Irmãs passam apuros em casa assombrada no terror sobrenatural de Rocky Soraya
Por Ed Walter
Depois da morte de seus pais, a jovem Alia (Jessica Mila) decide deixar Bangkok para ir morar com a irmã Abel (Bianca Hello) na antiga casa onde passou sua infância, em uma região rural próxima de Jakarta. Alia descobre que a irmã possui um dom chamado de O Terceiro Olho, que lhe permite não apenas ver, mas também se comunicar com espíritos. Infelizmente, a velha casa da família está repleta deles. E a estadia das duas por lá não será muito agradável.
O filme é o novo trabalho do diretor, produtor e roteirista Rocky Soraya, que antes havia realizado obras como Chika e Sunshine Becomes You. Aqui ele entrega um filme que tenta ser muita coisa ao mesmo tempo. Há um drama familiar, um terror sobrenatural, uma investigação de assassinatos. Há possessões, exorcismos, viagens astrais. E também há elementos do cinema slasher. Colocar tudo isso no liquidificador acaba atrapalhando no resultado final. Mas isso não quer dizer que O Terceiro Olho não tenha seus momentos divertidos.
Soraya se sai bem na criação da atmosfera de terror. Os movimentos inesperados da câmera se alinham com o bom trabalho de efeitos sonoros e até conseguem gerar um ou dois jump scares eficientes. Mas logo esse truques perdem o efeito. Passamos a prever de onde os sustos vão vir, o que anula boa parte do medo. A decisão de recorrer a efeitos digitais em algumas cenas acaba funcionando contra o filme. Há pelo menos três momentos que tinham potencial de causar arrepios, mas que acabam sendo comprometidos pelo uso desse recurso.
O roteiro é fraco. As situações e reviravoltas vão se acumulando, mas não há preocupação se vão ou não fazer sentido. Os personagens têm seus altos e baixos. Não me importei nem um pouquinho com o drama de Davin (Denny Sumargo), o namorado de Alia. Mas acabei me divertindo com as trapalhadas das duas irmãs. E também com a senhora Windu (Citra Prima), uma sensitiva que usa batom preto, tem respostas para todos os mistérios do universo e é responsável por alguns diálogos expositivos que acabam provocando risos.
Aliás, o humor involuntário é o ponto forte do filme. Ele está sempre presente, como na cena em que Alia (que a certa altura também ganha o dom de ver espíritos) ouve uma descarga e resolve olhar por baixo da porta de um banheiro público para ver se tem um fantasma lá dentro. Na metade final, os momentos trash se tornam mais frequentes. Não tem como não rir dos exageros da cena do assalto. Ou daquela sequência de exorcismo com direto a camas voadoras e algumas mordidas. Há também uma perseguição hilária no meio de lençóis. Ah, e também temos algumas pernas decepadas.
No último ato o roteiro oferece um plot twist. Ele também é clichê, mas por incrível que pareça conseguiu me surpreender um pouquinho. Nos minutos finais o diretor novamente aperta o gatilho da metralhadora de jump scares e o filme volta a ser chato. Mas ele ainda entrega pelo menos duas cenas involuntariamente hilárias, o que garante mais algumas boas risadas.
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O melhor: Cenas toscas e divertidas, além de um ou dois sustinhos.
O pior: Roteiro fraco, jump scares telegrafados e uso desnecessário de CGI.
Esse filme terá continuação? Terá sim. E já está sendo filmada.
Título original: Mata Batin.
Gênero: Terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Indonésia.
Duração: 108 minutos.
Roteiro: Riheam Junianti, Fajar Umbara e Rocky Soraya.
Direção: Rocky Soraya.
Elenco: Jessica Mila, Bianca Hello, Denny Sumargo, Citra Prima, Epy Kusnandar, Voke Victoria, Shofia Shireen.
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