Crítica | Rua do Medo: 1994 - Parte 1 (Fear Street Part 1: 1994, 2021)

Adolescentes enfrentam o mal que assola Shadyside no primeiro filme da trilogia 'Ruas do Medo', da diretora Leigh Janiak


Olivia Scott Welch e Kiana Madeira em imagem do filme 'Rua do Medo: 1994 - Parte 1', de Leigh Janiak | ©Netflix


Baseado na série de livros juvenis do autor R.L. Stine, o novo filme da Netflix nos leva para Shadyside, cidade misteriosa atolada na pobreza e abalada por um ciclo de crimes brutais. As coisas vão tão mal em Shadyside que alguns moradores acreditam que o lugar é amaldiçoado pelo espírito de Sarah Fier, uma mulher executada em 1666, acusada de bruxaria. A situação da cidade parece ainda pior quando comparada a sua vizinha, a imaculada Sunnyvale, que ostenta sucesso e prosperidade.

Durante uma viagem de ônibus, presenciamos um incidente que fará com que as coisas em Shadyside fiquem mais bizarras do que geralmente são. Um grupo de amigos adolescentes começa a suspeitar que os assassinatos que assolam a cidade há mais de 300 anos podem estar conectados. Como acontece em filmes de terror sobre adolescentes que descobrem segredos centenários, eles logo percebem que podem ser as próximas vítimas.

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Rua do Medo: 1994 começa com uma cena empolgante com a participação de Maya Hawke (série Stranger Things). Ela termina de maneira inesperada. O fato da diretora e co-roteirista Leigh Janiak (Honeymoon) revelar a identidade do assassino bem cedo aponta que ela está disposta a subverter expectativas. E de fato está, já que o que começa como um slasher vai gradualmente ganhando contornos sobrenaturais e assumindo uma vibe de produção da Amblin.

Benjamin Flores Jr. em imagem do filme 'Rua do Medo: 1994 - Parte 1', de Leigh Janiak | ©Netflix


Essa mudança não me agradou muito. Principalmente quando o drama dos adolescentes de Shadyside começa a ganhar destaque demais. A boa notícia é que cada momento chato é compensado com uma cena de terror divertida, que ficam ainda mais interessantes quando a diretora volta a aproveitar a liberdade que a classificação indicativa 18+ lhe oferece.

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Eu fiquei realmente surpreso com a violência explícita e com os efeitos especiais sangrentos que voltam a tomar conta da tela. Gostei da montagem ágil, da trilha sonora de suspense, das músicas bem escolhidas e do visual repleto de luz neon. Janiak acena com frequência para os fãs do terror clássico, fazendo referências a filmes como Pânico, A Noite dos Mortos-Vivos, Tubarão, O Iluminado e Poltergeist. A reviravolta final não causa tanto impacto quanto poderia, mas fiquei empolgado com as possibilidades que ela abre para os próximos filmes.

Maya Hawke em imagem do filme 'Rua do Medo: 1994 - Parte 1', de Leigh Janiak | ©Netflix


O elenco me pareceu ligeiramente fora de sintonia. Kiana Madeira (A Maldição de Halloween) e Olivia Scott Welch (série Panic) levam o filme a sério como a protagonista estressada Deena e sua namorada Samantha. Julia Rehwald e Fred Hechinger (A Mulher na Janela) parecem ter saído de uma comédia teen como a cheerleader delinquente Katie e seu ajudante piadista Simon. Mas os dois cumprem a tarefa de servir como alívio cômico, além de dar à diretora a chance de homenagear Prova Final e fazer alguns comentários sociais desajeitados na reta final.

À exceção de Samantha, que tem a doçura que falta aos outros personagens, não morri de amores por ninguém. Mas me diverti com o irmão da protagonista, Josh (Benjamin Flores Jr., de Fim do Mundo), um garoto nerd que passa o tempo em salas de bate-papo, tem teorias interessantes sobre a origem dos problemas de Shadyside, e ostenta um mural de esquisitices que deixaria Chloe Sullivan com inveja. Acho até que eu teria gostado mais dele se o moleque demonstrasse um pouco de emoção diante da perda de entes queridos.

As atrizes Olivia Scott Welch e Kiana Madeira em imagem do filme 'Rua do Medo: 1994 - Parte 1', de Leigh Janiak | ©Netflix


É preciso lembrar que esses personagens (ou o que restou deles) estão em fase de desenvolvimento, e nosso conceito sobre eles tende a mudar com o lançamento dos dois outros filmes da trilogia, Rua do Medo 1978 e Rua do Medo: 1666. O segundo será lançado em 9 de julho, e nos jogará no meio do que parece ser uma versão alternativa de Sexta-Feira 13. Vamos torcer para que a diretora mantenha o nível das cenas de violência. E para que o drama adolescente não atrapalhe demais a matança.

Nota: 6/10

Título original: Fear Street Part 1: 1994.
Gênero: Terror, mistério.
Produção: 2021.
Lançamento: 2021.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 47min.
Roteiro: Phil Graziadei, Leigh Janiak.
Direção: Leigh Janiak.
Elenco: Kiana Madeira, Olivia Scott Welch, Benjamin Flores Jr., Julia Rehwald, Maya Hawke, Charlene Amoia, David W. Thompson, Noah Bain Garret, Darrell Britt-Gibson, Ashley Zukerman, Jana Allen, Fred Hechinger, Matt Burke, Christian Bridges, Matthew Zuk, Jeremy Ford, Jaime Matthis, Danyon Huntington.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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