Crítica | A Cor que Caiu do Espaço (Color Out of Space, 2019)

Richard Stanley dirige a adaptação do conto de H.P. Lovecraft estrelada por Nicolas Cage e Joely Richardson

Madeleine Arthur e Nicolas Cage em imagem do filme de terror 'A Cor que Caiu do Espaço', de Richard Stanley

Depois de mais de duas décadas longe da cadeira de diretor, Richard Stanley está de volta com A Cor que Caiu do Espaço, terror sci-fi que adapta um dos contos mais famosos do mestre do terror cósmico, H.P. Lovecraft. Stanley também é co-roteirista do longa, que marca a terceira parceria entre o ator Nicolas Cage e a XYZ depois do sucesso da comédia de terror Mãe e Pai (2017) e do thriller de vingança Mandy (2018).

Cage interpreta Nathan Gardner, um homem que se muda com a família para uma fazenda nos bosques de Massachusetts e vê sua vida tranquila abalada quando um meteorito cai no quintal da propriedade. O impacto não chega a causar tanto estrago. Mas a estranha cor que acompanha o objeto tem um efeito devastador na vida de todos os personagens.

$ads={1}

O primeiro efeito é psicológico. Nathan é o mais afetado. E isso dá a Cage a chance de fazer o que faz melhor: entregar um personagem completamente surtado. A trajetória de Nathan evoca lembranças de Jack Torrance, de O Iluminado. E o fato de seu filho pequeno (Julian Hilliard) conversar constantemente com amigos imaginários reforça os paralelos com o filme de Kubrick.

Imagem do filme de terror 'A Cor que Caiu do Espaço', de Richard Stanley

Mas as semelhanças com a família Torrance param por aí. E, cá entre nós, o filme fica divertido mesmo é quando os personagens começam a sofrer mudanças físicas. Joely Richardson protagoniza alguns dos momentos mais bizarros e perturbadores no papel da esposa Theresa. Os irmãos Lavínia e Benny (Madeleine Arthur e Brendan Meyer) são mais resistentes aos efeitos da ameaça espacial. Mas isso não significa que estejam seguros. Na verdade, ninguém está. E o hidrologista Ward (Elliot Knight), que entra de gaiato na história, será testemunha desse fato.

$ads={2}

Como a cor mal intencionada que toma conta da propriedade dos Gardners não infecta apenas humanos, mas também plantas e animais, o diretor precisa recorrer ao CGI para dar vida a mutações mais complexas. Mas fique tranquilo, porque os efeitos práticos têm seu lugar assegurado na festa. Cenas de body horror bem no estilo de Cronenberg fazem parte do cardápio. E você também pode esperar por uma deliciosa homenagem ao clássico de John Carpenter, O Enigma do Outro Mundo.

Joely Richardson e Nicolas Cage em imagem do filme de terror 'A Cor que Caiu do Espaço', de Richard Stanley

Na maior parte do tempo o diretor consegue um bom resultado equilibrando o belo visual com a atmosfera opressiva. Mas acho que ele se perde no último ato, quando o excesso de cores vibrantes e de efeitos especiais acabam ofuscando os próprios personagens. É algo semelhante ao que Alex Garland fez no final de Aniquilação. E em ambos os casos, o resultado decepciona.

Isso não tira os méritos do filme, que na soma geral tem muito mais acertos do que erros. Re-Animator (1985) e Do Além (1986), ambos de Stuart Gordon, continuam imbatíveis no posto de melhores adaptações das obras de H.P. Lovecraft. Mas A Cor que Caiu do Espaço também não faz feio.

_______________

O melhor: Ótimos efeitos práticos, body horror e Nicolas Cage surtado (de novo).
O pior: O último ato é um pouco mais caótico do que precisava.

Título original: Color Out of Space.
Gênero: Terror, ficção científica.
Produção: 2019.
Lançamento: 2020.
País: Malasia, Portugal, USA.
Duração: 111 minutos.
Roteiro: Richard Stanley, Scarlett Amaris.
Diretor: Richard Stanley.
Elenco: Nicolas Cage, Joely Richardson, Madeleine Arthur, Elliot Knight, Tommy Chong, Brendan Meyer, Julian Hilliard, Josh C. Waller, Q'orianka Kilcher, Melissa Nearman, Amanda Booth, Keith Harle, Brett W. Bachman.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem