Sophia Lilis interpreta Maria na reimaginação sombria do conto de fadas dos irmãos Grimm dirigida por Oz Perkins
A protagonista de Maria e João: O Conto das Bruxas, descobre que o mundo é implacável durante um diálogo no início do filme, quando é assediada por um potencial empregador em uma pousada. A cena entrega uma amostra do tom sombrio da obra — uma reimaginação com uma pegada de terror do conto de fadas dos irmãos Grimm, dirigida por Oz Perkins. Mas a garota vai descobrir que o mundo também é vasto e repleto de magia. E que o poder pode tanto destruir quanto libertar.
Maria (Sophia Lilis, de It: A Coisa) tem 16 anos. Vive em uma vila situada em um reino geograficamente não especificado nos livros de história, onde o sotaque britânico convive em harmonia com expressões modernas. Ela carrega o peso de ter que cuidar de seu irmão de oito anos, João (Samuel Leakey, da minissérie MotherFatherSon). E, como toda heroína de filmes ambientados em épocas remotas, tem idéias que desafiam as regras sociais de seu tempo.
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Expulsos de casa pela mãe viúva (Fiona O'Shaughnessy, de Nina Para Sempre), que não tem mais condições de alimentá-los e já apresenta claros sinais de insanidade, os irmãos pegam a estrada e nem se preocupam em deixar uma trilha de migalhas, já que o retorno não é uma opção. A jornada os leva até uma casa muito suspeita e estranhamente moderna no meio da floresta. A construção não é feita de doces, como no conto de fadas. Mas as intenções de sua proprietária continuam as mesmas.
Alice Krige (O Aprendiz de Feiticeiro) está deliciosamente assustadora como Holda, a bruxa de língua afiada que recebe os irmãos de braços abertos, encoraja João a comer mais e mais, e apresenta Maria a um mundo sedutor. Lillis manda bem como a protagonista, entregando uma atuação repleta de sofrimento silencioso. Samuel Leakey passa a maior parte do tempo brigando com as árvores. E a bela Jessica De Gouw (série Drácula) faz uma participação especial como uma personagem que eu não posso dizer quem é.
Como o filme tem 87 minutos e o conto não tem material para tudo isso, o roteiro de Rob Hayes precisa criar algumas situações aleatórias antes dos irmãos chegarem a seu destino final. Eles sofrem com a fome. Perdem o rumo depois de comer cogumelos. E até são atacados por um...zumbi?!? Bem, eu não sei exatamente o que é aquilo. Mas é graças a essa cena que conhecemos o personagem interpretado por Charles Babalola (A Lenda de Tarzan) que, caso estivéssemos em um universo compartilhado, poderia muito bem ser o mesmo cara que ajudou Chapeuzinho Vermelho e sua avó reclusa a lidar com um certo lobo mal intencionado. Ele inclusive aconselha Maria e João a não falarem com lobos, por mais sedutores que sejam.
Como em seus trabalhos anteriores, Perkins aposta na atmosfera. Maria e João é um filme elegante, com um visual que frequentemente remete ao estilo de Robert Eggers e Dario Argento. Mas também é um filme que parece nunca atingir seu verdadeiro potencial. O roteiro adiciona camadas ao conto, mas raramente consegue ir além da superfície. E quando a história implora por cenas cascudas, a classificação indicativa PG-13 força o diretor a pisar no freio, comprometendo momentos que tinham potencial para atingir o nível de perturbadores.
A produção bem cuidada, o elenco talentoso e cenas como a de Maria brincando com a natureza, a transformação da comida, e tudo que envolve aquela menininha assustadora interpretada por Beatrix Perkins (O Último Capítulo) fazem o filme valer a pena. Mas eu esperava mais.
Título original: Gretel & Hansel.
Gênero: Terror, fantasia.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Canadá, Irlanda, Estados Unidos, África do Sul.
Duração: 87 minutos.
Roteiro: Rob Hayes.
Direção: Oz Perkins.
Elenco: Sophia Lillis, Samuel Leakey, Alice Krige, Jessica De Gouw, Fiona O'Shaughnessy, Donncha Crowley, Jonathan Gunning, Charles Babalola, Giulia Doherty, Jonathan Delaney Tynan, Darlene Garr, Melody Carrillo, Nessa Last, Harry O'Cualacháin.
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