Crítica | I Spit on Your Grave: Deja Vu (2019)

Os fantasmas do passado voltam para aterrorizar Camille Keaton e Jamie Bernadette na sequência do clássico 'A Vingança de Jennifer'

Camille Keaton em imagem do filme 'I Spit on Your Grave: Deja Vu'


Por Ed Walter

I Spit on Your Grave: Deja Vu é a sequência oficial de A Vingança de Jennifer, um dos filmes mais controversos dos anos 70. O longa é novamente dirigido pelo diretor e roteirista Meir Zarchi. E ele também trás de volta a maravilhosa Camille Keaton, a atriz que interpretou Jennifer Hills no filme de 1978. Na teoria, isso deveria ser motivo de comemoração para qualquer fã. Mas na prática, as coisas não são bem assim.

A trama é ambientada 40 anos depois dos eventos narrados no filme original, quando a jovem aspirante a escritora Jennifer Hills foi estuprada por quatro homens e retornou para matar um por um. Jennifer agora é uma escritora famosa. E até escreveu um livro narrando sua história. Ela tem uma filha, a famosa modelo Christy Hills. E ambas terão que lidar com uma ameaça inesperada: os parentes dos criminosos que Jennifer matou, que agora estão em busca de vingança.

Imagem do filme 'I Spit on Your Grave: Deja Vu'

Os vilões são liderados por Becky (Maria Olsen, de Krampus: Origin). Ela é a esposa de Johnny, o dono do posto de gasolina interpretado por Eron Tabor, que foi castrado por Jennifer no filme original. Só que é difícil levar Becky e seus seguidores a sério. Toda a bandidagem (e aquele casal de bêbados do caminhão barulhento também) se comporta como se estivesse participando de um desenho animado do Pica-Pau. Tudo é caricato. E eu acho até que a Camille Keaton estava se segurando para não rir diante das atuações espalhafatosas ao seu redor.

Os atores têm sua parcela de culpa por entregar personagens tão fora da realidade. Mas a montagem e a edição também tem, por estender a tortura. O longa tem duas horas e meia de duração, e acredito que metade disso já seria mais do que suficiente para contar a história. Muitos diálogos que se prolongam por vários minutos poderiam ter sido resumidos em poucos segundos. E eu ouso até dizer que cenas inteiras poderiam ter sido simplesmente eliminadas do corte final, uma vez que não acrescentam nada à trama.

Imagem do filme 'I Spit on Your Grave: Deja Vu'

O roteiro inconsistente e cheio de conveniências agrava os problemas. Vilões se contradizem a cada 10 minutos. Inimigos saem no tapa no meio da cidade, atiram, gritam, violam túmulos, e ninguém sai na rua para ver o que está acontecendo. Até a inevitável cena de estupro parece ter sido jogada ali de qualquer jeito, apenas para lembrar o público que essa é a sequência de um obra polêmica. Há um plot twist final. E ele também não faz muito sentido.

Jamie Bernadette (4/20 Massacre) está razoável no papel de Christy Hills. A atriz se esforça nas cenas dramáticas, não tem dificuldades em protagonizar cenas de nudez e ainda participa de alguns momentos bem sangrentos. Aliás, os efeitos práticos são bem divertidos. Também é muito legal ver Camille Keaton de volta em um papel tão marcante. E é melhor ainda vê-la visitando alguns cenários do filme original. É uma pena que sua participação seja pequena e que suas cenas de ação não convençam.

Jamie Bernadette em imagem do filme 'I Spit on Your Grave: Deja Vu'

Desisti de levar o filme a sério e até consegui dar algumas risadas com a tosquice. Mas parei de rir depois de ver Jennifer em uma situação que, muito provavelmente, vai irritar qualquer fã do filme original. Não, eu não esperei tantos anos para ver uma de minhas personagens favoritas daquele jeito. E com todo respeito a Zarchi, vou fingir que esse filme não existiu.

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O melhor: Rever Camille Keaton.
O pior: Vilões muito chatos, diálogos infindáveis. E que *#&*@ é aquela que vocês fizeram com a Jennifer?!?

Título original: I Spit on Your Grave: Deja Vu.
Gênero: Suspense, terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 148 minutos.
Roteiro: Meir Zarchi.
Direção: Meir Zarchi.
Elenco: Camille Keaton, Jamie Bernadette, Maria Olsen, Jim Tavaré, Jonathan Peacy, Jeremy Ferdman, Holgie Forrester, Roy Allen III, Alexandra Kenworthy, Terry Zarchi, Tammy Zarchi, Meir Zarchi, Andrea Nelson, Ben Whalen, Tony Snegoff.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

7 Comentários

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  1. Estava meio receoso em assistir porque amo a franquia. Pelo trailer já dava pra ver o nível da produção, que diferente do primeiro filme, não favorece em nada a obra. É crua além da conta! A iluminação, os cortes, a caracterização, o elenco... parece um dos filmes pitorescos que o lifetime exibe. Excelente review como sempre!

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  2. Bom dia pessoal, tudo bem? Onde consigo assistir o filme?

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    1. Fernando, não sei se já foi lançado no Brasil. Assisti em VOD, em um site americano.

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  3. Muito obrigado Ed!!! Em qual site você viu?

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  4. Recomendo a todos que ninguém assista a esse filme. Ele simplesmente estraga o clássico de 1978. O mais correto a se fazer é fingir que ele não existiu e esperar no mínimo que ele seja cancelado, retirado das plataformas e seja feito um reboot dessa continuação com a Camille Keaton e com a Jamie Bernadette. DECEPÇÃO e falta de respeito com quem é fã da franquia.

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  5. Meu Deus do céu o que acontece de tão ruim nesse filme com a Jenifer Hills que todo mundo ta odiando???

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  6. As atuações dos vilões são uma comédia de tão ruins. Pra quê um filme desse ter 2h:30min de duração?

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