David Blue Garcia dirige o reboot de 'O Massacre da Serra Elétrica'; filme da Netflix mostra o confronto de Sally e Leatherface, cinco décadas após o primeiro massacre
Imagem do filme 'O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface', de David Blue Garcia | © Jana Blajeva/Legendary/Netflix |
Quase cinquenta anos após aterrorizar adolescentes em uma região remota do Texas, o assassino da motosserra, Leatherface, retorna para um novo massacre. Isso não é novidade, já que desde a década de 1980 o vilão vem aparecendo em sequências, reboots, prequels e remakes. Mas o novo filme, adquirido pelo serviço de streaming Netflix, trata de ignorar todos os longas que vieram depois do original, e se apresenta como a única sequência do clássico setentista do mestre Tobe Hooper. Isso o coloca em um terreno bem próximo do reboot de Halloween (2018), de David Gordon Green, embora o resultado não esteja no mesmo nível.
O cenário é Harlow, cidadezinha abandonada no interior do Texas. Ou melhor, quase abandonada, já que três pessoas ainda moram lá. A primeira é a senhora MC (a ótima Alice Krige, de Maria e João: O Conto das Bruxas), que vive em uma casa onde funcionava um antigo orfanato. A segunda é o texano casca-grossa Richter (Moe Dunford, de The Lodgers), disparado o melhor personagem do filme. A terceira é o próprio Leatherface (Mark Burnham, de Dog - A Aventura de Uma Vida), que vai pegar sua motosserra e provar que, nas mãos erradas, qualquer objeto pode se transformar em uma arma mortal.
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Obviamente não dá para fazer um filme da franquia O Massacre da Serra Elétrica com apenas dois candidatos a vítimas. Assim, o roteiro de Chris Thomas Devlin, baseado na história de Fede Alvarez e Rodo Sayagues, providencia novos personagens: quatro adolescentes idealistas que querem transformar a cidade fantasma em um ambiente ideal para um grupo de empreendedores. O quarteto é desagradável e começa a destilar sua chatice nos primeiros minutos de filme. As irmãs Melody e Lila (Sarah Yarkin, de A Morte Te Dá Parabéns 2, e Elsie Fisher, de Jogo da Morte), até têm um background interessante, mas tomam tantas decisões idiotas, que fica difícil torcer por elas.
Imagem do filme 'O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface', de David Blue Garcia | © Jana Blajeva/Legendary/Netflix |
Decisões sem pé nem cabeça não são monopólio dos adolescentes chatos. Boa parte delas são tomadas pela final girl Sally Hardesty, personagem interpretada pela falecida Marilyn Burns no filme original, que retorna para acertar as contas com Leatherface. A nova Sally é interpretada por Olwén Fouéré (Mandy: Sede de Vingança), que é uma atriz talentosa. Mas é seguro dizer que dos filmes de terror recentes que trouxeram de volta heroínas do passado (e isso inclui Laurie Strode em Halloween e Sidney Prescott em Pânico), O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface é o mais frustrante deles.
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Ok, o resultado não é tão frustrante quanto o retorno da maravilhosa Jennifer Hills em Doce Vingança: Deja Vu. Mas ainda assim, a volta de Sally está muito abaixo do que uma personagem tão importante para o gênero merecia. Em muitos momentos, senti que a ideia original era fazer um filme sobre um assassino mascarado qualquer, mas no meio do processo alguém resolveu transformá-lo em uma sequência do clássico de Hooper. As inúmeras lacunas e a ausência de elementos clássicos da mitologia também apontam para isso.
A atriz Elsie Fisher como Lila no filme 'O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface', de David Blue Garcia | © Jana Blajeva/Legendary/Netflix |
Como acontece com a maioria dos filmes de terror da atualidade, o novo O Massacre da Serra Elétrica sofre de uma necessidade quase infantil de ser relevante, o que significa que você pode esperar por alguns comentários sociais e políticos. À exceção do inesperado comentário sobre desarmamento, o roteiro não se aprofunda em nenhum dos temas que se propõe a abordar. Mas tanto faz, porque o que interessa aqui é mesmo ver Leatherface tocando o terror em todo mundo.
O diretor David Blue Garcia (do suspense Tejano) entrega bons momentos de tensão, confrontos empolgantes e uma quantidade de mortes sangrentas muito bem planejadas, que rivalizam com o hilário e injustiçado O Massacre da Serra Elétrica 2, que o próprio Hooper dirigiu em 1986. Na soma geral, o reboot da Netflix passa longe de honrar o legado do filme original. Mas quando o roteiro e a direção permitem que Leatherface faça o que faz de melhor, temos um slasher relativamente divertido.
Nota: 5.8/10
Título Original: Texas Chainsaw Massacre.
Gênero: Terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1h 23min.
História: Fede Alvarez, Rodo Sayagues.
Roteiro: Chris Thomas Devlin.
Direção: David Blue Garcia.
Elenco: Sarah Yarkin, Elsie Fisher, Mark Burnham, Jacob Latimore, Moe Dunford, Olwen Fouéré, Jessica Allain, Nell Hudson, Alice Krige, William Hope, Jolyon Coy, Sam Douglas, John Larroquette.
filme pessimo , anecessidade de cultuar o lether face cai no mesmo mal forçado do Halloween, absurdo e desnecessário final. só pra dizer anti-cliche mas sem sentido algum.
ResponderExcluirNão achei nada ruim. O problema da crítica de cinema atual é o ódio que as pessoas têm por remakes. Então, entendam que esse filme não é pra ser considerado reboot, já que é uma continuação do primeiro Texas Chainsaw Massacre.
ResponderExcluirOk, a Netflix faz muitos filmes bosta mesmo. Mas esse daí me prendeu até o final. E apresentou críticas a certos conceitos que eu nunca imaginei que poderiam aparecer em um terror slasher comum. Por isso que não devemos jogar esse filme no mar do esquecimento(como fizeram com a decepção "Vende-se esta Casa"... nem muito menos rotulá-lo como um filminho besta qualquer. Pros que não curtiram, Sr. Blue tá lá...cagando pra opinião de vocês.