Crítica | Aterrorizados (Aterrados, 2017)

Moradores de um bairro de Buenos Aires são atormentados por entidades sobrenaturais em 'Aterrorizados', um surpreendente filme de casa assombrada dirigido por Demián Rugna


Imagem do filme 'Aterrorizados'
Imagem do filme 'Aterrorizados', de Demián Rugna


Invocação do Mal deu um fôlego novo para os filmes de casas assombradas, mas de lá para cá a coisa anda meio monótona. Vários diretores e roteiristas martelaram na mesma fórmula sem acrescentar novidades, e a estrutura acabou se desgastando novamente. Por sorte, podemos contar com produções de terror vindas de outros países para nos entregar a dose de criatividade que está faltando nos filmes de Hollywood, e Aterrorizados, terceiro longa do diretor e roteirista argentino Demián Rugna, é um bom exemplo disso.

Norberto Gonzalo interpreta Jano Mario, um ex-policial que se une a dois estudiosos de fenômenos paranormais para tentar solucionar um caso bizarro ocorrido em um bairro tranquilo de Buenos Aires. A investigação revela que o caso tem ligação com outros dois eventos igualmente medonhos que, coincidentemente, aconteceram na mesma rua. Não demora para que o trio descubra que está enfrentando uma ameaça cuja origem está muito além da compreensão humana.

PUBLICIDADE

Aterrorizados começa com uma cena chocante que tira o público de sua zona de conforto e mostra que o diretor não vai pegar leve nas cenas de terror. A quebra de expectativas, a atmosfera pesada e a maneira não linear como a história é narrada aumentam a sensação de insegurança. A maioria das cenas de terror acontecem sem a utilização de trilha sonora, o que dificulta a tarefa de prever de onde virá o susto. Quando ele vem, com ou sem a ajuda da trilha, causa um forte impacto.

Imagem do filme 'Aterrorizados', de Demián Rugna
Imagem do filme 'Aterrorizados', de Demián Rugna


Cada um dos três casos investigados tem uma assombração diferente. A imprevisibilidade das aparições torna uma cena mais arrepiante do que a outra. Às vezes Rugna trabalha com a violência explícita, como na sangrenta sequência de abertura. Às vezes o horror vem do fato do espectador ver algo que um dos personagens não consegue, como no caso do homem pálido que ronda o apartamento de um dos personagens. Aterrorizados também tem momentos que amedrontam pela bizarrice, como na cena em que os policiais têm seu primeiro encontro com aquele menino horripilante na mesa de jantar.

PUBLICIDADE

Não espere por dramas profundos ou desenvolvimento de personagens. O diretor/roteirista não está interessado em fazer você gostar de nenhum deles, e é difícil até mesmo dizer quem é o protagonista. Também não espere pela tradicional luta do bem contra o mal — padres, crucifixos, exorcismos e demônios não fazem parte do cardápio. Finalmente, não espere por grandes explicações. Um dos personagens até formula uma teoria que pode (ou não) explicar os fenômenos que o trio presencia, mas a solução para boa parte dos mistérios de Aterrorizados fica a cargo da imaginação do público.

Imagem do filme 'Aterrorizados', de Demián Rugna
Imagem do filme 'Aterrorizados', de Demián Rugna


O filme apresenta pequenos problemas em seus minutos finais. A última cena parece que foi jogada ali de qualquer jeito, apenas causar impacto. Mas isso nem de longe tira os méritos da obra. Aterrorizados é um dos filmes de casa assombrada mais arrepiantes dos últimos anos. Tanto que chamou a atenção de Guillermo Del Toro, que já anunciou que vai produzir um remake americano.

Nota: 7.2/10

Título original: Aterrados.
Gênero: Terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2018.
Pais: Argentina.
Duração: 1h 27m.
Roteiro: Demián Rugna.
Direção: Demián Rugna.
Elenco: Maximiliano Ghione, Norberto Gonzalo, Elvira Onetto, George L. Lewis, Julieta Vallina, Demián Salomón, Agustín Rittano, Natalia Señorales, Matias Rascovschi, Lorenzo Langer, Bruno Giacobbe.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

  1. Sim nao da pra negar que tem cenas horripilantes mas de verdade sem enredo sem estoria. Nao se sabe por que tudo acontece. Um filme que poderia ser melhor explorado mas infelizmente nao focou em um por que triste perder cenas boas soltas como pontas de um quebra cabeça que falta peças. So tem começo e meio mas nao tem fim. Horripilante cenas com horrivel roteiro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse filme é realmente muito arrepiante eu gostei bastante e faltou um pouquinho de clichê para matar a curiosidade dos por quês??? nota 7

      Excluir
  2. Ótimo filme. Se Del Toro se interessou, podia fazer uma continuação e não uma refilmagem

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem