Crítica | Vozes (Voces, 2020)

Família é atormentada por fenômenos sobrenaturais no filme de estreia do diretor Ángel Gómez Hernández; longa já está disponível na Netflix


Imagem do filme 'Vozes'
Lucas Blas em arte do filme 'Vozes', de Ángel Gómez Hernández


Após dirigir curtas-metragens como Lágrimas de papel e The Silent Weeping, o espanhol Ángel Gómez Hernández está estreando na direção de longas com Vozes, terror sobrenatural que resgata elementos clássicos de filmes de casa assombrada. Hernández também co-escreveu o roteiro com Santiago Díaz e Juan Moreno, a partir de uma ideia original de Víctor Gado. Vozes já está disponível no catálogo de filmes da Netflix.

Rodolfo Sancho (Não Haverá Paz Para os Malvados) e Belén Fabra (O Cadáver de Anna Fritz) estrelam como Daniel e Sara, um jovem casal que acabou de se mudar para uma nova casa no campo. Daniel ganha a vida restaurando imóveis e pretende fazer isso com seu novo lar provisório. Porém, seu filho de nove anos, Eric (Lucas Blas, da série Cuerpo de élite), não está gostando muito do lugar. Provavelmente porque ele ouve vozes emanando das paredes, debaixo da cama e de seu rádio walkie-talkie.

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A psicóloga infantil de Eric, interpretada por Beatriz Arjona (Quem Você Levaria para uma Ilha Deserta?) tranquiliza papai e mamãe dizendo que o menino apenas tem imaginação fértil e talvez esteja um pouco estressado por mudar de casa tantas vezes. Como esse é um filme de terror, nem é preciso dizer que o diagnóstico está errado, e que a família vai descobrir isso da pior maneira possível.

Imagem do filme 'Vozes'
Belén Fabra e Rodolfo Sancho em imagem do filme 'Vozes', de Ángel Gómez Hernández


A sequência de abertura de Vozes deixa duas coisas bem claras. A primeira é que a ameaça sobrenatural não está no filme apenas para puxar lençóis, e quem brincar com ela corre o risco de ter uma morte horrível. A segunda é que os efeitos especiais são competentes o suficiente para garantir que as mortes e ferimentos sejam mostrados em detalhes. O diretor não recorre tanto a esse recurso no resto do filme. Mas uma série de reviravoltas, algumas chocantes, garantem que a história jamais perca o fôlego. Aliás, é preciso dizer que o roteiro toma decisões corajosas em momentos onde filmes similares certamente teriam recuado.

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Vozes tem uma atmosfera sombria, que constantemente remete às produções de terror sobrenatural dos anos 70. A maneira como a entidade ataca abre boas possibilidades para a trama, e Hernández aproveita a maioria delas para criar cenas de suspense e terror que vão de momentos divertidos como a brincadeira com o espírito que pode ou não estar escondido sob a cama, a momentos perturbadores como a cena onde um dos personagens é induzido a se automutilar.

Imagem do filme 'Vozes'
Ramón Barea e Ana Fernández em imagem do filme 'Vozes', de Ángel Gómez Hernández


Sancho, Fabra e Blas entregam performances convincentes. Ramón Barea (Sob a Pele do Lobo) e Ana Fernández (série As Telefonistas), surgem como o "especialista" em fenômenos paranormais Gérman e sua filha incrédula Ruth, que ajudam Daniel a entender o que está acontecendo na casa. A chegada dos dois traz ecos que vão de Poltergeist: O Fenômeno a Vozes do Além. O filme também tem muito de Invocação do Mal, principalmente na maneira como o diretor filma as cenas de terror. Mas mesmo quando caminha por terrenos familiares, Hernández dá um jeito de conferir identidade própria à obra.

Alguns momentos de "ei, vamos nos separar mesmo sabendo que o inimigo pode nos matar facilmente se fizermos isso" tiram um pouco o brilho do filme. Perto do terceiro ato o diretor começa a apelar para jump scares telegrafados, o que diminui o impacto da experiência. Mas apesar desses deslizes, Vozes se mantem acima da média do gênero. É um filme eficaz sobre fantasmas que você precisa conhecer.

Nota: 7

Título original: Voces.
Gênero: Terror, suspense, drama.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Espanha.
Duração: 97 minutos.
Roteiro: Santiago Díaz, Ángel Gómez Hernández, Víctor Gado, Juan Moreno.
Direção: Ángel Gómez Hernández.
Elenco: Rodolfo Sancho, Ana Fernández, Ramón Barea, Belén Fabra, Lucas Blas, Nerea Barros, Beatriz Arjona, José Bermúdez, José Luis Lozano, Rubén Corvo, Rosa Álvarez, Álvaro Fontalba, Aitor Toro, Javier Botet, Viti Suárez, Peter Van Randen, Rosa de la Torre, Jorge Oubel, Ángel Gómez Rivero, Rae Varela, Alvaro Panadero.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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