Crítica | Terror em Silent Hill (Silent Hill, 2006)

Radha Mitchell interpreta mãe em busca da filha em cidade amaldiçoada em 'Terror em Silent Hill', adaptação do game da Konami dirigida por Christophe Gans


Radha Mitchell como Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans
Radha Mitchell como Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans


Terror em Silent Hill é um filme de terror sobrenatural sobre uma mãe que inicia uma busca desesperada pela filha em uma cidade amaldiçoada. É baseado na famosa série de jogos eletrônicos produzidos pela empresa japonesa Konami, considerada uma das melhores do gênero survival horror ao lado de Resident Evil, da Capcom. O longa-metragem da  Sony Pictures é dirigido por Christophe Gans, mesmo realizador de O Pacto dos Lobos (2001).

Radha Mitchell, a estrela do insanamente divertido Morte Súbita, lidera o elenco do filme, co-estrelado por Jodelle Ferland (Caso 39), Laurie Holden (série The Walking Dead) e Sean Bean (série Game of Thrones). O roteiro é de Roger Avary (A Lenda de Beowulf), que busca inspiração nos eventos do primeiro game, concebido pelo projetista de jogos Keiichiro Toyama e lançado em 1999 para o console PlayStation.

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Mitchell interpreta Rose da Silva, uma mulher que anda preocupada com o comportamento estranho da filha pequena, Sharon (Ferland). E por comportamento estranho, quero dizer que a menina começou a andar como sonâmbula à noite, e também pegou o hábito de ficar de pé na beira de penhascos muito altos gritando "Silent Hill". Mais tarde descobrimos que este é o nome de uma cidade outrora próspera, até que uma tragédia tirou a vida de muitos moradores. Desde então, tornou-se uma cidade fantasma.

Jodelle Ferland como Alessa no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans
Jodelle Ferland como Alessa no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans


Em busca de respostas para o problema da filha, Rose viaja com ela para conhecer a tal cidade. Sharon não demora para desaparecer. Quem jogou o game não demorará para perceber que o diretor demonstra um cuidado impressionante com os cenários, primeiro reproduzindo as ruas esfumaçadas e os corredores sujos, marcas registradas de Silent Hill, depois reconstruindo com riqueza de detalhes locais como o hospital, a igreja e a escola, e suas respectivas versões sombrias.

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Não satisfeito, Gans ainda nos presenteia com uma trilha sonora que é pura nostalgia para os fãs: tirando "Ring of Fire", de Johnny Cash, todas as músicas vieram diretamente da série de jogos eletrônicos. O diretor exagera um pouco nos efeitos digitais da batalha final, mas na maior parte do tempo eles são bem utilizados, especialmente quando servem para dar credibilidade às transformações bizarras que ocorrem na cidade.

Laurie Holden e Radha Mitchell como Cybil e Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans
Laurie Holden e Radha Mitchell como Cybil e Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans


Durante sua jornada por esse mundo fantasmagórico onde o horror é anunciado pelo som assustador de uma sirene, Rose enfrenta entidades sobrenaturais medonhas, que vão de criaturinhas com a pele em brasa até monstros deformados cuspidores de ácido. Enfermeira sombrias e figuras que parecem ter saído de Hellraiser também fazem parte do show de horrores. E, é claro, temos Pyramid Head, o vilão mais famoso dos games, que dá as caras acompanhado de insetos carnívoros.

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Essa criatura imponente e ameaçadora é interpretada pelo dançarino e coreógrafo Roberto Campanella, que também é responsável por coordenar os movimentos da maioria dos atores que interpretam os monstros do filme. Pyramid Head está presente em alguns dos momentos mais tensos de Terror em Silent Hill, como na cena em que encurrala a heroína em uma sala, digamos, bem ventilada. Perto do ato final, ele retorna para providenciar uma das cenas mais bizarras do filme.

Radha Mitchell como Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans
Radha Mitchell como Rose no filme 'Terror em Silent Hill', de Christophe Gans


Mitchell entrega uma protagonista carismática, que embora em desvantagem diante das ameaças sobrenaturais, em momento algum se desvia de sua missão de resgatar a filha. Holden está muito à vontade como Cybil Bennett, uma policial com roupa de couro que acompanha Rose em sua descida ao inferno. Ferland interpreta três personagens, e consegue ser assustadora quase em tempo integral. E Bean não decepciona como o marido de Rose, Christopher, embora eu ache que sua subtrama poderia ter sido encurtada para garantir um ritmo mais fluído.

Terror em Silent Hill fica um pouco arrastado perto do último ato, quando a ação é interrompida para que o roteiro forneça (muitas) informações sobre a história complexa. Mas é um problema pequeno comparado ao pesadelo divertidamente assustador que o diretor proporciona. Mesmo que talvez não agrade tanto o público casual quanto agradará aos fãs da série de jogos da Konami, até o momento Terror em Silent Hill é a melhor adaptação já feita de um game.

Nota: 8/10

Título original: Silent Hill.
Gênero: Terror.
Produção: 2006.
Lançamento: 2006.
País: Canadá, França, Japão, EUA.
Duração: 2 h 5 min.
Roteiro: Roger Avary.
Diretor: Christophe Gans.
Elenco: Radha Mitchell, Laurie Holden, Sean Bean, Deborah Kara Unger, Kim Coates, Tanya Allen, Alice Krige, Jodelle Ferland, Colleen Williams, Ron Gabriel, Eve Crawford, Derek Ritschel, Amanda Hiebert, Nicky Guadagni, Maxine Dumont.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. A única coisa boa desse filme é a atmosfera e visual, mas a história não tem nada a ver com o jogo, sem falar que o diretor mudou o sexo do protagonista original Harry Mason com uma desculpa sexista que “amor de pai não é tão forte quanto de uma mãe”.

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