Crítica | Relíquia Macabra (Relic, 2020)

Emily Mortimer, Robyn Nevin e Bella Heathcote interpretam três gerações de mulheres lidando com eventos perturbadores no drama de terror de Natalie Erika James


Robyn Nevin, Emily Mortimer e Bella Heathcote em imagem do filme 'Relíquia Macabra', de Natalie Erika James


Também conhecido pelo título de Deterioração, Relíquia Macabra é um drama de terror sobre três mulheres assombradas por uma presença que ameaça consumir sua família. Trata-se do longa-metragem de estreia da diretora australiana Natalie Erika James, que também assina o roteiro em parceria com Christian White. Emily Mortimer (A Possessão de Mary), Bella Heathcote (O Demônio de Neon) e Robyn Nevin (Deuses do Egito) estrelam o filme, que já entrou para minha lista de favoritos de 2020.

Mortimer interpreta Kay, uma mulher viciada em trabalho que viaja de Melbourne até a deteriorada casa de campo da família na companhia da filha, Sam (Heathcote). Ela quer iniciar e auxiliar nas buscas por sua mãe, a octogenária Edna (Nevin), que desapareceu sem deixar rastros. Tão rapidamente quanto sumiu, Edna retorna. E enquanto algumas pistas apontam que ela está sofrendo de demência, Kay e Sam começam a sentir uma presença insidiosa na casa, que pode estar influenciando o comportamento de Edna.

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Relíquia Macabra é um filme de progressão lenta. À primeira vista seus diálogos parecem não ter tanta importância para a trama ou para o desenvolvimento dos personagens. Com o tempo, fica claro que o que importa aqui são os detalhes. E eles contam uma história sobre medo, culpa, solidão, vergonha e arrependimento por coisas não feitas e por palavras não ditas. O drama impera na metade inicial. E sutilmente vai dando espaço para o terror, refletindo a deterioração física e mental de Edna.

Bella Heathcote em imagem do filme 'Relíquia Macabra', de Natalie Erika James


A direção de arte faz um trabalho magnífico com os vários cômodos da casa, que também parecem reagir às mudanças de comportamento da matriarca. A fotografia aposta em tons sombrios. O design de som é intenso e pulsante. Algumas imagens perturbadoras pipocam na tela ocasionalmente. E as atuações sutis das protagonistas ajudam a nos manter interessados na história, mesmo quando ela parece não estar saindo do lugar.

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A diretora gasta metade do filme para chegar onde precisa. Mas quando chega, ela pisa com gosto no acelerador. Sem aviso, somos arrastados para um labirinto de eventos bizarros, angustiantes e assustadores. A sensação de claustrofobia passa a ser constante. E ainda sobra espaço para algumas cenas particularmente medonhas de body horror.

Robyn Nevin e Emily Mortimer em imagem do filme 'Relíquia Macabra', de Natalie Erika James


O desfecho não entrega respostas. Mas abre espaço para que o espectador encontre explicações alegóricas ou literais para o que presenciou. O que posso dizer com certeza é que a mensagem final é poderosa, causa desconforto mas também tem um enorme potencial para emocionar. Relíquia Macabra é uma estreia surpreendente.

Nota: 8

Título original: Relic.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Austrália, Estados Unidos.
Duração: 89 minutos.
Roteiro: Natalie Erika James, Christian White.
Direção: Natalie Erika James.
Elenco: Emily Mortimer, Robyn Nevin, Bella Heathcote, Jeremy Stanford, Chris Bunton, Christina O'Neill, Catherine Glavicic, Steve Rodgers, John Browning, Robin Northover.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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