Crítica | Harvest Lake (2016)

Scott Schirmer dirige 'Harvest Lake', uma jornada surreal pela sexualidade e desejo


Jason Crowe como Josh no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer
Jason Crowe como Josh no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer


Se você é fã de longa data de filmes de terror, provavelmente já sabe que quando um grupo de jovens se reúne para passar um fim de semana em uma cabana isolada, coisas ruins acontecem. Vimos isso em Sexta-Feira 13, em Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio e em O Segredo da Cabana, isso apenas para citar alguns exemplos. E essa regra também se aplica a Harvest Lake, um filme de terror tão estranho quanto fascinante, dirigido por Scott Schirmer.

As coisas ruins em Harvest Lake, porém, não chegam da maneira como estamos acostumados a ver. Não existem assassinos mascarados perseguindo os protagonistas. Nem famílias enlouquecidas querendo devorar todo mundo. Não há violência ou gore. Aliás, na maior parte do tempo não há sequer uma ameaça definida. Ainda assim, Harvest Lake tem uma atmosfera tão sedutora que é difícil não ficar curioso para descobrir onde essa história vai parar.

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A trama segue um grupo de amigos na faixa dos 20 e poucos anos que decide passar um fim de semana relaxante em uma casa à beira de um lago isolado. O simpático Josh (Jason Crowe, de The Pact) está comemorando mais um aniversário e sua namorada, a divertida, mas um pouco exigente Cat (Tristan Risk, de Fúria), planejou uma surpresa especial para ele. A ex-colega de quarto de Cat, uma moça alegre chamada Jennifer (Ellie Church, de Brides of Satan), também foi convidada, assim como seu amigo aracnofóbico Ben (Dan Nye, de After).

Ellie Church como Jennifer no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer
Ellie Church como Jennifer no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer


A festa ganha o reforço de Mark (Kevin Roach, de Volumes of Blood: Horror Stories), um campista que Cat conhece em uma trilha na floresta. Mas à medida que a viagem progride, eles se veem mergulhados em um mundo estranho e surreal, onde suas fantasias sexuais mais íntimas ganham vida. Confrontados com forças desconhecidas e desejos que desafiam a moralidade convencional, os personagens são levados por um caminho de autodescoberta e transformação que desafia sua própria percepção da realidade.

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Harvest Lake mergulha em temas provocativos relacionados à sexualidade, atração e expressão dos desejos reprimidos. O filme aborda a complexidade e a fluidez da identidade sexual, explorando o lado sombrio e oculto dos desejos humanos. O tom oscila entre momentos de beleza perturbadora e intensidade desconfortável, criando uma atmosfera que remete a filmes europeus da década de 1970.

Dan Nye, Ellie Church e Tristan Risk como Ben, Jennifer e Cat no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer
Dan Nye, Ellie Church e Tristan Risk como Ben, Jennifer e Cat no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer


Os atores entregam atuações corajosas, mergulhando profundamente em seus personagens, retratando suas vulnerabilidades e anseios de maneira crua e autêntica. O elenco cria uma dinâmica desconcertante entre os personagens, transmitindo a tensão sexual latente que permeia a narrativa. Suas performances cativantes e a facilidade com que transmitem uma sensação de amizade genuína contribuem para a experiência do filme.

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Schirmer, também realizador de Found e The Bad Man, demonstra habilidade em sua direção, com uma abordagem ousada e estilística que eleva a narrativa, trazendo à vida as fantasias e os pesadelos dos personagens. A trilha sonora complementa perfeitamente a atmosfera onírica, enquanto a cinematografia, com suas cores atraentes e composições inusitadas, contribui para a sensação de estranheza e beleza desconcertante.

Dan Nye e Ellie Church como Ben e Jennifer no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer
Dan Nye e Ellie Church como Ben e Jennifer no filme 'Harvest Lake', de Scott Schirmer


O design de produção acerta ao criar um ambiente que combina a familiaridade da natureza com elementos distorcidos e sobrenaturais. Os efeitos especiais são utilizados com sutileza, adicionando um toque de surrealismo à narrativa. Acredito que o diálogo ao redor da fogueira poderia ter sido encurtado, mas na maior parte do tempo a edição mantém um ritmo fluido, permitindo que o espectador seja imerso na jornada dos personagens.

O último ato é um pouco anticlimático para um ponto de partida tão curioso, mas os minutos finais conseguem ser suficientemente lovecraftianos para fechar tudo de maneira impactante. Apesar de não ser recomendado para o público que procura por um filme de terror nos moldes clássicos, Harvest Lake tem uma boa chance de agradar quem busca por experiências sensoriais mais ousadas.

Nota: 6/10

Título original: Harvest Lake.
Gênero: Drama, fantasia, terror.
Produção: 2016.
Lançamento: 2016.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 1 h 18 min.
Roteiro: Scott Schirmer.
Direção: Scott Schirmer.
Elenco: Jason Crowe, Ellie Church, Tristan Risk, Dan Nye, Kevin Roach, Lucretia Lynn, Derek Sturgeon.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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