Crítica | Discarnate (2018)

Cientistas querem expandir os limites da consciência humana no terror sobrenatural do diretor Mario Sorrenti

Imagem do filme 'Discarnate', de Mario Sorrenti

Mario Sorrenti é um fotógrafo fashion conhecido mundialmente por seu trabalho para clientes como Calvin Klein, Dior e Hugo Boss. Celebridades como Scarlett Johansson, Gwyneth Paltrow, Charlize Theron e Katy Perry já posaram para suas lentes. E suas fotos já apareceram em publicações como a Vogue, Purple Magazine e Vanity Fair. Sorrenti já dirigiu comerciais, video-clips e curtas-metragens. E agora está estreando na direção de longas com o terror Discarnate.

Thomas Kretschmann (Na Selva) interpreta Andre Mason, um neurocientista que 10 anos atrás teve seu filho levado pelo que ele acredita ser uma entidade sobrenatural. Ele está disposto a tudo para cruzar a linha que separa a realidade do mundo do além. E até reuniu três cientistas que o auxiliam na tarefa. As portas para o "outro lado" começam a se abrir com a descoberta de um chá alucinógeno feito com ingredientes botânicos raros que aparentemente só podem ser fornecidos por uma mulher chamada Maya Sanchez (a bela Nadine Velasquez, de Morando com o Medo). Mas expandir os limites da consciência e bagunçar com a realidade irá trazer consequências trágicas para Mason e todos à sua volta.

Imagem do filme 'Discarnate', de Mario Sorrenti

O roteiro de Mario Miscione e Marcella Ochoa reúne doses de terror sobrenatural, drama e ficção científica. Em termos comparativos, é como uma mistura de Linha Mortal, de Joel Schumacher (1990), com Do Além, de Stuart Gordon (1986). Bem, na verdade o filme não tem a emoção do primeiro e nem a ousadia do segundo. Mas ele tem seus méritos, como o visual atmosférico, bons efeitos práticos e um vilão relativamente assustador. E algumas imagens até impressionam pela bizarrice.

Os personagens são pouco desenvolvidos mas o elenco faz o que pode com o material que tem. A jovem Violette e os irmãos Travis e Casey, interpretados por Bex Taylor-Klaus (Parque do Inferno), Chris Coy (série The Deuce) e Matt Munroe (Independence Day: O Ressurgimento) servem como alívios cômicos. Casey Blackburn (Josh Stewart, de Sobrenatural: A Última Chave) cumpre seu papel de fazer muitas perguntas e dar aos cientistas a oportunidade de explicar os detalhes do projeto sem parecerem expositivos. E Maya Sanchez tem uma subtrama que não trás grandes consequências para a história, mas ganha um certo protagonismo no final. Eu não me importaria se ela tivesse um pouco mais de tempo em cena.

Imagem do filme 'Discarnate', de Mario Sorrenti

O personagem Andre é o mais bem explorado, mas seu drama familiar acabou não me empolgando. Também não me empolgou o fato do filme perder um tempo razoável mostrando cenas de terror que se resumem a alucinações inofensivas. E nem o fato da montagem atrapalhar os momentos de tensão, alternando sem parar de um núcleo para o outro. No fim das contas os melhores momentos acabam sendo a sequência de abertura, inesperada e assustadora. E os minutos finais, quando nossos heróis finalmente saem no tapa com o tal Descarnado do título.
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O melhor: Boa atmosfera, bons efeitos práticos.
O pior: Excesso de alucinações inofensivas e ausência de tensão.
Discarnate também é conhecido como: Shapeshifter.

Título original: Discarnate.
Gênero: Terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2019.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 84 minutos.
Roteiro: Mario Miscione e Marcella Ochoa.
Direção: Mario Sorrenti.
Elenco: Thomas Kretschmann, Nadine Velazquez, Bex Taylor-Klaus, Josh Stewart, Chris Coy, Matt Munroe, Olivier De Sagazan, Jake Vaughn, Isiah Adams, Cassandra Clark, Mick Ignis, Nelli Jimenez, Aeslin Audri.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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