Investigadores paranormais exploram hospital assombrado no found footage do diretor e co-roteirista Beom-sik Jeong
Holocausto Canibal (1980) foi o precursor do found footage, subgênero do cinema de terror onde um filme é apresentado como um (falso) documentário, geralmente filmado com uma câmera caseira. Esse estilo ganhou força a partir de 1999, graças à campanha de marketing criativa de A Bruxa de Blair. E o sucesso de filmes posteriores como o surpreendente Cloverfield: Monstro (2008), o sonolento Atividade Paranormal (2007) e o assustador [REC] (2007) deram o gás que ele precisava para se popularizar.
De lá para cá a fórmula se desgastou bastante. Mas Gonjiam: Hospital Maldito chega para mostrar que o subgênero ainda pode render bons frutos. Em seu final de semana de estreia em seu país de origem, o terror sul-coreano de baixo orçamento dirigido por Jung Bum-sik chegou a superar a bilheteria do blockbuster Jogador Número Um. E não demorou para garantir o posto de um dos filmes de terror mais assistidos do país.
A trama acompanha um grupo de jovens investigadores paranormais que são contratados pelo famoso vlogueiro Ha-joon (Wi Ha-joon) para explorar o asilo de Gonjiam, considerado pela CNN como um dos sete lugares mais arrepiantes do planeta. A intenção de Ha-joon é que o passeio por Gonjiam seja transmitido ao vivo em sua web serie "Horror Stories". Mas não demora muito para que o grupo presencie eventos assustadores, que colocarão todos em perigo.
O diretor aproveita bem os cenários claustrofóbicos. Boa parte da tensão se constrói em cima da sugestão, do medo do que não podemos ver. Mas não se preocupe porque a ameaça também se revela na frente das câmeras. Algumas aparições são um pouco toscas e chegam a ser engraçadas. Mas há pelo menos três momentos que conseguem ser genuinamente arrepiantes. E o filme ainda ganha pontos por apresentar jumpscares que se apoiam apenas no som do ambiente, sem precisar apelar para a trilha sonora.
Mas o grande mérito de Gonjiam é fazer uso da tecnologia moderna para proporcionar ao público a melhor experiência possível. Esqueça aquelas chatices típicas do found footage, como a câmera que não pára de tremer um segundo e o equipamento que dá defeito e sai do ar justamente nos momentos de terror. Tudo aqui é muito estável, fácil de ser acompanhado.
Há câmeras em locais estratégicos do prédio. Há filmagens feitas com drones. Há câmeras fixas na frente do rosto dos personagens, captando todas as suas reações. As cenas vão se alternando entre um personagem e outro, o que parece estranho no início. Mas como o filme funciona como um reality show em tempo real, essas mudanças são justificáveis.
Não espere por uma história complexa, porque isso o filme não entrega. O roteiro é o mais simples possível, e não se preocupa em dar profundidade a nenhum dos personagens. O que mais se aproxima de um plot são os momentos relacionados ao líder, Ha-joon. Mas os atores são carismáticos, suas reações são espontâneas e eles entregam o suficiente para não comprometer a diversão.
O filme se perde um pouco em seu terceiro ato, recorre a alguns clichês e não entrega um final tão assustador ou memorável quanto a premissa prometia. Mas a experiência geral é recompensadora. O found footage precisa urgentemente se reinventar. E Gonjiam: Hospital Maldito, mesmo que não acerte em tudo, é um grande passo na direção correta.
Título original: Gon-ji-am.
Gênero: Terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
País: Coréia do Sul.
Duração: 95 minutos.
Roteiro: Beom-sik Jeong e Sang-min Park.
Direção: Beom-sik Jeong.
Elenco: Seung-Wook Lee, Ye-Won Mun, Ji-Hyun Park, Sung-Hoon Park, Ha-Joon Wi.
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