Crítica | O Tanque (The Tank, 2023)

Os segredos mortais de uma família vêm à tona em 'O Tanque', filme de terror do diretor e roteirista Scott Walker


Matt Whelan como Ben no filme 'O Tanque', de Scott Walker
Matt Whelan como Ben no filme 'O Tanque', de Scott Walker


O neozelandês Scott Walker estreou na direção de longa-metragem em 2013 com Sangue no Gelo, um suspense estrelado por Nicolas Cage e Vanessa Hudgens, sobre um policial estadual do Alasca que trabalha junto de uma jovem que escapou das garras de um serial killer para levar o assassino à justiça. Agora ele está retornando à cadeira de diretor com O Tanque, um filme de terror que demora mais que o necessário para mostrar a que veio, mas recompensa o espectador com um final divertido.

Situado em 1978, O Tanque apresenta Luciane Buchanan (O Agente Noturno) e Matt Whelan (minissérie The Sounds) como Jules e Ben Adams, um casal que administra uma pequena, mas movimentada loja de animais em Oakland, Califórnia. Uma noite, na hora de fechar, eles recebem a visita de um advogado com uma peruca engraçada que informa que Ben herdou de sua falecida mãe uma propriedade costeira no Oregon chamada Hobbit's Bay.


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Ben desconfia da herança, já que sua mãe nunca mencionou a terra. “Você ficaria surpreso com o que as pessoas descobrem depois que um familiar morre”, diz o advogado, embora eu não tenha certeza se sua intenção foi tranquilizar ou ligar o sinal de alerta no rapaz. De um jeito ou de outro, o casal viaja com a filha pequena, Reia (Zara Nausbaum, de O Outro Lado do Céu 2: Fogo da Fé), para conhecer seu novo lar, sem saber do horror que os aguarda.

Zara Nausbaum como Reia no filme 'O Tanque', de Scott Walker
Zara Nausbaum como Reia no filme 'O Tanque', de Scott Walker


Úmida e empoeirada por dentro, fechada por tábuas e coberta por vegetação por fora, a Hobbit's Bay é o cenário dos sonhos para um diretor de filmes de terror. Scott Walker aproveita bem tanto a mata quanto a casa decadente, com seu assoalho rangendo e portas batendo, para criar uma sensação palpável de que algo ruim está prestes a acontecer. O fato de sermos informados bem cedo de que existe uma ameaça horrível escondida no cavernoso tanque de água subterrâneo no quintal, a poucos metros da casa, ajuda a aumentar a apreensão.


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O uso de iluminação discreta e sombras também contribui para a criação de uma sensação de perigo. Assim, não é surpresa que a escolha do diretor de manter seu monstro escondido nas sombras — ou, neste caso, no tanque — funcione a favor do filme por um bom tempo. O problema é que, a menos que você tenha uma ótima história e personagens interessantes, não dá para estender demais essa brincadeira, pois chegará o momento em que o espectador dirá “Ok, eu já entendi que essa família está em perigo, mostre-me logo esse monstro”.

Luciane Buchanan como Jules no filme 'O Tanque', de Scott Walker
Luciane Buchanan como Jules no filme 'O Tanque', de Scott Walker


Como a história de O Tanque é simplista e seus personagens, embora carismáticos, não são exatamente um exemplo de complexidade, o momento inevitável chega. Ao invés de parar de sugerir e começar a mostrar, o diretor continua cozinhando o espectador em banho-maria. Para se ter uma ideia do ritmo da coisa, a primeira morte só acontece lá pela marca dos 40 minutos, e depois a monotonia volta a tomar conta de tudo.


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Confesso que já tinha perdido as esperanças de que algo bom viria de O Tanque, principalmente após presenciar os personagens tomando decisões idiotas que envergonhariam adolescentes de filmes slashers. Para minha surpresa, Walker acerta o passo na reta final, entregando não apenas momentos de tensão bem calculados, mas também confrontos intensos e alguns efeitos especiais insanamente bem feitos. Ainda rolam algumas decisões duvidosas aqui e ali, mas os 20 minutos finais, ambientados no reservatório sufocante, são indiscutivelmente fortes e divertidos, e fazem o filme valer uma espiada.

Nota: 5/10

Título Original: The Tank.
Gênero: Terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Nova Zelândia.
Duração: 1 h 40 min.
Roteiro: Scott Walker.
Direção: Scott Walker.
Elenco: Luciane Buchanan, Matt Whelan, Mark Mitchinson, Jaya Beach-Robertson, Ascia Maybury, Holly Shervey, Jack Barry, Graham Vincent, Regina Hegemann, Zara Nausbaum, Coco White, Francesca Eglinton, Jatinder Singh.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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