Crítica | Unwelcome (2022)

Casal enfrenta duendes e empreiteiros malvados em 'Unwelcome', terror do diretor Jon Wright, estrelado por Hannah John-Kamen e Douglas Booth


Douglas Booth e Hannah John-Kamen como Jamie e Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright
Douglas Booth e Hannah John-Kamen como Jamie e Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright


Um casal precisa lidar com empreiteiros malvados e com duendes que vivem na floresta neste filme de terror dirigido pelo realizador de Grabbers, Jon Wright. Unwelcome começa com uma cena angustiante de invasão domiciliar, que deixa traumatizada a protagonista grávida Maya e seu marido chorão, Jamie, interpretados por Hannah John-Kamen (Homem-Formiga e a Vespa) e Douglas Booth (Orgulho e Preconceito e Zumbis). Felizmente, o rapaz herdou uma casa de sua tia falecida, e na cena seguinte os dois já estão dizendo adeus ao Reino Unido para recomeçar a vida em uma aparentemente tranquila região rural da Irlanda do Norte.

Uma mulher chamada Maeve (Niamh Cusack, de Juventudes Roubadas) os recebe na porta e pede a Maya que, diariamente, deixe uma oferenda no portão no jardim dos fundos para "os pequeninos", seres mitológicos que vivem na floresta. A boa notícia é que o casal trata de ignorar o pedido, o que, em um filme de terror, significa que eles atrairão a ira das criaturas. A má notícia é que as criaturas demoram uma eternidade para aparecer, e a jornada até as partes divertidas não é das mais empolgantes.

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Unwelcome sofre com problemas significativos de ritmo, que se agravam devido à indecisão do diretor sobre o tom que adotará para contar a história. Às vezes as situações parecem muito infantis. Às vezes, tudo parece sério demais. Ocasionalmente o diretor tenta entregar as duas coisas simultaneamente, e o resultado é uma obra caótica e ainda assim arrastada, que parece não saber onde quer chegar.

Hannah John-Kamen como Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright
Hannah John-Kamen como Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright


A química entre Hannah John-Kamen e Douglas Booth é praticamente inexistente, e em momento algum comprei a ideia de que eram um casal. Quando estão separados, a coisa não melhora. Basicamente, acompanhamos Maya sendo mais corajosa que o marido e resolvendo problemas que o rapaz não consegue. Ocasionalmente ela passeia na floresta, onde nada de interessante acontece. Enquanto isso, o marido chora e sofre bullying a cada cinco minutos. A forçação de barra para ridicularizar o rapaz é tão descarada, que me lembrou do tratamento dado ao personagem Fred Jones na série Velma, do HBO Max.

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Com um pouco de boa vontade, você pode dizer que a intenção era fazer uma sátira a Sob o Domínio do Medo, cult setentista que mostra como a pessoa mais pacífica pode cometer atos de violência selvagem se empurrada para o limite. O problema é que Unwelcome nunca se assume como comédia. E enquanto o filme de Sam Peckinpah tinha muito a dizer sobre os papéis de gênero e o olhar masculino, em Unwelcome o comentário nunca chega ao ponto de amadurecimento.

Douglas Booth e Hannah John-Kamen como Jamie e Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright. Foto: Laura Radford - © Tempo LP Limited
Douglas Booth e Hannah John-Kamen como Jamie e Maya no filme 'Unwelcome', de Jon Wright. Foto: Laura Radford - © Tempo LP Limited


Ainda falando em Sob o Domínio do Medo, Unwelcome também tem uma família vilanesca que trabalha na casa de Maya e Jamie, e eles rapidamente se tornam outro problema para o filme. Primeiro porque são caricatos demais para transmitir qualquer sensação de ameaça, e segundo porque desviam ainda mais o foco do que realmente interessa: os duendes, que só ganham destaque no último ato. Ou melhor, um pequeno destaque, pois os arcos dos monstros humanos e dos monstros míticos continuam se cruzando.

Nos minutos finais, quando Maya finalmente encara a ameaça, eu já estava suficientemente entediado para me importar com o destino dos personagens ou com a mensagem que os realizadores tentaram transmitir, se é que havia alguma. Nem os efeitos práticos sangrentos foram suficientes para afastar a sensação de que a jornada não valeu a pena.

Nota: 1/10

Título Original: Unwelcome.
Gênero: Terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2023.
País: Reino Unido.
Duração: 1 h 44 min.
Roteiro: Mark Stay, Jon Wright.
Direção: Jon Wright.
Elenco: Hannah John-Kamen, Douglas Booth, Colm Meaney, Kristian Nairn, Chris Walley, Niamh Cusack, Finbar Lynch, Rick Warden, Lalor Roddy.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Se você nunca assistiu um filme de terror com lacração, essa é a oportunidade: um roteiro caótico, que tenta jogar na tela alivios cômicos, tensão, suspense, medo, magia negra, monstrinhos, muito sangue e piadas de mal gosto, tudo bem temperado com um casal sem química alguma, um protagonista que só leva azar e tudo que faz sempre tem potencial pra dar errado, uma protagonista que tenta depositar toda sua segurança no marido mas acaba tendo que ela mesma resolver os problemas durante todo o filme...

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