Crítica | A Mansão (Le manoir, 2017)

Festa de Ano Novo vira uma luta pela sobrevivência na comédia de terror do diretor Tony T. Datis

Imagem do filme 'A Mansão'

Por Ed Walter

Tirando uma sequência de abertura que no fim das contas acaba não significando nada, você não vai ver nenhuma cena de terror nos primeiros 60 minutos de A Mansão. Mas tudo bem, podemos dar um desconto para isso. Afinal, trata-se de uma comédia de terror, e o humor precisa de um tempo para ser desenvolvido. O problema é que também não há muita coisa engraçada nos primeiros 60 minutos. A verdade é que não acontece nada nem sequer interessante nesse período. E desse jeito, fica difícil relevar.

O filme é o primeiro longa-metragem do diretor Tony T. Datis, que antes havia atuado apenas na direção de curtas. Aqui ele tenta fazer um filme slasher com claras influências de Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado. Também tenta subverter o gênero, como foi feito em O Segredo da Cabana. E por fim, tenta entregar também uma comédia na linha de Tucker e Dale Contra o MalSeu trabalho tem algumas qualidades. O visual dos personagens é interessante, e funciona como uma extensão da personalidade de cada um. As cenas internas têm um certo charme, enquanto as externas têm uma atmosfera de filmes de terror antigos.

Imagem do filme 'A Mansão'

Os atores fazem um trabalho aceitável no papel de um grupo de estudantes que decide comemorar o Ano Novo em uma mansão antiga em uma região remota da França. Depois de uma festa regada a bebidas e drogas, eles são surpreendidos por acontecimentos estranhos e, tarde demais, descobrem que estão no centro de uma trama de mistérios e assassinatos. Alguns personagens são carismáticos. Outros são intencionalmente insuportáveis. E o roteiro é eficiente em criar estereótipos para desconstruí-los conforme a história avança.

O que atrapalha é mesmo o ritmo e, em menor escala, a indecisão do diretor sobre qual caminho seguir. Tudo é tão arrastado e confuso que acabamos perdendo o interesse. Qualquer personagem fica chato depois de uma hora de conversas inúteis. E é exatamente isso que acontece aqui. Mesmo quando a galera começa a desaparecer, demora um bom tempo até que a ameaça fique clara. Há um assassino à solta? Há uma entidade sobrenatural na mansão? Cheguei até a pensar que não havia ameaça alguma e que os personagens estavam sofrendo alucinações devido ao uso de drogas.

Imagem do filme 'A Mansão'

Curiosamente, uma das personagens sofre mesmo alucinações,  o que gera um dos momentos mais bizarros do filme. É justamente o constante uso de substâncias entorpecentes e algumas piadinhas sobre o órgão sexual masculino que fizeram com que o filme ganhasse classificação indicativa R, já que não há cenas de violência, nudez ou sexo que justifiquem isso. Na maior parte do tempo, esse é um filme PG-13 que mais parece um episódio de 100 minutos do Scooby Doo.

Ocasionalmente o filme acerta com alguma piada e nos faz rir um pouco. Mas não vai muito além disso, mesmo que a reviravolta final se esforce para nos surpreender.

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O melhor: Momentos ocasionais de humor, um porco falante e um strip-tease hilário.
O pior: Demora uma eternidade para que alguma coisa aconteça.
O Corvo: É um filme do Brandon Lee ou um conto do Alan Poe?!?

Título original: Le manoir.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Gênero: Comédia, terror.
País: França, Bélgica.
Duração: 100 minutos.
Roteiro: Marc Jarousseau, Dominique Gauriaud, Bernardo Barilli, Jurij Prette.
Direção: Tony T. Datis.
Elenco: Marc Jarousseau, Nathalie Odzierejko, Ludovik Day, Jérôme Niel, Mister V, Vincent Tirel, Vanessa Guide, Delphine Baril.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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