Seána Kerslake interpreta jovem mãe que desconfia que seu filho foi substituído por uma cópia maligna no terror psicológico do diretor e co-roteirista Lee Cronin
James Quinn Markey e Seána Kerslake em imagem do filme 'O Bosque Maldito', de Lee Cronin | ©Weltkino Filmverleih / Savage Productions |
O Bosque Maldito é o longa de estreia do diretor Lee Cronin, realizador do segmento 'Ghost Train' da antologia de terror Minutes Past Midnight. É uma co-produção da A24, o estúdio por trás de A Bruxa, Um Monstro no Caminho e Hereditário. Seána Kerslake (A Date for Mad Mary) e James Quinn Markey (série Vikings) estrelam o filme, roteirizado pelo próprio Cronin em parceria com Stephen Shields.
Kerslake interpreta Sarah O'Neill, uma jovem mulher que foge de um relacionamento abusivo e tenta iniciar uma nova vida com o filho pequeno, Chris, em uma região rural da Irlanda. A floresta próxima esconde uma misteriosa cratera (o tal "buraco no chão" do título original), e não é surpresa que Sarah leve um susto quando seu filho desaparece. O garoto retorna minutos depois, mas seu comportamento estranho começa a preocupar Sarah. O stress somado aos bizarros alertas de uma vizinha perturbada fazem com que ela comece a desconfiar que o menino que voltou da mata talvez não seja seu filho.
O roteiro pega emprestado alguns elementos da lenda das crianças trocadas, muito presente no folclore europeu. Mas a pegada aqui é mais voltada para o terror psicológico, o que aproxima O Bosque Maldito de filmes como O Babadook e Boa Noite, Mamãe. Esse é um longa de progressão lenta, que pode ser visto como uma metáfora sobre diversos assuntos, de relacionamentos abusivos ao medo inconsciente diante das mudanças comportamentais dos filhos.
Seána Kerslake em imagem do filme 'O Bosque Maldito', de Lee Cronin | ©Weltkino Filmverleih / Savage Productions |
Os dois primeiros atos se sustentam na base da sugestão e o diretor faz um bom trabalho ao manipular nossa percepção dos fatos. Às vezes ele nos conduz por um caminho que faz com que acreditemos nas suspeitas de Sarah, como na cena em que ela espiona o comportamento do menino através da fechadura da porta. Em outras, joga nossas suspeitas no chão, como quando revela que o julgamento de Sarah pode estar comprometido pelo uso de forte medicação.
A fotografia de Tom Comerford aproveita bem a belíssima e ao mesmo tempo assustadora paisagem rural irlandesa, para criar uma atmosfera sufocante. O design de som de Stephen McKeown gera desconforto. Um bom exemplo disso é a cena em que Sarah sai à noite para procurar pelo filho na floresta. Esse momento é filmado como se fosse um found footage, e consegue causar alguns arrepios.
Seána Kerslake e James Quinn Markey em imagem do filme 'O Bosque Maldito', de Lee Cronin | ©Weltkino Filmverleih / Savage Productions |
Kerslake transmite bem a paranoia que gradualmente vai tomando conta da protagonista. Markey não decepciona como o menino suspeito, e não ter certeza do que se esconde por trás de sua aparência inocente faz dele um personagem ainda mais assustador. Também vale destacar a presença de James Cosmos (In Darkness) como o vizinho Des Brady, cuja esposa passou por um problema semelhante ao de Sarah.
O último ato deixa a sugestão de lado, entrega respostas e alguns momentos de terror intensos. Os minutos finais tão são tão grandiosos quanto prometiam, mas o roteiro espertamente deixa algumas pontas soltas, fornecendo ao público munição suficiente para formular teorias e continuar discutindo o filme depois que ele acaba.
Nota: 6.5/10
Título original: The Hole in the Ground.
Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Irlanda.
Duração: 90 minutos.
Roteiro: Lee Cronin e Stephen Shields.
Direção: Lee Cronin.
Elenco: Seána Kerslake, James Quinn Markey, Simone Kirby, Steve Wall, Eoin Macken, Sarah Hanly, James Cosmo, Kati Outinen, Bennett Andrew, David Crowley, John Quinn.
eu não entendi o final mesmo sabendo que esse finais sempre são abertos eu não consegui formular algo. não sei! Não estava esperando alienígenas da terra. Qual foi a mensagem que o filme quis passar?
ResponderExcluirO final fica em aberto, se você reparar a foto fica meio embaçada...
ExcluirHá várias hipóteses de final, mais ou menos como "Nós", só que neste, tenho quase que certeza que ninguém original sobreviveu e a protagonista que se passava por boa, matou a original.
Neste, fica no ar que ela salvou o filho, porém, como ela o deixou do lado de fora ao entrar na casa, pode ser que ele tenha sido trocado. Também pode ser que o garoto que ela resgatou do buraco já não fosse o original...
Enfim, o roteirista deixa isso no ar para uma possível "sequela" do filme.
Explica o reflexo dela no final do filme então
ExcluirTem razão. Minha teoria foi por água abaixo.
ExcluirA mensagem foi que o filme poderia ser melhor. A mulher, mesmo resgatando seu filho, continuava com dúvidas se ele era mesmo seu filho, mesmo já tendo queimado a casa com o impostor dentro. Só faltava ela ter queimado o legítimo e estar convivendo agora com o impostor. Aí a nota cairia ainda mais.
ResponderExcluirExiste a possibilidade de que o que saiu do buraco tenha sido uma cópia da mulher, e que ela tenha queimado o menino verdadeiro para ficar com o impostor. Pior ainda: e se desde o início do filme a mulher era uma cópia que apenas pensava que era humana?!?
ResponderExcluirImpossível, se prestou atenção no final, o reflexo dela no espelho estava normal, ou seja, não tem nenhuma possibilidade dela ser uma cópia.
ExcluirOk, isso derruba minha teoria.
ExcluirEu gostei do filme, não achei ele parado não as coisas aconteceram assim pra dar mais mistério sobre o garoto ser ou não ser mesmo uma cópia ou paranoia da mulher mesmo, mas tudo encaminhou correto como eu previa e acho que desta vez ela conseguiu resgatar o filho "original" do buraco não acho que seja outra cópia, mas ela colocou os espelhos espalhados no quarto para garantir que se um dia as coisas ficarem estranhas com o garoto ela possa distinguir a cópia do original.
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