Crítica | Rua do Medo: 1666 - Parte 3 (Fear Street: 1666, 2021)

A verdade sobre Sarah Fier é revelada no capítulo final da trilogia de terror da Netflix; Leigh Janiak dirige o filme baseado nos livros de R.L. Stine


Olivia Scott Welch e Kiana Madeira em imagem do filme 'Rua do Medo: 1666 - Parte 3', de Leigh Janiak | ©Netflix


Então vocês querem uma bruxa? Pois a diretora e co-roteirista Leigh Janiak entrega a origem de uma em Rua do Medo: 1666, o capítulo final da trilogia de terror da Netflix. Notem que não estou falando de uma bruxa qualquer, mas da própria Sarah Fier, figura lendária que os habitantes de Shadyside acreditam ser a responsável pela maldição que faz com que coisas ruins aconteçam na cidade. E quando digo coisas ruins, quero dizer tragédias, pobreza e assassinatos cometidos por pessoas aparentemente comuns, que enlouquecem do nada.

No caminho que separa fatos e lendas, porém, existe um abismo que Janiak faz questão de visitar. Ela não faz isso com um flashback rápido, mas com um arco completo que ocupa metade do filme. Enquanto revela a verdade por trás da lenda de Sarah Fier e os eventos que levaram à sua morte em uma versão tranquila, colonial e puritana da Shadyside que conhecemos, Janiak apresenta novos personagens, suas motivações e seu mundo, dando sentido a tudo que foi pré-estabelecido e fechando a trilogia baseada nos livros de R.L. Stine de maneira triunfante.


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Enquanto o filme origina homenageia o terror pós-Pânico e o segundo busca inspiração nos slashers do final dos anos 70 e início dos 80, o capítulo final bebe da fonte de As Bruxas de Salem. É um filme sombrio, dramático, intenso. Os elementos sobrenaturais estão presentes e são bastante explorados, mas 1666 consegue ser o capítulo mais adulto e emocionante da franquia. Pelo menos até a reta final, quando saltamos de volta para 1994 para acompanhar a conclusão da história iniciada no primeiro filme.

Benjamin Flores Jr. em imagem do filme 'Rua do Medo: 1666 - Parte 3', de Leigh Janiak | ©Netflix


A mudança repentina de ritmo e a inclusão de cenas de alívio cômico, cortesia do ator Darrell Britt-Gibson, me tiraram momentaneamente do filme. Mas felizmente o falatório não dura muito tempo, e logo dá lugar a um confronto final empolgante ambientado no shopping onde tudo começou. Inicialmente um pouco mirabolante, o plano dos protagonistas para colocar um fim na maldição de Shadyside se revela criativo, especialmente na maneira como usa a seu favor um conjunto de regras estabelecidas no primeiro filme.


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O roteiro volta a abordar temas como preconceito e diferença de classes, ligando os três filmes, dando-lhes uma dimensão maior e ressaltando preocupações sobre como o passado assombra o presente. Como já era esperado, com o círculo completo podemos avaliar eventos e personagens dos filmes anteriores sob uma nova perspectiva. A que mais se beneficia disso é Deena, a protagonista de 1994 interpretada por Kiana Madeira, cuja jornada ganha muito mais peso.

Sadie Sink em imagem do filme 'Rua do Medo: 1666 - Parte 3', de Leigh Janiak | ©Netflix


No capítulo final, tanto Madeira quanto Olivia Scott Welch, que faz sua namorada Samantha, arrasam interpretando personagens diferentes de duas épocas. Não vou entrar em detalhes sobre seus papeis, para evitar spoilers. Mas o emocionante diálogo que as duas têm em uma igreja e a despedida que encerra o arco inicial está entre meus momentos favoritos do filme.


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Outros atores retornam, como Benjamin Flores Jr., que também interpreta dois personagens; e Gillian Jacobs, que retoma seu papel de C. Berman, uma das sobreviventes do terrível massacre no acampamento Nightwing. Janiak ainda escala boa parte do elenco dos dois primeiros filmes, incluindo Sadie Sink, Julia Rehwald e Ashley Zukerman, para interpretar colonos do século XVII. A participação da maioria deles é rápida, mas a surpresa é muito bem-vinda.

Benjamin Flores Jr e Kiana Madeira em imagem do filme 'Rua do Medo: 1666 - Parte 3', de Leigh Janiak | ©Netflix


Como não poderia deixar de ser, temos o retorno de vários vilões, incluindo o homem do machado e a terrível Ruby Lane. Não posso revelar o que acontece com eles, mas é algo divertido e definitivamente surpreendente. O final 1666 abre as portas para uma possível sequência, e esperamos mesmo que essa história seja ainda mais desenvolvida. Enquanto isso não acontece, fica a dica de que essa trilogia merece muito a atenção dos fãs do gênero.

Nota: 7.7/10

Título original: Fear Street: 1666.
Gênero: Terror, mistério, drama.
Produção: 2021.
Lançamento: 2021.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 54min.
Roteiro: Phil Graziadei, Leigh Janiak, Kate Trefry.
Direção: Leigh Janiak.
Elenco: Kiana Madeira, Elizabeth Scopel, Benjamin Flores Jr., Randy Havens, Julia Rehwald, Matthew Zuk, Fred Hechinger, Michael Chandler, Sadie Sink, Emily Rudd, Olivia Scott Welch, Lacy Camp, McCabe Slye, Ashley Zukerman, Jordana Spiro, Jeremy Ford, Patrick Roper, Robert Bryan Davis, Lynne Ashe, Charlene Amoia, Mark Ashworth, Todd Allen Durkin, Ryan Simpkins, Noah Garrett, Keil Oakley Zepernick, Emily Brobst, Kevin Waterman, Jordyn DiNatale, Ted Sutherland, Lloyd Pitts, Gillian Jacobs, Darrell Britt-Gibson, Daniel Thomas May, Meghan Packer, Nilah Blasingame, Rachel Doman, Jana Allen, Gracen Newton.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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