Uma família em férias na Austrália precisa sobreviver aos ataques de um javali gigante no novo filme do diretor Chris Sun
Arte do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun |
Por Ed Walter
Tinha tudo para dar certo. A maravilhosa paisagem australiana, pronta para nos impressionar. Atores amados do cinema de terror, prontos para nos brindar com boas atuações. Uma seleção invejável de coadjuvantes prontos para serem devorados. E um javali do tamanho de um rinoceronte pronto para devorar todo mundo. Mas o diretor Chris Sun aproveitou pouco do potencial de tudo isso em seu novo trabalho, Fera Selvagem — um filme que eu, como grande fã de produções sobre animais gigantes, esperei um bom tempo para amar. E, infelizmente, não consegui.
A trama acompanha a família Monroe, formada pelo casal Debbie e Bruce (Simone Buchanan e Bill Moseley), os filhos Ella e Bart (Christie-Lee Britten e Griffin Walsh) e o candidato a noivo de Ella, Robert (Hugh Sheridan). Eles estão em férias na Austrália, onde vão visitar o irmão de Debbie, um cara grandalhão e gente boa chamado Bernie (Nathan Jones). Enquanto isso, também acompanhamos a rotina do caçador Ken (John Jarrat) e sua filha Sasha (Melissa Tkautz). Por fim, somos apresentados a um grupo de jovens que está acampando na região. E cedo ou tarde, todos terão um encontro desagradável com o javali monstruoso que anda espalhando o terror pela região.
Imagem do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun |
Os vários núcleos de personagens abrem possibilidades para enriquecer a história, mas o roteiro que Sun escreveu ao lado de Kirsty Dallas não se sustenta por muito tempo. Boa parte dos acontecimentos parecem aleatórios. Há muitas inconsistências, muitas conveniências. E os diálogos logo passam a sensação de que foram criados de qualquer jeito, apenas com o objetivo de nos enrolar. Isso afeta os protagonistas, que a princípio parecem interessantes e cheio de personalidade, mas não demoram muito tempo para se tornarem chatos. E apesar do esforço, nem mesmo as presenças de Moseley (Rejeitados Pelo Diabo) e Jarratt (Wolf Creek) conseguem empolgar.
A edição deixa as conversas se estenderem por tempo demais. Ela também compromete as aparições do monstro: ele fica mais tempo do que o necessário na tela, permitindo que por várias vezes o público identifique facilmente que está diante de um boneco. Já os efeitos digitais são muito fracos e deveriam ter sido evitados. É claro que ainda é possível tentar dar algumas risadas com o espetáculo trash. Mas o filme, embora tenha alguns momentos de humor, não é descarado o suficiente para ser divertido dessa forma.
Imagem do filme 'Fera Selvagem', de Chris Sun |
O que precisa ser destacado aqui é a bela fotografia, principalmente nas cenas noturnas. As paisagens repletas de névoa e a iluminação competente criam a ambientação propícia para um filme de terror. Sun também consegue criar alguns bons momentos de tensão. E quando a edição não atrapalha, os efeitos práticos e de maquiagem cumprem seu papel, entregando cenas bem sangrentas. Ainda assim, somando os prós e os contras, Fera Selvagem fica devendo.
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O melhor: Boa ambientação e algumas cenas sangrentas.
O pior: Roteiro ruim e práticos comprometidos pela edição.
Bernie: É mesmo um cara muito grande!
Título original: Boar.
Gênero: Terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2018.
País: Austrália.
Duração: 96 minutos.
Roteiro: Kirsty Dallas e Chris Sun.
Direção: Chris Sun.
Elenco: Nathan Jones, Bill Moseley, John Jarratt, Melissa Tkautz, Simone Buchanan, Christie-Lee Britten, Hugh Sheridan, Griffin Walsh.
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