Crítica | Death Note (2017)

Nat Wolff interpreta Light Turner em 'Death Note', a atrapalhada adaptação do mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, dirigida por Adam Wingard


Nat Wolff como Light Turner no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix
Nat Wolff como Light Turner no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix


Death Note é um filme de suspense/ação com pitadas muito discretas de terror, sobre um jovem que encontra um caderno pertencente a um deus da morte. É uma adaptação ocidental do famoso mangá japonês de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, que também deu origem ao anime de mesmo nome, muito cultuado ao redor do mundo por seu clima sombrio e por levantar questões éticas e morais sobre o poder de decidir quem vive e quem morre.

O longa-metragem é estrelado por Nat Wolff (Operação Obscura), LaKeith Stanfield (Corra!) e Margaret Qualley (Dois Caras Legais). A direção é de Adam Wingard, mesmo realizador do elogiado slasher Você é o Próximo. O filme roteirizado por Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides e Jeremy Slater é uma produção original da Netflix, e já está disponível no serviço de streaming.

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Wolff interpreta Light Turner, um jovem estudante que descobre um misterioso caderno capaz de causar a morte de qualquer pessoa cujo nome seja nele escrito. Light decide usar esse poder para punir criminosos e criar um mundo livre de maldade, mas suas ações chamam a atenção de um detetive conhecido como L (Stanfield), que inicia uma investigação para capturá-lo.

LaKeith Stanfield como L no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix
LaKeith Stanfield como L no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix


A noção de justiça e os limites do poder são postos em xeque, à medida que o protagonista se depara com as consequências de suas ações. A tonalidade do filme oscila entre o drama, o romance teen e o suspense, embora em alguns momentos se incline para elementos de terror e ação. O design de produção é aceitável, trazendo uma estética contemporânea para a história. A cinematografia é competente, capturando efetivamente os ambientes urbanos.

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Os efeitos especiais variam do tosco ao razoável. A edição mantém um ritmo constante, embora em alguns momentos possa parecer apressada. A trilha sonora, embora não tão memorável quanto a do anime, complementa bem a atmosfera do filme. Menos no final, quando a música errada colocada no momento errado, transforma o que deveria ser um momento tenso em uma tosqueira hilária.

Nat Wolff como Light Turner no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix
Nat Wolff como Light Turner no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix


Com esses altos e baixos, o longa-metragem pode se revelar uma experiência cinematográfica no máximo regular para aqueles que estão dispostos a apreciá-lo como uma adaptação única e independente. Mas se, assim como eu, você é fã de Death Note e espera por um mínimo de fidelidade ou respeito ao material original, pode esquecer, porque nesse ponto o filme é uma tragédia.

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Ao contrário do mangá e do anime, a adaptação falha espetacularmente ao tentar explorar os limites morais da justiça e do poder. Falha mais ainda na tarefa de colocar o espectador na posição desconfortável de questionar o que faríamos se tivéssemos o poder de decidir sobre a vida de outras pessoas. O exame da natureza humana é praticamente ignorado, privando o espectador da oportunidade de uma reflexão profunda sobre a responsabilidade individual e as consequências de nossas escolhas.

LaKeith Stanfield e Nat Wolff como L e Light no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix


Os personagens são descaracterizados de todas as formas possíveis e imagináveis. Não apenas na aparência, mas também na personalidade. Light, por exemplo, deixa de ser o gênio adolescente e aluno popular entre colegas e professores, para se tornar um moleque bobalhão que se envolve em brigas e faz todas as burrices possíveis para impressionar a garota que ama.

Se isso não for suficiente para fazer os fãs do material original olharem torto para o filme, eles certamente o farão ao descobrir que a doce Misa se transformou em uma líder de torcida manipuladora chamada Mia (Qualley). Ou que L deixou de ser um detetive brilhante e discreto para se tornar um cara chato que usa máscara de ninja, se envolve em perseguições e, pasmem, tem problemas para controlar a raiva!

Nat Wolff e Margaret Qualley como Light e Mia no filme 'Death Note', de Adam Wingard. Foto: Netflix


O deus da morte Ryuk é o que mais se aproxima da idéia original. Mas apenas na aparência, pois sua personalidade também foi invertida. Tudo isso faz do Death Note da Netflix uma das piores adaptações que eu já tive o desprazer de assistir. Mas pelo menos essa desconstrução tosca serviu para me fazer sentir uma vontade imensa de rever o anime japonês. Algo que você também deveria fazer ao invés de assistir a essa bomba.

Nota: 3/10

Título original: Death Note.
Gênero: Suspense, crime, drama.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 1 h 41 min.
Roteiro: Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides, Jeremy Slater.
Direção: Adam Wingard.
Elenco: Nat Wolff, LaKeith Stanfield, Margaret Qualley, Shea Whigham, Willem Dafoe, Jason Liles, Paul Nakauchi, Jack Ettlinger, Matthew Kevin Anderson, Chris Britton, Timothy Lambert.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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