Crítica | Natal Sangrento (Black Christmas, 2019)

Estudantes são perseguidas por assassino mascarado em 'Natal Sangrento', remake do cult de Bob Clark dirigido por Sophia Takal


A atriz Imogen Poots como Riley no filme 'Natal Sangrento'
A atriz Imogen Poots como Riley no filme 'Natal Sangrento', de Sophia Takal | ©Universal Pictures


Estudantes de uma universidade são perseguidas por um assassino misterioso neste filme de terror social desconjuntado dirigido por Sophia Takal, mesma realizadora de Always Shine. Natal Sangrento é o remake de Noite do Terror, cult canadense considerado um dos precursores do subgênero slasher. Mas tirando o fato de que se passam na época de Natal e compartilham o mesmo título original (Black Christmas), há poucas semelhanças entre a nova versão e a obra de 1974.

A diretora disse em entrevista que o longa produzido pela Blumhouse e estrelado por Imogen Poots (Sala Verde) seria um remake feminista. Isso não foi uma surpresa, já que o próprio filme original lidava com ideias feministas muito à frente de seu tempo. Só que para que a coisa funcione, tanto o roteiro quanto a direção precisam de um pouco de sutileza. E isso, o novo Natal Sangrento definitivamente não tem.


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A trama é ambientada na faculdade conservadora de Hawthorne, onde as mulheres são inteligentes e comprometidas com temas sociais, enquanto os homens são malvados ou completos idiotas. Em alguns casos, são os dois. A maioria dos estudantes está indo para casa nas férias de inverno, mas Riley (Poots) decide ficar com algumas colegas da irmandade Mu Kappa Epsilon. Não demora muito para que garotas comecem a desaparecer. Tarde demais, Riley descobre que está na mira de um assassino.

Imagem do filme 'Natal Sangrento', de Sophia Takal
Imagem do filme 'Natal Sangrento', de Sophia Takal | ©Universal Pictures


Por "tarde demais", eu quero dizer tarde demais mesmo, pois as realizadoras estão menos interessadas em entregar um filme de terror e mais em mostrar os dramas de suas protagonistas, literalmente demonizando todos os homens no processo. Essa forçação de barra deixa quase tudo no filme com um ar caricato, o que acaba comprometendo o impacto de algumas cenas, principalmente aquelas relacionadas ao passado de Riley.


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Mesmo com o roteiro e os diálogos trabalhando ativamente contra ela, Imogen Poots consegue ser relativamente carismática como a protagonista. O mesmo não pode ser dito do resto do elenco, que entrega personagens que vão de desinteressantes a insuportáveis. Passamos mais da metade do filme na companhia desagradável deles, até que o assassino mascarado finalmente resolve invadir a sede da irmandade, forçando Riley e suas amigas a partir para o confronto.

Imagem do filme 'Natal Sangrento'
Imagem do filme 'Natal Sangrento', de Sophia Takal | ©Universal Pictures


A diretora até consegue criar alguns momentos interessantes de suspense na cena de invasão, mas pisa na bola ao deixar a maioria das mortes acontecer fora da tela. Segundo Takal, a ausência de violência explícita foi para atrair o público feminino mais jovem e lhes apresentar uma história de mulheres fortes. Se funcionou, eu não sei. O que sei é que um slasher sem mortes sangrentas passa longe de ser divertido.

O último ato apresenta uma reviravolta extravagante. Mas como tenho uma queda por tosqueiras, vou defender o filme nesse ponto. Acabei rindo bastante do vilão espalhafatoso, que não perde a chance de explicar seus planos malignos antes de atacar a final girl, bem no estilo do Dr. Mal, de Austin Powers. Também gostei da batalha final ridícula, provavelmente porque me lembrou de produções trash da década de 1980.

Imagem do filme 'Natal Sangrento'
Imagem do filme 'Natal Sangrento', de Sophia Takal | ©Universal Pictures


Quando o filme acabou, cheguei à conclusão de que a história das mulheres empoderadas e dos homens horríveis da Universidade Hawthorne talvez tivesse funcionado melhor se fosse uma sátira. Ou quem sabe seja, mas esse detalhe só fica claro no ato final? Talvez a sutileza da diretora Sophia Takal e de sua co-roteirista, Apri Wolfe, esteja justamente aí.

Nota: 3.8/10

Título original: Black Christmas.
Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
País: Estados Unidos, Nova Zelândia.
Duração: 1 h 32 min.
Roteiro: Sophia Takal, April Wolfe.
Diretor: Sophia Takal.
Elenco: Imogen Poots, Aleyse Shannon, Lily Donoghue, Brittany O'Grady, Caleb Eberhardt, Cary Elwes, Simon Mead, Madeleine Adams, Nathalie Morris, Ben Black, Zoë Robins, Ryan McIntyre, Mark Neilson, Lucy Currey, Jonny McBride.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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