Crítica | Verônica: Jogo Sobrenatural (Verónica, 2017)

Sandra Escacena interpreta uma jovem atormentada por forças do além em 'Verônica: Jogo Sobrenatural', filme de terror dirigido por Paco Plaza.

Sandra Escacena interpreta uma jovem atormentada por forças do além em 'Verônica: Jogo Sobrenatural', filme de terror do co-diretor de '[REC]', Paco Plaza

Sandra Escacena e Consuelo Trujillo como Verónica e Irmã Morte no filme 'Verônica: Jogo Sobrenatural', de Paco Plaza

Verônica: Jogo Sobrenatural é um filme de terror espanhol que narra a história de uma adolescente que inadvertidamente liberta uma força sobrenatural maligna. É dirigido por Paco Plaza, co-diretor do filme de found footage [REC]. O longa-metragem é baseado em eventos supostamente reais que ocorreram na Espanha em 1991, conhecidos como o "caso Vallecas". A história real que inspirou o filme é uma das alegações de atividade paranormal mais famosas na Espanha.

O filme apresenta Sandra Escacena (da série Mães: Amor e Vida) no papel de Verónica, uma jovem de quinze anos que enfrenta a penosa responsabilidade de cuidar de seus irmãos mais novos enquanto a mãe passa a maioria do tempo trabalhando no bar da família. Durante um eclipse solar, Verónica e suas amigas decidem realizar uma sessão de Ouija na escola, mas algo sinistro é invocado e a jovem começa a ser assombrada por forças sobrenaturais.

PUBLICIDADE

Essas história de fantasmas tem uma atmosfera sufocante e lúgubre, mergulhando o espectador em um mundo repleto de sombras e mistérios. A cinematografia se destaca, usando planos íntimos e ângulos de câmera inquisitivos, perpetuando um sentimento constante de apreensão. O cuidado com a direção de arte e o desenho de produção proporcionam uma verossimilhança que evoca de maneira impecável a década de 1990, o cenário ideal para o desenrolar dos eventos sobrenaturais.

Imagem do filme 'Verônica: Jogo Sobrenatural', de Paco Plaza

A trilha sonora amplifica a tensão e o horror, enquanto os efeitos sonoros sutilmente inquietantes mergulham ainda mais fundo na atmosfera aterrorizante. A edição e o ritmo do filme seguram o espectador à beira de sua poltrona, à medida que a narrativa se desenrola com destreza. Plaza demonstra discernimento ao acionar jump scares no momento apropriado, mas também ao deixar o silêncio reinar em cenas que, em outro contexto, estariam acompanhadas de estridentes acordes. Essa habilidade na narrativa torna as cenas de terror imprevisíveis, contribuindo para momentos genuinamente arrepiantes.

PUBLICIDADE

O roteiro explora temas universais, como o luto, a maternidade e a luta contra forças incontroláveis. A história, em última análise, se manifesta como uma metáfora das angústias e desafios da adolescência, onde o desconhecido e o incontrolável eclipsam frequentemente a racionalidade. O espectador também encontra um intrigante paralelo entre os eventos sobrenaturais e a crise que assola a família de Verónica. O luto pela perda do pai e a sobrecarga de responsabilidades, que recaem sobre os frágeis ombros da jovem, criam uma brecha que permite que o mal entre em suas vidas. No âmago, o filme serve como uma reflexão sobre a vulnerabilidade da infância e a imperiosa necessidade de proteção familiar.

A atriz Sandra Escacena como Verónica no filme 'Verônica: Jogo Sobrenatural', de Paco Plaza

Sandra Escacena, digna de nota, lidera o elenco com maestria, sustentando grande parte da narrativa por si só. A personagem de Verónica cativa o espectador, e compreendemos plenamente o fardo que ela suporta. Mesmo quando suas ações poderiam, em outros contextos, parecer sem sentido, a narrativa contextualiza sua ingenuidade, conferindo-lhe um apelo autêntico. Ana Torrent, em seu papel como mãe de Verónica, conquista apesar do tempo de tela limitado. O elenco infantojuvenil se destaca por personagens cativantes e, por vezes, assustadores.

É justo mencionar que nem todos os personagens recebem o desenvolvimento devido. A misteriosa freira conhecida como "Irmã Morte" (Consuelo Trujillo), por exemplo, é pouco explorada (ela ganharia seu próprio filme anos depois). As amigas de Verónica, Rosa e Diana, interpretadas por Ángela Fabián e Carla Campra, também são negligenciadas pelo enredo. A segunda metade do filme perde parte de sua energia devido a algumas situações repetitivas. Entretanto, a conclusão é satisfatória e merece méritos por conceder ao público a oportunidade de decidir se o que presenciou foi ou não real. Verônica: Jogo Sobrenatural não atinge o status de obra-prima, mas se dignifica como uma apreciável adição ao catálogo do cinema espanhol, merecendo atenção.

Nota: 7/10

Título Original: Verónica.

Gênero: Terror.

Produção: 2017.

Lançamento: 2017.

País: Espanha.

Duração: 105 minutos.

Roteiro: Fernando Navarro, Paco Plaza.

Direção: Paco Plaza.

Elenco: Sandra Escacena, Bruna González, Claudia Placer, Iván Chavero, Ana Torrent, Consuelo Trujillo, Ángela Fabián, Carla Campra, Chema Adeva, Miranda Gas, Luis Rallo, Nayara Feito, Carlos Cristino, Gema Matarranz, Samuel Romero, Josu Bravo, Yolanda Arellano, Marisa Zapata, Cristina Zapata, Núria Gago, Natalia Mateo, Sonia Almarcha, Maru Valdivielso, Leticia Dolera.