Crítica | Plataforma do Medo (Creep, 2004)

Franka Potente enfrenta criatura assassina nos túneis do metrô de Londres no terror do diretor e roteirista Christopher Smith

Franka Potente em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith
Franka Potente em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith

Plataforma do Medo é o filme de estreia do diretor britânico Christopher Smith, que mais tarde realizaria o surpreendente thriller sci-fi Triângulo do Medo e o perturbador terror medieval Morte Negra. O próprio Smith assina o roteiro do longa, estrelado pela atriz alemã Franka Potente, de Musa e Corra, Lola, Corra.

Potente interpreta Kate, uma jovem festeira que sai de casa com três objetivos em mente: matar as amigas de inveja exibindo seu vestido novo em uma festa muito chique, esnobar alguns rapazes e, se possível, dar uns pegas no ator George Clooney, que está participando de um evento nas redondezas. As duas primeiras tarefas ela cumpre muito bem. A terceira, nem tanto.

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Cansada e um pouco bêbada, Kate pega no sono sentada em um banco da estação de metrô e acaba sendo trancada acidentalmente lá dentro. E isso é apenas o início de uma noite infernal. Um de seus amigos a seguiu até a estação, munido com uma pequena quantidade de drogas e uma enorme quantidade de segundas intenções. E nossa heroína ainda terá que lidar com o surgimento de uma criatura misteriosa, que se esconde nos túneis e gosta de matar quem encontra pela frente.

Franka Potente e Jeremy Sheffield em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith
Franka Potente e Jeremy Sheffield em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith

O diretor trabalha o tempo todo com contrastes. Entre os cenários, entre as classes sociais, entre o conceito de certo e errado. Tanto o amigo Guy (Jeremy Sheffield) quanto o casal Jimmy e Mandy (Paul Rattray e Kelly Scott) e o funcionário dos esgotos George (Vas Blackwood), que trombam com a protagonista durante sua jornada maldita, tomam atitudes inesperadas de vez em quando. E como você já deve ter percebido pela descrição acima, Kate também passa longe do modelo tradicional da heroína boazinha de filmes de terror.

A verdade é que a protagonista é tão egoísta que fica difícil gostar dela no começo. Suas camadas mais nobres só vêm à tona quando ela abandona os ambientes finos e bem iluminados da alta sociedade londrina, troca o salto alto por uma bota, e inicia seu mergulho através dos esgotos escuros, sujos e apertados. É algo bem planejado pelo roteiro e bem executado pela atriz. E o detalhe serve para aumentar o impacto da deliciosa cena final, onde o contraste vem acompanhado de humor-negro.

Franka Potente e Paul Rattray em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith
Franka Potente e Paul Rattray em imagem do filme de terror 'Plataforma do Medo', de Christopher Smith

O conto sombrio é valorizado por uma fotografia belíssima. A maquiagem convence, assim como a maioria dos efeitos práticos utilizados durante os ataques. Há uma boa quantidade de sangue. E, cá entre nós, aquela cena da mesa de operações me causou agonia. Smith não explica nada sobre a origem ou sequer sobre as motivações do vilão. Mas deixa algumas pistas espalhadas pelos cenários, permitindo que o público monte sozinho o quebra-cabeças. Ou, pelo menos, parte dele.

O filme tem alguns pequenos problemas de ritmo, principalmente no último ato, quando se rende a clichês ruins. Às vezes os personagens demoram demais para reagir aos ataques. Às vezes perdem oportunidades de ouro para dar um fim no vilão. Felizmente, a tensão e o gore fest que constantemente embalam as cenas compensam esses deslizes e fazem o filme valer muito a pena.

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O melhor: É tenso e sangrento, e apresenta uma heroína diferente do habitual.
O pior: Dá algumas escorregadinhas no último ato.
O que o filme nos ensina? Que quem dorme na estação não pega o George Clooney.

Título original: Creep.
Gênero: Terror.
Produção: 2004.
Lançamento: 2004.
País: Reino Unido, Alemanha.
Duração: 85 minutos.
Roteiro: Christopher Smith.
Diretor: Christopher Smith.
Elenco: Franka Potente, Vas Blackwood, Ken Campbell, Jeremy Sheffield, Paul Rattray, Kelly Scott, Joe Anderson, Sean Harris, Morgan Jones.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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