Crítica | Campo do Medo (In the Tall Grass, 2019)

Laysla De Oliveira e Avery Whitted interpretam irmãos perdidos em um labirinto de terror na adaptação do conto de Joe Hill e Stephen King, dirigida por Vincenzo Natali

Harrison Gilbertson, Laysla De Oliveira e Avery Whitted em imagem do filme 'Campo do Medo', de Vincenzo Natali

Por Ed Walter

Produção original da Netflix, Campo do Medo adapta o conto de Stephen King e seu filho Joe Hill, publicado em 2012 na revista americana Esquire. Vincenzo Natali (Splice - A Nova Espécie) é responsável pelo roteiro e direção do longa-metragem, estrelado por nomes como Laysla De Oliveira, Avery Whitted e Patrick Wilson. Trata-se do terceiro filme da Netflix baseado em uma obra de King. Os anteriores foram Jogo Perigoso e 1922.

Becky e Cal DeMuth (Oliveira e Whitted) são gêmeos inseparáveis que cruzam o país em direção à casa dos tios, que ajudarão a jovem a lidar com a gravidez até o nascimento de seu bebê. Durante uma parada rápida em uma estrada próxima de uma igreja estranhamente rodeada por carros empoeirados, os irmãos ouvem o pedido de socorro de uma criança, que parece estar perdida em um enorme campo de grama. Becky e Cal descobrirão que entrar naquele mar verde é uma tarefa fácil. Mas sair de lá pode ser impossível.

Natali faz um bom trabalho ao evidenciar a vastidão do labirinto de grama que servirá como prisão não apenas para os protagonistas, mas também para alguns coadjuvantes que se encontram na mesma situação desesperadora. Em poucos minutos, fica claro que existe uma força além da compreensão humana agindo no matagal. A quantidade de eventos bizarros que os personagens presenciam deixa o primeiro ato intencionalmente confuso. Mas a aparição do menino assustador interpretado por Will Buie Jr. (Um Laço de Amor) joga um pouco de luz na experiência, indicando que o campo é regido por algumas regras, estranhas mas compreensíveis.

Will Buie Jr. em imagem do filme 'Campo do Medo', de Vincenzo Natali


Com a chegada de Travis (Harrison Gilbertson, de Predadores do Amor), dá para ter uma noção sobre o tipo de poder que ameaça os personagens. É claro que quem está familiarizado com filmes de terror mais voltados para o lado da ficção científica terá mais facilidade ao assimilar os conceitos abordados na obra. Guardadas as devidas proporções, Cubo 2: Hipercubo (2002) e Triângulo do Medo (2009) são boas referências aqui. Mas isso não quer dizer que Campo do Medo seja um filme incompreensível, mesmo para o espectador casual.

A jornada em busca de uma saída do campo infernal tem algumas cenas visualmente impactantes, mas acho que o resultado seria melhor se o diretor se empenhasse um pouco mais na criação de cenas de tensão. Sim, o filme tem uma atmosfera claustrofóbica. Mas é a própria situação dos protagonistas que providencia isso, e Natali não se preocupa muito em potencializar o efeito. Também gostaria de ter visto a galera conversando um pouco mais sobre os eventos que presenciam. Tudo bem que eles precisam tomar decisões erradas para que o roteiro possa transmitir algumas de suas mensagens. Mas um pouquinho mais de comunicação não faria mal a ninguém.

Mas isso é um deslize do roteiro e não dos atores, que fazem um trabalho muito bom. Gostei principalmente da atuação de Laysla De Oliveira (série The Gifted), que passa por uma boa transformação durante a jornada. E de Patrick Wilson, que entrega um personagem bem diferente daquele que estamos acostumados a ver na franquia Invocação do Mal.

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O melhor: Boas atuações, eventos bizarros e muitos mistérios.
O pior: Falta tensão. E um pouco de comunicação entre os personagens.

Título original: In the Tall Grass.
Gênero: Terror, suspense, drama.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Canadá.
Duração: 101 minutos.
Roteiro: Vincenzo Natali.
Direção: Vincenzo Natali.
Elenco: Laysla De Oliveira, Avery Whitted, Patrick Wilson, Will Buie Jr., Harrison Gilbertson, Tiffany Helm, Rachel Wilson.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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