Crítica | Ele Está Lá Fora (He’s Out There, 2018)

Um jogo de gato e rato em meio ao isolamento da floresta


Arte do filme 'Ele Está Lá Fora'
Arte do filme 'Ele Está Lá Fora'


Filmes de invasão domiciliar e terror em casas isoladas sempre tiveram um apelo particular no gênero. Ele Está Lá Fora retoma essa atmosfera de vulnerabilidade extrema, colocando no centro da trama uma mãe e suas duas filhas pequenas. A proposta não é das mais originais, mas o filme busca se apoiar na tensão psicológica e na ambientação para conquistar o espectador.

Ele Está Lá Fora, cujo título original era apenas "Espantalho", foi dirigido por Dennis Iliadis, responsável por A Última Casa (2009), sob o pseudônimo de Quinn Lasher. O roteiro do filme foi apresentado pela primeira vez em 2014 na Blood List, que lista os roteiros sombrios mais apreciados do ano que ainda não foram produzidos. Inicialmente, o longa seria distribuído pela Screen Gems, mas os direitos foram adquiridos pela Vertical Entertainment.


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Yvonne Strahovski (Por Trás dos Seus Olhos) interpreta Laura, uma mulher que viaja com as filhas Kayla e Maddie (as irmãs na vida real, Anna e Abigail Pniowsky), para uma cabana à beira de um lago enquanto aguarda a chegada do marido. O que deveria ser uma estadia relaxante rapidamente se transforma em pesadelo quando uma presença sinistra começa a rondar a propriedade. A partir daí, o filme mergulha no conhecido terreno do home invasion, com direito a perseguições noturnas e a constante sensação de que não há saída possível.

Yvonne Strahovski como Laura no filme 'Ele Está Lá Fora'
Ele Está Lá Fora: Laura se move com bastante cuidado para não ser pega pelo assassino


Ele Está Lá Fora conta com um bom trabalho de ambientação. A cabana isolada, cercada por mata fechada e distante de qualquer socorro, funciona como extensão do terror. Iliadis explora bem o espaço, transformando o lago, a floresta e até objetos banais em peças de um jogo sádico armado pelo invasor. O visual sombrio e a trilha sonora contida reforçam a atmosfera de ameaça constante, ainda que o diretor não resista a alguns sustos fáceis.

Strahovski entrega uma atuação convincente. Sua Laura enfrenta muitos conflitos internos, e sua relação com as filhas é o ponto mais humano do filme, dando peso emocional às cenas de perseguição. As crianças, longe de serem meros estorvos de roteiro, têm participação ativa na narrativa, o que torna a dinâmica familiar um diferencial diante de tantos exemplares similares do gênero.


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O antagonista, por outro lado, é um aspecto controverso. A figura mascarada é apresentada com certo mistério, mas a execução de sua caracterização deixa a desejar. Há algumas dicas vagas de porque ele faz o que faz, e até alguns detalhes que remetem a Sexta-Feira 13, mas o roteiro escolhe não se aprofundar demais. Ele acaba se tornando apenas mais um vilão mascarado genérico, sem a aura marcante que outros ícones do horror conquistaram.

Yvonne Strahovski como Laura no filme 'Ele Está Lá Fora'
Ele Está Lá Fora: Mesmo se movendo com bastante cuidado, Laura foi pega pelo assassino


Isso não significa que sua presença não transmita ameaça. Pelo contrário, suas ações são suficientemente perturbadoras para manter a tensão que, diga-se de passagem, vai às alturas quando as duas meninas precisam enfrentá-lo sozinhas. O roteiro, escrito por Mike Scannell, não foge muito dos clichês do gênero, mas consegue criar algumas situações de desconforto genuíno. As mortes e a manipulação psicológica do vilão elevam o nível de inquietação.

Em termos de ritmo, Ele Está Lá Fora oscila. A primeira metade do filme investe em uma construção lenta da ameaça, explorando a inocência das crianças e pequenos sinais de estranheza, enquanto a segunda parte mergulha em perseguições e confrontos diretos. Esse contraste, embora previsível, garante ao menos uma sensação crescente de claustrofobia, ainda que por vezes escorregue em repetições.

Ele Está Lá Fora dificilmente se destacará na memória do público, mas cumpre bem a função de prender o espectador durante sua duração. É um thriller tenso, que aposta em elementos clássicos e encontra no carisma de Yvonne Strahovski e de suas atrizes mirins sua maior força. Para os fãs de home invasion e de filmes slashers, pode ser uma experiência interessante.


Nota: 5,6/10


Título original: He's Out There.

Gênero: Terror.

Produção: 2018.

Lançamento: 2018.

País: Estados Unidos.

Duração: 89 minutos.

Roteiro: Mike Scannell.

Direção: Dennis Iliadis.

Elenco: Yvonne Strahovski, Anna Pniowsky, Abigail Pniowsky, Ryan McDonald, Justin Bruening, Julian Bailey, Stephanie Costa.


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Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

6 Comentários

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  1. Confesso que só assisti o filme por ter a Yvonne como figura principal, mas não é tão ruim quanto imaginava. Senti o mesmo incômodo com a falta de explicação para os assassinatos, a introdução falha de um potencial suspeito, e a abertura para uma sequência no fim. Mas o saldo é positivo no geral, tem boas cenas de tensão.

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  2. Tá de brincadeira!!! Barbaridade hein ôh

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  3. Eu achei esse filme mais ou menos, eu assisti em um fim de semana porque não tinha outro, mas no geral deu pro gasto.

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  4. Faltou explicar porque o assassino faz tudo aquilo.

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  5. Pensa um filme ruim, principalmente pelo exagero na burrice dos personagens. O momento que ela não abre a janela sendo simplesmente um trava simples e um vidro fraco foi a gota d'agua na suspensão de realidade. Filme que te faz passar raiva no pior sentido da experiência de assistir um filme.

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  6. Filme de bosta que parece uma série, não teve um fim conclusivo se conseguiram ir embora ou não! Após a filha dizer ele está aonde no final

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