um poster de A Dança dos Vampiros (1967). Seu relacionamento com o marido, o cineasta Roman Polanski, ganha ainda menos destaque. A maior parte das interações acontece com os amigos Abigail (Lydia Hearst, de Entre Mundos) e Wojciech (Pawel Szajda, de A Mulher Invisível) e com o ex-namorado e cabeleireiro dos astros, Jay (Jonathan Bennett, de Ligeiramente Solteira). Outro personagem, o jovem Steven (Ryan Cargill, de Miss India America), que vive num trailer perto da casa, aparece depois e ganha destaque no filme.


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Após acordar de um terrível pesadelo, Sharon acredita estar tendo visões premonitórias de sua iminente morte. As figuras sombrias que rondam a casa, as pessoas assustadoras que ocasionalmente batem na porta e os rádios que começam a tocar sozinhos, contribuem para aumentar sua sensação de que algo ruim está para acontecer. Charles Manson, interpretado por Ben Mellish (Elephants) até aparece em um espelho, como um fantasma ou talvez uma alucinação da protagonista.

É claro que os amigos de Sharon não acreditam nela, e ficamos nessa rotina durante dois terços do filme. Para quebrar a monotonia, temos debates sobre destino, coincidências, e sobre como decisões simples podem mudar o rumo de nossas vidas. E, é claro, temos novos pesadelos que apresentam não apenas uma, mas três versões diferentes dos assassinatos.

Hilary Duff como Sharon no filme 'A Maldição de Sharon Tate', de Daniel Farrands | ©Universum Film


Elementos típicos de terror sobrenatural e de home invasion dividem lugar com imagens reais do casamento de Sharon, imagens reais de uma entrevista com um dos assassinos, e até imagens reais da cena do crime. No ato final, o diretor/roteirista abraça elementos de filmes slasher e reescreve a história da atriz, mudando sensivelmente os fatos históricos.

Se A Maldição de Sharon Tate é uma homenagem atrapalhada à atriz, ou se é um filme ainda mais grosseiro e oportunista que O Perigo Bate à Porta, cabe ao espectador decidir. Particularmente, acredito que o resultado seria menos amargo se Farrands fizesse mudanças simples, como trocar os nomes dos personagens. Mas o ideal seria mesmo desvincular completamente o filme da história real.

Nota: 3.8/10

Título Original: The Haunting of Sharon Tate.
Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
País: Estados Unidos da América, México.
Duração: 1 h 34 min.
Roteiro: Daniel Farrands.
Direção: Daniel Farrands.
Elenco: Hilary Duff, Jonathan Bennett, Lydia Hearst, Pawel Szajda, Ryan Cargill, Tyler Johnson, Bella Popa, Fivel Stewart, Ben Mellish, Joshua Lang.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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