Crítica | Bird Box (2018)

Susanne Bier dirige 'Bird Box', filme estrelado por Sandra Bullock baseado no romance 'Caixa de Pássaros', de Josh Malerman


Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix
Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix


No início do ano, John Krasinski nos entregou Um Lugar Silencioso, um filme de terror tenso sobre uma família que precisa aprender a se comunicar através da linguagem de sinais para sobreviver em um mundo dominado por criaturas que caçam através do som. Algo semelhante acontece em Bird Box, da diretora norueguesa Susanne Bier. Só que no filme original do serviço de streaming Netflix, os personagens precisam abdicar da visão.

Adaptação do romance Caixa de Pássaros, de Josh Malerman, Bird Box gira em torno de uma misteriosa e aterradora presença que assola o mundo, levando à loucura aqueles que a veem. Malorie, interpretada por Sandra Bullock (Gravidade), se encontra diante de um dilema existencial: sobreviver em meio a esse cenário devastador enquanto protege seus filhos de um futuro incerto.

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Bird Box entrega uma cena visualmente impressionante em seu primeiro ato, que mostra o início do caos e o primeiro contato de Malorie com a ameaça desconhecida. A cinematografia e o design de produção são notáveis, assim como os efeitos especiais e a trilha sonora, bastante evocativa. O cuidado com os aspectos técnicos pode ser notado em todo o filme, mas algumas escolhas narrativas e problemas de ritmo comprometeram minha imersão.

Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix
Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix


A trama se desdobra em dois momentos temporais distintos. Um deles acompanha Malorie buscando refúgio em uma casa, onde se une a um grupo de sobreviventes. Em poucos minutos, um deles desvenda a maioria dos mistérios da trama da forma mais expositiva possível. O que se segue são os clichês ruins que se vê em filmes que deixam a ameaça de lado para se concentrar em dramas humanos.

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Nossos heróis organizam a defesa da casa, têm diferenças de opiniões, brigam, saem para buscar comida em um supermercado. E conversam bastante. Às vezes eles se esquecem que acabaram de perder seus entes queridos e fazem piadinhas. Às vezes contam histórias desinteressantes sobre seu passado. Ficamos na companhia deles por cerca de uma hora, e não posso dizer que isso seja uma experiência divertida.

Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix
Imagem do filme 'Bird Box', de Susanne Bier. Foto: Netflix


Os eventos apresentados na outra linha temporal também não são dos mais empolgantes. O conceito de atravessar um rio sem poder contar com seu principal sentido é intrigante, mas nem a diretora e nem o roteirista Eric Heisserer exploram adequadamente suas possibilidades. Ainda que haja uma certa tensão quando Malorie investiga uma floresta, a maioria da jornada se resume à protagonista e seus dois filhos apenas passeando de barco.

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Bullock não decepciona no papel da protagonista. Vivien Lyra Blair (série Atração Fatal) e Julian Edwards (série O Mundo de Greg) também estão funcionais como os filhos sem nome de Malorie. Sarah Paulson (Fuja) faz uma participação marcante no início do filme. O resto do elenco bem que tenta, mas seus personagens esquecíveis parecem estar ali apenas para morrer, aumentar um pouco mais a duração do filme ou servir de apoio para que a jornada de redenção de Malorie faça sentido.

Ao adentrar o âmago do enigma que envolve a presença letal, o filme explora questões existenciais e filosóficas. A jornada de Malorie e sua busca pela esperança em meio à escuridão carrega uma mensagem profunda sobre a resiliência humana e a força do instinto maternal, o que talvez agrade o expectador que busca por algo além de um filme de terror. Infelizmente, não é o meu caso.

Nota: 4.8/10

Título original: Bird Box.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 2 h 4 min.
Roteiro: Eric Heisserer.
Direção: Susanne Bier.
Elenco: Sandra Bullock, Trevante Rhodes, John Malkovich, Sarah Paulson, Jacki Weaver, Rosa Salazar, Danielle Macdonald, Lil Rel Howery, Tom Hollander, Machine Gun Kelly, BD Wong, Pruitt Taylor Vince, Vivien Lyra Blair, Julian Edwards, Parminder Nagra.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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