Crítica | Perdas e Danos (Fatale, 2020)

Hilary Swank e Michael Ealy estrelam o suspense 'Perdas e Danos', de Deon Taylor, sobre aventura extraconjugal que termina muito mal


Hilary Swank e Michael Ealy em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor
Hilary Swank e Michael Ealy em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor | ©Lionsgate


Perdas e Danos é um suspense com boas doses de drama e uma pitadinha de terror, sobre um homem que faz uma escolha errada e paga um preço alto por isso. É o mais recente de uma longa tradição de filmes que podem ser descritos como contos de advertência sobre os perigos das aventuras extraconjugais. Essa espécie de subgênero do cinema de terror e suspense rendeu ótimos filmes nas décadas de 1980 e 1990, e continua gerando frutos até hoje. O recente Fica Comigo, por exemplo, bebeu bastante dessa fonte.

O longa-metragem é dirigido por Deon Taylor, cineasta que vem se dedicando a thrillers com uma pegada meio B que eu realmente estou aprendendo a gostar. Entre seus trabalhos mais recentes, podemos destacar os guilty pleasures Hóspede Indesejado, sobre um casal que precisa lidar com stalker, e Traffik: Liberdade Roubada, sobre uma mulher que enfrenta uma rede de tráfico humano. Michael Ealy (Para Garotas de Cor) e a maravilhosa Hilary Swank (A Caçada) lideram o elenco de Perdas e Danos.

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Derrick Tyler (Ealy) é um ex-astro do basquete universitário que se tornou um bem-sucedido agente esportivo em Los Angeles. Ele vive em uma mansão minimalista nas colinas de Hollywood, na companhia da bela mas distante esposa Traci (Damaris Lewis, de Infiltrado na Klan). Seus amigos mais próximos são o primo de passado obscuro Tyrin (Tyrin Turner, de O Segredo do Silêncio) e o sócio impulsivo Rafe Grimes (Mike Colter, da série Luke Cage).

Michael Ealy e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor
Michael Ealy e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor | ©Lionsgate


É Rafe quem insiste para que Derrick coloque a aliança de casamento no bolso e ceda a uma das tentações do paraíso. Ou melhor, de uma festa em uma boate de Las Vegas. O fruto proibido (ou seria a serpente?) surge na forma de uma mulher misteriosa de voz tímida chamada Val (Swank). Para não entrar no terreno dos spoilers, vamos dizer apenas que Derrick descobrirá que o que acontece em Vegas nem sempre fica em Vegas.

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Algumas das marcas registradas de Deon Taylor estão presentes em Perdas e Danos, incluindo os figurinos luxuosos e cenários deslumbrantes. A trilha sonora é bem escolhida e o visual colorido salta aos olhos. Esses acertos vêm acompanhados de outras características que muitos consideram problemas nos trabalhos anteriores do diretor. Às vezes, o ritmo de Perdas e Danos é lento demais. Em outras, as situações e diálogos parecem um tanto cafonas.

Damaris Lewis e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor
Damaris Lewis e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor | ©Lionsgate


Defendo que um pouco de cafonice não faz mal a um filme, e às vezes até ajuda a dar um charme extra. Mas admito que um ritmo mais fluído teria ajudado na experiência. Apesar disso, fiquei interessado na história até o final, em boa parte graças ao trabalho satisfatório do elenco. Hilary Swank leva sua personagem bastante a sério. Isso acaba criando um contraste engraçado com o resto do elenco, que entrega performances mais voltadas para o cinema B.

O roteiro de David Loughery, (Nurse: A Enfermeira Assassina), não é um primor de originalidade. Perdas e Danos começa com gostinho de remake duvidoso de Atração Fatal, clássico de 1987 onde a personagem de Glenn Close toca o terror no marido infiel interpretado por Michael Douglas. O prédio de Val inclusive tem um elevador de carga muito parecido com o da bruxa loira de Close no filme oitentista dirigido por Adrian Lyne.

Michael Ealy e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor
Michael Ealy e Hilary Swank em imagem do filme 'Perdas e Danos', de Deon Taylor | ©Lionsgate


Somente a partir do segundo ato é que o suspense de Taylor começa a caminhar com as próprias pernas. O diretor entrega algumas surpresas meio toscas, mas, ainda assim, divertidas. Alguns erros primários acabam rendendo risadas extras, como uma gravação que obviamente não corresponde à conversa que os personagens tiveram minutos antes, e as pantufas que misteriosamente desaparecem do pé de uma personagem depois de uma cena de sexo.

As motivações de Val não fazem muito sentido, e Derrick inclusive a confronta sobre isso. Se o espectador vai ou não comprá-las, eu não sei. Mas posso dizer que o confronto que vem depois do diálogo é bem tenso.

Nota: 5.2/10

Título original: Fatale.
Gênero: Suspense, crime, drama.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Estados Unidos.
Duração: 102 minutos.
Roteiro: David Loughery.
Direção: Deon Taylor.
Elenco: Hilary Swank, Michael Ealy, Mike Colter, Damaris Lewis, Tyrin Turner, Danny Pino, Geoffrey Owens, David Hoflin, Sam Daly, Lance Stephenson, Chic Daniel, Stephen O'Mahoney, Lexa Gluck, Oakley Bull, Ian Stanley.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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