Crítica | Céu Vermelho-Sangue (Blood Red Sky, 2021)

Passageiros de avião precisam lidar com sequestradores (e com vampiros) no filme de terror do diretor e co-roteirista Peter Thorwarth


Peri Baumeister e Carl Anton Koch em imagem do filme 'Céu Vermelho-Sangue', de Peter Thorwarth | ©Netflix


Novo filme de terror do serviço de streaming Netflix, Céu Vermelho-Sangue começa com um avião fazendo um pouso forçado e sendo recepcionado por veículos militares e soldados fortemente armados. O único que sai dele é um garoto misterioso, que aparenta estar em estado de choque. Uma movimentação no avião indica haver outro sobrevivente, mas os militares desconfiam que ele pode ser o causador dos problemas.

Logo ficamos sabendo que o menino se chama Elias (Carl Anton Koch), e que viajava com destino a Nova York na companhia da mãe, Nadja (Peri Baumeister). É através das lembranças de Elias que temos acesso aos eventos que ocorreram no avião. É claro que se você leu a sinopse oficial ou assistiu ao trailer cheio de spoilers, já sabe exatamente o que aconteceu. Mas não vou me aprofundar em detalhes, e direi apenas que entre os passageiros do avião estavam um grupo de sequestrados e um vampiro.


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Céu Vermelho-Sangue busca inspiração em histórias clássicas de vampiros. A premissa é uma variação dos eventos ocorridos no Deméter, o navio russo que transportou Drácula da Transilvânia para Londres, conforme descrito no livro do irlandês Bram Stoker. O visual do vampiro parece uma mistura de Nosferatu com as criaturas medonhas de 30 Dias de Noite, e conforme o filme avança, sua aparência fica ainda mais monstruosa. O comportamento das criaturas (mais delas aparecem depois) remete ao folclore, quando o vampiro era descrito como um cadáver reanimado, semelhante à figura clássica do zumbi.

Kais Setti em imagem do filme 'Céu Vermelho-Sangue', de Peter Thorwarth | ©Netflix


Some tudo isso a performances sólidas, confrontos razoavelmente bem elaborados e algumas cenas sangrentas, e temos uma obra promissora. Contudo, os acertos se chocam com ideias modernas que, quase sempre, arruínam potenciais bons filmes de vampiros. A inclusão dos sequestradores no avião não chega a ser um problema, e na teoria poderia até acrescentar tensão à história. Já a decisão do diretor alemão Peter Thorwarth e de seu co-roteirista Stefan Holtz de tentar humanizar a criatura, tira muito do brilho do filme.


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A coisa piora quando o roteiro começa a criar conexões e situações dramáticas forçadas entre os personagens. Um pouco de drama em espaços fechados não faz mal a ninguém, e o ótimo Invasão Zumbi está aí para provar isso. Mas quando passa a ganhar mais foco do que aquilo que realmente interessa (e já que tem sequestradores, o que interessa é o confronto entre eles e vampiros), a diversão fica comprometida. Isso é realmente uma pena, pois a relação entre Nadja e Elias estava funcionando bem sem a forçação de barra.

Peri Baumeister em imagem do filme 'Céu Vermelho-Sangue', de Peter Thorwarth | ©Netflix


Com o vampiro se mostrando uma figura cada vez menos interessante, o diretor se mostrando incapaz de criar tensão e o drama atrapalhando constantemente as cenas de ação, Céu Vermelho-Sangue fica chato. Alguns flashbacks revelam a origem do monstro e sinalizam para a possibilidade de boas cenas de terror. Isso não acontece, e os flashbacks atrapalham ainda mais o ritmo. Uma reviravolta a la Inocente Mordida aponta para um final com bastante potencial. Mas, infelizmente, ele é tão morno quanto o resto do filme.

Nota: 4.5/10

Título original: Blood Red Sky.
Gênero: Terror, drama, ação.
Produção: 2021.
Lançamento: 2021.
País: Alemanha, Estados Unidos.
Duração: 2h 1min.
Roteiro: Stefan Holtz, Peter Thorwarth
Direção: Peter Thorwarth.
Elenco: Peri Baumeister, Carl Anton Koch, Alexander Scheer, Kais Setti, Gordon Brown, Dominic Purcell, Graham McTavish, Kai Ivo Baulitz, Roland Møller, Chidi Ajufo, Jan Loukota, Nader Ben-Abdallah, Leonie Brill, Rutger Lysen, Rainer Reiners.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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