Crítica | Fera Selvagem (Boar, 2018)

Uma família em férias na Austrália precisa sobreviver aos ataques de um javali gigante no novo filme do diretor Chris Sun

Arte do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun

Por Ed Walter

Tinha tudo para dar certo. A maravilhosa paisagem australiana, pronta para nos impressionar. Atores amados do cinema de terror, prontos para nos brindar com boas atuações. Uma seleção invejável de coadjuvantes prontos para serem devorados. E um javali do tamanho de um rinoceronte pronto para devorar todo mundo. Mas o diretor Chris Sun aproveitou pouco do potencial de tudo isso em seu novo trabalho, Fera Selvagem — um filme que eu, como grande fã de produções sobre animais gigantes, esperei um bom tempo para amar. E, infelizmente, não consegui.

A trama acompanha a família Monroe, formada pelo casal Debbie e Bruce (Simone Buchanan e Bill Moseley), os filhos Ella e Bart (Christie-Lee Britten e Griffin Walsh) e o candidato a noivo de Ella, Robert (Hugh Sheridan). Eles estão em férias na Austrália, onde vão visitar o irmão de Debbie, um cara grandalhão e gente boa chamado Bernie (Nathan Jones). Enquanto isso, também acompanhamos a rotina do caçador Ken (John Jarrat) e sua filha Sasha (Melissa Tkautz). Por fim, somos apresentados a um grupo de jovens que está acampando na região. E cedo ou tarde, todos terão um encontro desagradável com o javali monstruoso que anda espalhando o terror pela região.

Imagem do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun

Os vários núcleos de personagens abrem possibilidades para enriquecer a história, mas o roteiro que Sun escreveu ao lado de Kirsty Dallas não se sustenta por muito tempo. Boa parte dos acontecimentos parecem aleatórios. Há muitas inconsistências, muitas conveniências. E os diálogos logo passam a sensação de que foram criados de qualquer jeito, apenas com o objetivo de nos enrolar. Isso afeta os protagonistas, que a princípio parecem interessantes e cheio de personalidade, mas não demoram muito tempo para se tornarem chatos. E apesar do esforço, nem mesmo as presenças de Moseley (Rejeitados Pelo Diabo) e Jarratt (Wolf Creek) conseguem empolgar.




A edição deixa as conversas se estenderem por tempo demais. Ela também compromete as aparições do monstro: ele fica mais tempo do que o necessário na tela, permitindo que por várias vezes o público identifique facilmente que está diante de um boneco. Já os efeitos digitais são muito fracos e deveriam ter sido evitados. É claro que ainda é possível tentar dar algumas risadas com o espetáculo trashMas o filme, embora tenha alguns momentos de humor, não é descarado o suficiente para ser divertido dessa forma.

Imagem do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun

O que precisa ser destacado aqui é a bela fotografia, principalmente nas cenas noturnas. As paisagens repletas de névoa e a iluminação competente criam a ambientação propícia para um filme de terror. Sun também consegue criar alguns bons momentos de tensão. E quando a edição não atrapalha, os efeitos práticos e de maquiagem cumprem seu papel, entregando cenas bem sangrentas. Ainda assim, somando os prós e os contras, Fera Selvagem fica devendo.

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O melhor: Boa ambientação e algumas cenas sangrentas.
O pior: Roteiro ruim e práticos comprometidos pela edição.
Bernie: É mesmo um cara muito grande!

Título original: Boar.
Gênero: Terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2018.
País: Austrália.
Duração: 96 minutos.
Roteiro: Kirsty Dallas e Chris Sun.
Direção: Chris Sun.
Elenco: Nathan Jones, Bill Moseley, John Jarratt, Melissa Tkautz, Simone Buchanan, Christie-Lee Britten, Hugh Sheridan, Griffin Walsh.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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