Retro Review | O Retorno dos Mortos Vivos (El ataque de los muertos sin ojos, 1973)

Templários mortos-vivos aterrorizam festa em vila portuguesa em 'O Retorno dos Mortos Vivos', de Amando de Ossorio

Loreta Tovar em imagem do filme de terror 'O Retorno dos Mortos Vivos, de Amando de Ossorio

Os mortos voltaram. Não os de George Romero, mas seus primos menos conhecidos da Espanha: os mortos-vivos cegos do diretor e roteirista Amando de Ossorio. Essas criaturas esqueléticas, que vestem roupas surradas e montam cavalos que se movem em câmera lenta, apareceram pela primeira vez em A Noite do Terror Cego (1972). E elas ainda apareceram em dois outros filmes (O Galeão Fantasma, 1974, e A Noite das Gaivotas, 1975), formando o que ficou conhecida como a 'Quadrilogia dos Mortos-Vivos Cegos'.

O Retorno dos Mortos Vivos começa com um flashback ambientado em 1550, que explica um pouco sobre a origem dos vilões: cavaleiros templários que trouxeram do Oriente o segredo da vida eterna, e realizaram sacrifícios humanos na tentativa de alcançá-la. Obviamente os aldeões locais não lidaram muito bem com a idéia de ter suas belas filhas sacrificadas em cerimônias demoníacas, e jogaram os templários vilanescos na fogueira. Mas não sem antes queimar seus olhos, para garantir que eles não pudessem encontrar o caminho de volta para o mundo dos vivos.

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A trama pula para alguns séculos depois e nos joga em Bouzano, uma vila portuguesa onde as crianças são assustadoramente mal-educadas. Os habitantes estão se preparando para as festividades em comemoração à vitória de seus antepassados sobre os templários. A festança vai muito bem, até que um deles decide derramar o sangue de uma moça virgem no cemitério dos templários. O resultado: mortos se levantam do túmulo e tocam o terror em todo mundo.

Imagem do filme 'O Retorno dos Mortos Vivos', de Amando de Ossorio

Os fãs do filme original ficarão felizes em saber que os mortos continuam lentos como tartarugas. E como eles atacam se orientando pelo som, fugir deles é mamão com açúcar. É claro que os personagens se esquecem desse detalhe e se apressam em sair correndo e gritando, o que facilita para os mortos a tarefa de distribuir espadadas a torto e a direito. O clima trash aumenta graças a erros de continuidade gritantes, diálogos toscos, efeitos especiais duvidosos e muita tinta vermelha no lugar de sangue. O termômetro do "quanto pior melhor" sobe um pouquinho graças aos atores canastrões, que entregam atuações hilárias.

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Tony Kendall (Yeti - O Monstro do Século 20) lidera os sobreviventes como Jack, um especialista em fogos de artifício contratado pelo prefeito bigodudo Duncan (Fernando Sancho, de A Cruz do Diabo) para animar um pouco a festa. Esperanza Roy (Memorias de Leticia Valle) faz Vivian, a noiva do prefeito e ex-namorada de Jack. Esse detalhe dá início a um triângulo amoroso, que depois vira um quadrilátero. O resultado é ciúmes, xingamentos e muitos homens nervosos saindo no tapa.

Imagem do filme 'O Retorno dos Mortos Vivos', de Amando de Ossorio

Ossorio faz algumas homenagens ao clássico de Romero, principalmente quando encurrala seus sobreviventes em uma igreja antiga, cercada pelos mortos. A situação traz à tona o que há de pior no ser humano, e dá ao diretor a oportunidade de fazer algumas críticas sociais e sátiras políticas. O filme fica meio chato nesses momentos. Mas ele volta a ficar interessante quando o diretor pára de tentar ser profundo e se concentra na tosqueira divertida que tanto amamos.

Nota: 5.8/10

Título original: El ataque de los muertos sin ojos.
Gênero: Terror.
Produção: 1973
Lançamento: 1973.
País: Espanha.
Duração: 91 minutos.
Roteiro: Amando de Ossorio.
Direção: Amando de Ossorio.
Elenco: Tony Kendall, Fernando Sancho, Esperanza Roy, Frank Braña, José Canalejas, Loreta Tovar, Ramón Lillo, Lone Fleming, Maria Nuria, José Thelman, Juan Cazalilla, Betsabé Ruiz, Marisol Delgado, Luis Barboo, Francisco Sanz, Ramón Centenero, Cristino Almodóvar.