Crítica | O Corpo (Body, 2015)

Mansão se transforma em casa dos horrores em 'O Corpo', o surpreendente suspense dirigido por Dan Berk e Robert Olsen


Alexandra Turshen e Helen Rogers como Cali e Holly no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures
Alexandra Turshen e Helen Rogers como Cali e Holly no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures


Três amigas em busca de diversão acabam mergulhando em um pesadelo neste suspense tenso e surpreendente dirigido por Dan Berk e Robert Olsen. O Corpo é o longa-metragem de estreia da dupla, que mais tarde entregaria o terror pós-apocalíptico Anoitecer Violento 2 (2016) e a comédia sombria Villains (2019), com Bill Skarsgård e Maika Monroe. Sem contar o terror sci-fi igualmente surpreendente Significant Other (2022), também estrelado por Monroe.

Helen Rogers (V/H/S), Lauren Molina (O ABC da Morte 2) e Alexandra Turshen (A Ilha do Mal) lideram o elenco de O Corpo, que conta com uma participação especial de Larry Fessenden (Você é o Próximo). Berk e Olsen também são responsáveis pelo roteiro do filme, que apresenta alguns reflexos de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, e de obras do mestre Hitchcock, como Disque M para Matar (1954) e Festim Diabólico (1948).

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Holly (Rogers), Melissa (Molina) e Cali (Turshen) são três amigas na faixa dos 20 anos que participam de uma comemoração na noite anterior à véspera de Natal. Cali sugere uma visita à mansão palaciana de seus tios, que viajaram para o exterior. Holly e Mel aceitam. Coisas ruins acontecem. Para não entrar no terreno dos spoilers, direi apenas que as meninas começam a tomar decisões que não combinam com o espírito natalino.

Lauren Molina e Helen Rogers como Melissa e Holly no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures
Lauren Molina e Helen Rogers como Melissa e Holly no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures


Meu cuidado para não me estender demais na sinopse deve-se ao fato de O Corpo ser um filme repleto de reviravoltas, e qualquer detalhe a mais poderia entregá-las. Eu inclusive recomendo fortemente que você não assista ao trailer, pois o vídeo contem trechos que talvez não arruínem completamente, mas com certeza terão impacto negativo em sua experiência com o filme.

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Se você assistiu Significant Other, sabe que Dan Berk e Robert Olsen têm facilidade para escrever diálogos naturais, e não é diferente em O Corpo. O texto é valorizado pelas atuações comprometidas do trio central, cuja química chama a atenção nos primeiros minutos. A amizade entre Holly, Melissa e Cali parece genuína, mesmo quando suas personalidades se mostram conflitantes.

Alexandra Turshen como Cali no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures
Alexandra Turshen como Cali no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures


Holly é a garota boazinha, que divide seu tempo entre se reunir com as amigas e atender as ligações do namorado Ben (o estreante Adam Cornelius). Melissa é a mais inteligente e a mais tímida das três. E Cali não sabe a diferença entre as palavras "satã" e "cetim", mas domina a cena quando o assunto é diversão. Como os diretores não recorrem a flashbacks ou diálogos reveladores para construir suas protagonistas, esses detalhes são importantes para que o público entenda as decisões que elas tomam quando seu pesadelo começa.

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Por "entender", eu não quero dizer "concordar". Pelo contrário, o filme nos arrasta para o centro de um dilema moral espinhoso, que faz com que nosso conceito sobre as garotas mude constantemente. Mais do que a edição frenética ou as cenas de violência que ocasionalmente pipocam na tela, são as reviravoltas e a maneira como as moças reagem a elas que causam desconforto.

Alexandra Turshen, Helen Rogers e Lauren Molina como Cali, Holly e Melissa no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures
Alexandra Turshen, Helen Rogers e Lauren Molina como Cali, Holly e Melissa no filme 'O Corpo', de Dan Berk e Robert Olsen. Foto: ©Last Pictures


Dependendo da disposição de cada um para desvendar suas camadas, O Corpo pode ser um apenas um passatempo despretensioso e divertido, um estudo sobre mecanismos psicológicos que podem ser acionados para garantir nossa autopreservação, ou uma alegoria religiosa, onde o mal assume um disfarce glamouroso para nos induzir ao erro. Quem enxergar o filme dessa maneira, provavelmente perceberá que a confusão entre "satã" e "cetim" não foi jogada no filme por acaso.

Nota: 7/10

Título original: Body.
Gênero: Suspense, crime, drama.
Produção: 2015.
Lançamento: 2015.
País: Estados Unidos.
Duração: 1 h 15 min.
Roteiro: Dan Berk, Robert Olsen.
Direção: Dan Berk, Robert Olsen.
Elenco: Helen Rogers, Alexandra Turshen, Lauren Molina, Larry Fessenden, Adam Cornelius, Dan Brennan, Kimberly Flynn, Ian Robinson, Jack Mathis Brenner, Mike Keller.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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