Richard Stanley dirige a adaptação do conto de H.P. Lovecraft estrelada por Nicolas Cage e Joely Richardson
Depois de mais de duas décadas longe da cadeira de diretor, Richard Stanley está de volta com A Cor que Caiu do Espaço, terror sci-fi que adapta um dos contos mais famosos do mestre do terror cósmico, H.P. Lovecraft. Stanley também é co-roteirista do longa, que marca a terceira parceria entre o ator Nicolas Cage e a XYZ depois do sucesso da comédia de terror Mãe e Pai (2017) e do thriller de vingança Mandy (2018).
Cage interpreta Nathan Gardner, um homem que se muda com a família para uma fazenda nos bosques de Massachusetts e vê sua vida tranquila abalada quando um meteorito cai no quintal da propriedade. O impacto não chega a causar tanto estrago. Mas a estranha cor que acompanha o objeto tem um efeito devastador na vida de todos os personagens.
O primeiro efeito é psicológico. Nathan é o mais afetado. E isso dá a Cage a chance de fazer o que faz melhor: entregar um personagem completamente surtado. A trajetória de Nathan evoca lembranças de Jack Torrance, de O Iluminado. E o fato de seu filho pequeno (Julian Hilliard) conversar constantemente com amigos imaginários reforça os paralelos com o filme de Kubrick.
Mas as semelhanças com a família Torrance param por aí. E, cá entre nós, o filme fica divertido mesmo é quando os personagens começam a sofrer mudanças físicas. Joely Richardson protagoniza alguns dos momentos mais bizarros e perturbadores no papel da esposa Theresa. Os irmãos Lavínia e Benny (Madeleine Arthur e Brendan Meyer) são mais resistentes aos efeitos da ameaça espacial. Mas isso não significa que estejam seguros. Na verdade, ninguém está. E o hidrologista Ward (Elliot Knight), que entra de gaiato na história, será testemunha desse fato.
Como a cor mal intencionada que toma conta da propriedade dos Gardners não infecta apenas humanos, mas também plantas e animais, o diretor precisa recorrer ao CGI para dar vida a mutações mais complexas. Mas fique tranquilo, porque os efeitos práticos têm seu lugar assegurado na festa. Cenas de body horror bem no estilo de Cronenberg fazem parte do cardápio. E você também pode esperar por uma deliciosa homenagem ao clássico de John Carpenter, O Enigma do Outro Mundo.
Na maior parte do tempo o diretor consegue um bom resultado equilibrando o belo visual com a atmosfera opressiva. Mas acho que ele se perde no último ato, quando o excesso de cores vibrantes e de efeitos especiais acabam ofuscando os próprios personagens. É algo semelhante ao que Alex Garland fez no final de Aniquilação. E em ambos os casos, o resultado decepciona.
Isso não tira os méritos do filme, que na soma geral tem muito mais acertos do que erros. Re-Animator (1985) e Do Além (1986), ambos de Stuart Gordon, continuam imbatíveis no posto de melhores adaptações das obras de H.P. Lovecraft. Mas A Cor que Caiu do Espaço também não faz feio.
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O melhor: Ótimos efeitos práticos, body horror e Nicolas Cage surtado (de novo).
O pior: O último ato é um pouco mais caótico do que precisava.
Título original: Color Out of Space.
Gênero: Terror, ficção científica.
Produção: 2019.
Lançamento: 2020.
País: Malasia, Portugal, USA.
Duração: 111 minutos.
Roteiro: Richard Stanley, Scarlett Amaris.
Diretor: Richard Stanley.
Elenco: Nicolas Cage, Joely Richardson, Madeleine Arthur, Elliot Knight, Tommy Chong, Brendan Meyer, Julian Hilliard, Josh C. Waller, Q'orianka Kilcher, Melissa Nearman, Amanda Booth, Keith Harle, Brett W. Bachman.