Retro Review | Benção Mortal (Deadly Blessing, 1981)

Comunidade agrícola é abalada por mortes misteriosas nesse filme de terror estrelado por Maren Jensen, Susan Buckner e Sharon Stone; longa é dirigido por Wes Craven, o realizador de 'A Hora do Pesadelo'


A atriz Sharon Stone em imagem do filme 'Benção Mortal', de Wes Craven


Benção Mortal é um híbrido de slasher e terror psicológico, sobre três amigas que precisam lidar com religiosos ultra conservadores, um assassino misterioso e, possivelmente, uma entidade sobrenatural. É o quinto filme de Wes Craven, o homem por trás de A Última Casa à Esquerda (1972) e A Hora do Pesadelo (1984), além dos quatro primeiros filmes da franquia Pânico, lançados entre 1996 e 2011.

Maren Jensen (série Ilha da Fantasia) lidera o elenco do filme, roteirizado pelo próprio Craven em parceria com Matthew Barr e Glenn M. Benest. Susan Buckner (Grease: Nos Tempos da Brilhantina), Ernest Borgnine (Fuga de Nova York), Michael Barryman (Quadrilha de Sádicos) e a futura rainha de Hollywood, Sharon Stone (Instinto Selvagem), também estão no elenco de Benção Mortal, que se revela um trabalho bem diferente dos demais do diretor.


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Ao invés da violência gráfica, dessa vez Craven aposta em um filme mais voltado para o mistério e o suspense. A obra apresenta rascunhos de ideias que seriam reaproveitadas em trabalhos posteriores do diretor. A cena em que a protagonista tem seu banho interrompido, por exemplo, é praticamente idêntica à clássica cena da banheira de Nancy Thompson, personagem interpretada por Heather Langenkamp em A Hora do Pesadelo. Porém, dessa vez não é a luva de Freddy Krueger que emerge da água.

Sharon Stone e Maren Jensen em imagem do filme 'Benção Mortal', de Wes Craven


O nome da garota da banheira é Martha Schmidt (Jensen), e ela vive com o marido Jim (Douglas Barr, de Invasores do Espaço) em um lugar que o narrador descreve como "as colinas de uma comunidade agrícola simples, intocada pelo tempo, onde um segredo horrível foi protegido por gerações". Jim é filho de Isaiah Schmidt (Borgnine), o sinistro líder da tal comunidade de religiosos ultra conservadores, que é avessa ao contato com outras culturas e vive como se estivesse no século XIX.


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Obviamente Isaiah não gostou de ver o filho se casar com uma estranha. Ele inclusive acredita que a moça está possuída pelo Incubus, entidade mitológica que seduz desavisados durante o sono. Quando mortes misteriosas abalam a região rural, a relação entre nossa heroína e seu sogro carrancudo fica ainda mais complicada. Será que a comunidade de Isaiah está tentando assustar Martha para se apoderar de suas terras? Será que um assassino está vagando por lá e planeja matar todo mundo? Ou será que o tal Incubus é mesmo real e está aprontando das suas?

Ernest Borgnine e Jeff East em imagem do filme 'Benção Mortal', de Wes Craven


Para botar mais lenha na fogueira, entram em cena a modernosa Vicky Anderson (Buckner) e a dorminhoca Lana Marcus (Stone), amigas de faculdade de Martha que vieram convencê-la a voltar para Los Angeles. Para Isaiah, todas as moças daquela fazenda são tentações enviadas pelo Incubus para fazer seu povo ceder aos pecados da carne. E sua suspeita aumenta quando seu filho mais novo, John (Jeff East, de Superman: O Filme), cresce os olhos para cima de uma das loiras e aceita se perder.

Acrescente a essa premissa curiosa duas vizinhas estranhas, uma noiva enciumada e alguns encontros românicos furtivos em florestas escuras, e temos um terreno fértil para intrigas, barracos familiares e discussões sobre religião, pecado, moralidade e retribuição. Mas fique tranquilo, porque o filme também tem boas cenas de terror no celeiro, pesadelos com figuras sedutoras, perseguições ardentes, galinhas assustadoras e aranhas, muitas aranhas.

Susan Buckner e Sharon Stone em imagem do filme 'Benção Mortal', de Wes Craven


A cena mais famosa de Benção Mortal (ao lado da cena da banheira, é claro) envolve justamente uma tarântula e uma Sharon Stone com a boca muito aberta. Os realizadores garantem que o que é mostrado na tela não é fruto da magia dos efeitos especiais, que Craven teria realmente convencido Stone a fazer a cena, e que a atriz aceitou com a condição de que as presas do aracnídeo fossem retiradas.

Na maior parte do tempo, o diretor costura bem as várias idéias do roteiro. Na metade final ele perde um pouco o rumo e o filme fica meio arrastado. A revelação sobre a identidade e as motivações do vilão perdem um pouco o impacto, pois o roteiro não entregou informações suficientes para que o espectador pudesse comprá-la. A última cena, que teria sido uma imposição do estúdio, não faz muito sentido. Mas apesar dos tropeços, a história é interessante, o elenco é talentoso, o confronto com o vilão é divertido e, na soma geral, Benção Mortal sai ganhando.

Nota: 6.4/10

Título original: Deadly Blessing.
Gênero: Suspense, terror.
Produção: 1981.
Lançamento: 1981.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 40min.
Roteiro: Glenn M. Benest, Matthew Barr, Wes Craven.
Direção: Wes Craven.
Elenco: Maren Jensen, Sharon Stone, Susan Buckner, Jeff East, Colleen Riley, Douglas Barr, Lisa Hartman, Lois Nettleton, Ernest Borgnine, Michael Berryman, Kevin Cooney, Bobby Dark, Kevin Farr, Neil Fletcher, Jonathon Gulla, Chester Kulas Jr., Lawrence Montaigne, Lucky Mosley, Dan Shackleford, Annabelle Weenick, Jenna Worthen, Percy Rodrigues, Michael Minton, Dean Nolen.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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