Crítica | Falcons em Jogo (Girls with Balls, 2018)

Olivier Afonso dirige a comédia de terror lançada essa semana na Netflix; trama acompanha equipe de vôlei feminino aterrorizada por caçadores psicóticos

Imagem do filme 'Falcons em Jogo', de Olivier Afonso

Por Ed Walter

Olivier Afonso é conhecido pelo seu trabalho com os efeitos de maquiagem de filmes como Raw, Massacre no Texas e A Noite Devorou o Mundo. Agora ele está estreando como diretor em Falcons em Jogo, comédia de terror que mistura humor desbocado com a sanguinolência típica dos filmes slashers. O longa estreou essa semana na Netflix.

A trama acompanha o Falcons, um time de voleibol feminino que não se entende na quadra, apesar dos esforços da sempre responsável capitã Hazuki (Anne-Solenne Hatte) e de seu treinador estressado interpretado por Victor Artus Solaro. Depois de um problema com sua mini-van, as meninas precisam passar a noite no meio de uma estrada deserta. E a coisa piora quando um grupo de caçadores psicóticos aparece por lá, disposto a matar todo mundo.

Imagem do filme 'Falcons em Jogo', de Olivier Afonso

Além de Hazuki e do treinador boca-suja, estão no veículo a estrela do time, Jeanne (Tiphaine Daviot) e sua melhor amiga, a doce Lise (Camille Razat), que também veste a fantasia de mascote da equipe. Temos ainda as amantes Dany e Tatiana (Dany Verissimo-Petit e Margot Dufrene), a bad girl Morgane (Manon Azem) e a nerd M.A. (Louise Blachère). Todas guardam segredinhos. E terão que superar suas diferenças se quiserem sobreviver à ameaça que espreita na floresta.

O filme é repleto de humor nonsense e quase sempre politicamente incorreto. Palavrões e piadas sobre órgãos sexuais fazem parte do cardápio. E se por um lado em momento algum o diretor mostra cenas de nudez, por outro ele não tem problemas com a sexualização de suas personagens. Aliás, ele faz até questão de brincar com isso, como na cena em que uma das candidatas a final girl investiga as atividades dos vilões no que parece ser um açougue muito suspeito.

Imagem do filme 'Falcons em Jogo', de Olivier Afonso

As situações bobalhonas que se acumulam no primeiro ato, somadas à boa direção de arte e à trilha sonora animadinha (que inclui até 'Macho Man', do Village People) garantem um primeiro ato divertido. Também gostei da farta dose de decapitações, das cabeças explosivas e dos jorros de sangue. Mas não gostei da maneira com que o diretor une tudo isso.

Algumas cenas até servem como passatempo trash, como o momento gloriosamente ridículo onde as meninas atacam os vilões com bolas de vôlei. Outras valem pela bizarrice, como as aparições daquele cantor (o rapper Orelsan) que dá spoilers sobre a trama. Mas quando os personagens começam a fazer piadas em momentos que deveriam ser tensos, a coisa fica insuportavelmente infantil. Os vilões caricatos não ajudam a contornar o problema. E a sofrível batalha final, muito menos.

_______________

O melhor: Humor nonsense e fartas doses de sangue falso.

O pior: Quando terror e comédia precisam caminhar juntos, o filme não funciona.

Título original: Girls with Balls.

Gênero: Comédia, terror.

Produção: 2018.

Lançamento: 2019.

Pais: França, Bélgica.

Duração: 77 minutos.

Roteiro: Olivier Afonso, Jean-Luc Cano.

Direção: Olivier Afonso.

Elenco: Guillaume Canet, Dany Verissimo-Petit, Denis Lavant, Manon Azem, Tiphaine Daviot, Camille Razat, Anne-Solenne Hatte, Orelsan, Louise Blachère, Victor Artus Solaro, Thomas Vandenberghe, Tony Corvillo, Mathieu Madenian, Esther Ballesteros, Margot Dufrene.