Crítica | O Mistério da Ilha (Sweetheart, 2019)

Kiersey Clemons interpreta sobrevivente de naufrágio caçada por criatura misteriosa, no terror de J.D. Dillard

Alguns meses atrás, a Blumhouse entregou Prey, filmes de terror com pitadas de aventura que colocava Logan Miller e Kristine Froseth isolados em uma ilha, tentando solucionar o mistério por trás de uma entidade maligna que atacava durante a noite. O resultado não foi dos melhores. Mas isso não impediu que a produtora de Jason Blum investisse em um novo projeto: O Mistério da Ilha, que segue os mesmos moldes do anterior.

Dessa vez, porém, o resultado é positivo: a mistura de drama, thriller de sobrevivência e filme de monstro resulta em uma obra surpreendentemente envolvente. Ponto para o diretor J.D. Dillard (Sleight), que dribla o orçamento reduzido com muita criatividade. E para a carismática e talentosa Kiersey Clemons (Além da Morte), que não se intimida com a tarefa de carregar a maior parte do filme sozinha.

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Clemons interpreta Jenn, uma jovem que acorda sozinha em uma ilha tropical depois de sobreviver a um naufrágio. Desolada e debilitada, ela precisa aprender a sobreviver até que a ajuda chegue. Mas seus planos são dificultados pela presença de um inimigo inesperado: uma criatura que sai do mar todas as noites, e que parece estar determinada em transformá-la em refeição.

A ausência quase absoluta de diálogos e de uma trilha sonora dão aos primeiros 40 minutos de O Mistério da Ilha um ar de documentário. Dillard registra com paciência as descobertas e o processo de adaptação de Jenn à sua nova realidade, mas toma o cuidado de não permitir que o filme, em momento algum, se torne chato. Os mistérios, o suspense bem trabalhado e a atuação cheia de energia de Clemons garantem situações variadas o suficiente para prender a atenção do espectador.

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O filme tem bons momentos de tensão, como a cena em que Jenn passa apuros escondida em um tronco de árvore. Ou a perseguição frenética, onde nossa heroína corre na areia enquanto seu inimigo se movimenta na água. O monstro é mantido nas sombras na maior parte do tempo, o que também funciona a favor do filme.  A revelação de seu visual tem seus altos e baixos: enquanto os efeitos práticos funcionam muito bem, o CGI deixa um pouco a desejar, embora não chegue a atrapalhar a experiência.

Há uma pequena queda no ritmo no segundo ato, quando novos sobreviventes entram em cena. O filme se arrisca no terreno dos comentários sociais, oferece respostas para alguns mistérios e apresenta outros, inexplicáveis. Mas, felizmente, Dillard perde pouco tempo com mi-mi-mi e direciona novamente os holofotes para o que interessa: Jenn e o monstro, que ainda terão confrontos divertidos pela frente, incluindo uma batalha final que é uma carta de amor a O Predador.

Em uma época de produções milionárias com conteúdo duvidoso, O Mistério da Ilha é mais uma prova de que é possível fazer filmes interessantes, mesmo com um orçamento apertado.

Título original: Sweetheart.
Gênero: Terror, suspense, mistério.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 82 minutos.
Roteiro: J.D. Dillard, Alex Hyner, Alex Theurer.
Direção: J.D. Dillard.
Elenco: Kiersey Clemons, Emory Cohen, Hanna Mangan Lawrence, Andrew Crawford, Benedict Samuel.

O melhor: Terror, suspense e drama dosados na medida certa.
O pior: As cenas com CGI deixam um pouco a desejar.
Jenn: Já entrou para minha lista das melhores final girls do ano.