Retro Review | A Bolha Assassina (The Blob, 1988)

Criatura pegajosa aterroriza moradores de cidade do interior no divertido "A Bolha Assassina", remake do terror sci-fi de 1958; Chuck Russell dirige o filme, estrelado por Shawnee Smith e Kevin Dillon


Imagem do filme 'A Bolha Assassina'
Shawnee Smith em imagem do filme 'A Bolha Assassina', de Chuck Russell | ©Columbia Tri-Star


Poucas coisas são tão divertidas quanto filmes de terror ambientados em cidadezinhas pacatas do interior. Principalmente quando uma ameaça qualquer cai do espaço para abalar a tranquilidade dos moradores. Essa premissa já rendeu delícias como Noite dos Arrepios e Seres Rastejantes. E, é claro, também rendeu A Bolha Assassina.

O cult clássico oitentista é dirigido por Chuck Russell, o mesmo realizador de A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos. Russel também assina o roteiro, em parceria com Frank Darabont. A Bolha Assassina é um raro exemplo de remake que consegue superar o material original — no caso, o filme de mesmo nome de 1958, dirigido por Irvin S. Yeaworth Jr. e Russell S. Doughten Jr.


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A Bolha é uma melequinha pegajosa, tentacular e esfomeada, que cai do espaço direto em uma floresta próxima da cidade de Arbeville, Colorado. Ela gruda em suas presas e não larga mais, enquanto as substâncias ácidas que compõe seu corpo cuidam de digeri-las com assustadora rapidez. Quanto mais a Bolha come, mais ela cresce. E aparece que seu apetite aumenta.

Imagem do filme 'A Bolha Assassina'
Kevin Dillon e Shawnee Smith em imagem do filme 'A Bolha Assassina', de Chuck Russell | ©Columbia Tri-Star


Para colocar um fim no terror gelatinoso, entra em cena o rebelde sem causa Brian Flagg (Kevin Dillon, irmão de Matt Dillon), que veste uma jaqueta estilosa e pilota uma moto Triumph. Flagg vai contar com uma aliada inesperada: a cheerleader Meg Penny (Shawnee Smith, de Curso de Verão), que presenciou um dos primeiros ataques da Bolha e luta para provar que o monstro existe.


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Embora fujam do modelo padrão de protagonistas de filmes de terror, o casal é muito carismático e seu arco é surpreendentemente bem desenvolvido. Brian começa com pose de vilão de livros de Stephen King, mas no decorrer do filme mostra que não é tão malvado quanto aparentava. Meg tem fama de esnobe, como revela um diálogo numa lanchonete. Mas ela se revela uma boa pessoa desde o início e, de todos os personagens, é a que tem mais chance de se tornar a heroína que a cidade precisa.

Imagem do filme 'A Bolha Assassina'
Erika Eleniak e Ricky Paull Goldin em imagem do filme 'A Bolha Assassina', de Chuck Russell | ©Columbia Tri-Star


Além do casal, acompanhamos a rotina de outros moradores como o sensato xerife Herb Geller (Jeffrey DeMunn, de A Morte Pede Carona), a simpática garçonete Fran Hewitt (Candy Clark, de Medo em Cherry Falls), o astro do esporte Paul Taylor (Donovan Leitch Jr., de Por Uma Noite Apenas) e o lobo em pele de cordeiro Scott Jeske (Ricky Paull Goldin, de Reflexo do Demônio).

Diálogos certeiros e detalhes nos cenários ajudam a enriquecer as histórias dos personagens de apoio. O mini-bar no carro de Scott, por exemplo, revela muito sobre ele em poucos segundos. O roteiro surpreende com frequência, providenciando mortes horríveis para figuras que todos apostariam que sobreviveriam no final. Não satisfeito, ele ainda elimina um personagem que poucos diretores teriam a coragem de tocar.

Imagem do filme 'A Bolha Assassina'
Candy Clark em imagem do filme 'A Bolha Assassina', de Chuck Russell | ©Columbia Tri-Star


Enquanto os adultos se perguntam "o que está acontecendo?" e os jovens se envolvem em situações inusitadas bem no estilo dos anos 80, a Bolha vai se alimentando e crescendo até chegar ao ponto de conseguir devorar um quarteirão inteiro de uma vez só. Mas não sem antes fazer aparições insanas em hospitais, cabines telefônicas, cinemas e até em um pia, o que rende a morte mais bizarra e comentada do filme.

Alguns efeitos especiais ficaram datados. Mas quando lida com efeitos práticos, o diretor consegue resultados melhores do que muitos filmes de terror atuais. Russell ainda ganha pontos por saber dirigir seus dublês com assustadora precisão. A cena em que Brian salta a ravina em sua motocicleta enquanto um helicóptero sobrevoa e um caminhão sofre um acidente, por exemplo, foi feita na raça, com todos os elementos simultaneamente em cena.

Imagem do filme 'A Bolha Assassina'
Shawnee Smith em imagem do filme 'A Bolha Assassina', de Chuck Russell | ©Columbia Tri-Star


O filme dá uma ligeira esfriada na metade final, com a chegada de novos personagens que trazem informações sobre a origem da Bolha. Mas é uma pausa bem rápida, seguida por um último ato repleto de cenas tensas e uma batalha final memorável. Para quem gosta de produções B divertidas, de gore e de body horror, A Bolha Assassina é um filme obrigatório.

Nota: 9/10

Título original: The Blob.
Gênero: Terror, suspense, ficção científica
Produção: 1988.
Lançamento: 1989.
País: Estados Unidos.
Duração: 95 minutos.
Roteiro: Chuck Russell, Frank Darabont.
Direção: Chuck Russell.
Elenco: Kevin Dillon, Shawnee Smith, Donovan Leitch Jr., Jeffrey DeMunn, Candy Clark, Joe Seneca, Del Close, Paul McCrane, Sharon Spelman, Beau Billingslea, Art LaFleur, Ricky Paull Goldin, Robert Axelrod, Bill Moseley, Frank Collison, Erika Eleniak.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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