Crítica | Operação Overlord (2018)

Soldados enfrentam experimentos nazistas bizarros no terror de Julius Avery

Imagem do filme 'Operação Overlord'

Por Ed Walter

Em 2017, a dupla Jeremy Gillespie e Steven Kostanski se inspirou no estilo dos filmes de terror da década de 1980 e realizou The Void, um pesadelo sangrento que fez a alegria dos fãs do gênero. Agora é a vez do diretor Julius Avery e dos roteiristas Billy Ray e Mark L. Smith beberem da mesma fonte para nos entregar Operação Overlord, longa produzido por J. J. Abrams e primeiro filme da Bad Robot a receber classificação indicativa R da MPAA.

O filme nos transporta para o ano de 1944, às vésperas do Dia-D, onde acompanhamos um grupo de paraquedistas norte-americanos que invade a França com uma missão importante: destruir uma torre de rádio localizada em uma igreja fortificada, que os alemães usam para garantir a comunicação entre Berlim e a Normandia. Sobreviver à artilharia anti-aérea já é uma tarefa ingrata. E a coisa se complica ainda mais quando eles descobrem que os alemães estão realizando experimentos bizarros em seres humanos, com a intenção de criar super-soldados.

Imagem do filme 'Operação Overlord'

Overlord carrega uma deliciosa aura de filme B. Mas não é uma produção de baixo orçamento. Isso fica claro na sequência de abertura repleta de ação, explosões e efeitos-especiais em CGI. Ou no ótimo plano-sequência em que um personagem tenta escapar dos destroços de uma construção em colapso. A cinematografia de Laurie Rose e Fabian Wagner é competente. O design de som também. O diretor imprime um ritmo fluído à história. E o suspense funciona razoavelmente bem.

Em sua metade final e principalmente no último ato, o filme descamba para o lado do trash. E é quando ele realmente impressiona. O CGI é substituído por uma boa dose de efeitos práticos. O roteiro continua simples, mas agora a fórmula soldado heroico vs nazista malvado ganha tons quase sobrenaturais. Há homenagens a clássicos de terror, em especial a Re-Animator, de Stuart Gordon. Há cenas de body horror. E como não poderia deixar de ser, o sangue jorra com gosto.

Imagem do filme 'Operação Overlord'

O carismático Jovan Adepo (série The Leftovers) se sai bem no papel do paraquedista Boyce, protagonista da trama. Mas o grupo também conta com outros personagens interessantes como Ford (Wyatt Russell, de Na Porta do Diabo), um soldado guiado por uma bússola moral distorcida cujas atitudes radicais o colocam em constante conflito com Boyce. Wyatt Russell é filho do ator Kurt Russel, que curiosamente já estrelou um filme similar: o clássico sci-fi de John Carpenter O Enigma do Outro Mundo (1982), que inclusive também é homenageado em Overlord.

O filme tem um bom vilão: o oficial nazista Wefner, interpretado por Pilou Asbæk (série Game of Thrones). Ele ganha tons cartunescos conforme a história avança, mas cumpre sua missão de fazer malvadezas e deixar o público com raiva. Seu arco tem ligação com o de Chloe (Mathilde Ollivier, de The Misfortunes of François Jane), uma jovem órfã que ajuda o grupo a cumprir sua missão e tenta proteger o irmão dos horrores da guerra. Chloe é a melhor personagem do filme. E também a que tem a história mais intensa. Overlord tem pequenos problemas. Um deles é forçar a barra para tentar emocionar o público. O outro é tentar inserir alívios cômicos em momentos de tensão. Ri pouco das piadas dos personagens. Mas a quantidade absurda de cenas grotescas de terror à moda antiga me divertiram bastante.

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O melhor: Cenas de terror bem oitentistas.
O pior: Alívios cômicos desnecessários.

Título original: Overlord.
Gênero: Terror, ação.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Estados Unidos, Canadá.
Duração: 110 minutos.
Roteiro: Billy Ray e Mark L. Smith.
Direção: Julius Avery.
Elenco: Jovan Adepo, Wyatt Russell, Mathilde Ollivier, Pilou Asbæk, John Magaro, Iain De Caestecker, Jacob Anderson, Dominic Applewhite, Gianny Taufer, Joseph Quinn, Bokeem Woodbine, Erich Redman.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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