Crítica | Morte Instantânea (Polaroid, 2019)

Fotos podem matar em 'Morte Instantânea', terror sobrenatural dirigido por Lars Klevberg e estrelado por Kathryn Prescott

A atriz Katie Stevens como Avery no filme 'Morte Instantânea', de Lars Klevberg | ©Wild Bunch/Capelight/Central

Antes de ser escolhido para dirigir o remake de Brinquedo Assassino, o dinamarquês Lars Klevberg entregou Morte Instantânea, um filme de terror sobrenatural sobre uma jovem que descobre que sua máquina fotográfica retrô tem o hábito de matar as pessoas que fotografa. Bem, não exatamente a máquina, mas a entidade sobrenatural que a acompanha.

Morte Instantânea é baseado em um bom curta-metragem de terror que o próprio Klevberg dirigiu em 2015. A previsão era que o filme estrelado por Kathryn Prescott (série Skins) e Mitch Pillegi (série Arquivo X) chegasse aos cinemas m 2017, mas seu lançamento acabou sendo adiado por tempo indeterminado. Agora, finalmente, ele vê a luz do dia.

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Bird Fitcher (Prescott) é uma aspirante a fotógrafa que trabalha meio período em uma loja de antiguidades. Um colega de trabalho a presenteia com uma câmera Polaroid. Empolgada com sua preciosidade vintage, Bird começa a tirar fotos de quem encontra pela frente. Mas sua alegria acaba quando ela percebe que, pouco tempo após serem fotografadas, as pessoas morrem de forma misteriosa.

O ator Keenan Tracey como Devin no filme 'Morte Instantânea', de Lars Klevberg | ©Wild Bunch/Capelight/Central

Klevberg se esforça para reproduzir a atmosfera claustrofóbica do curta-metragem, e ocasionalmente até consegue. A cena de abertura que reconta a história da adolescente azarada que encontrou a câmera amaldiçoada antes de Bird, por exemplo, tem bons momentos de tensão e aponta para uma história de terror interessante.

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O problema é que praticamente todas as cenas de terror que vem depois disso são uma repetição da mesma fórmula: temos um personagem aleatório em um cenário escuro (às vezes escuro demais), temos uma entidade sobrenatural que passa a atormentá-la e, como não poderia deixar de ser, temos muitos jump scares telegrafados.

A atriz Samantha Logan como Kasey no filme 'Morte Instantânea', de Lars Klevberg | ©Wild Bunch/Capelight/Central

É claro que a entidade mata suas vítimas após assustá-las. Mas esse detalhe não faz muita diferença, pois o diretor não permite que o público veja as mortes. Apenas no último ato há uma imagem rápida de um personagem que, na teoria, deveria estar sendo partido ao meio. Mas como não há uma gotinha de sangue sequer, fica difícil comprar a idéia.

Mostrar os candidatos a vítimas se separando toda hora para investigar salas e porões escuros enquanto perguntam "Tem alguém aí?" não ajuda o filme a ganhar pontos de credibilidade. Aqueles barulhinhos esquisitos que o vilão faz, também não. Mas pelo menos as investigações de Bird rendem alguns momentos divertidos.

Samantha Logan e Mitch Pileggi como Kasey e Pembroke no filme 'Morte Instantânea', de Lars Klevberg | ©Wild Bunch/Capelight/Central

Gostei da cena da lanchonete, quando nossa heroína descobre um dos "poderes" da câmera. Gostei de como essa informação é usada na batalha final. E também gostei das reviravoltas em torno da origem do vilão interpretado por Javier Botet (Mara: o Demônio do Sono), provavelmente porque elas remetem a filmes de terror das décadas de 1980 e 1990.

Kathryn Prescott é uma atriz carismática, mas com pouco material para trabalhar, fica difícil investir em sua personagem. Mitch Pillegi interpreta um policial que investiga as mortes e não acredita quando os heróis afirmam que estão sendo vítimas de uma entidade sobrenatural — o que faria sentido se o filme não tivesse estabelecido que os heróis podem provar isso quando quiserem, simplesmente danificando uma foto.

A atriz Kathryn Prescott como Bird no filme 'Morte Instantânea', de Lars Klevberg | ©Wild Bunch/Capelight/Central

O interesse amoroso e os amigos de Bird são desinteressantes. Mas, novamente, é menos culpa do elenco e mais do diretor e do roteiro, que os coloca em uma rotina de conversar, discutir, se separar, investigar os locais escuros que eu citei acima e depois morrer. Longe dos olhos do público, é claro.

Título original: Polaroid.

Gênero: Terror.

Produção: 2019.

Lançamento: 2019.

Pais: Canadá, Noruega, Estados Unidos, Austrália

Duração: 1 h 28 min.

Roteiro: Blair Butler.

Direção: Lars Klevberg.

Elenco: Kathryn Prescott, Tyler Young, Samantha Logan, Keenan Tracey, Priscilla Quintana, Javier Botet, Mitch Pileggi, Davi Santos, Katie Stevens, Grace Zabriskie, Madelaine Petsch, Erika Prevost, Shauna MacDonald, Rhys Bevan-John, Emily Power.