Crítica | Slumber Party Massacre (2021)

O assassino da furadeira, Russ Thorne, retorna para aterrorizar festas do pijama em 'Slumber Party Massacre'; Danishka Esterhazy dirige o remake do cult de 1982


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Imagem do filme 'Slumber Party Massacre' (2021), de Danishka Esterhazy


Cinco amigas enfrentam um assassino que interrompeu sua festa do pijama neste remake de um slasher que ocupa um lugar especial no coração de muitos fãs: o cult The Slumber Party - O Massacre (1982), roteirizado pela ativista da causa feminina Rita Mae Brown, dirigido pela grande Amy Holden Jones e co-financiado pelo lendário mestre do filme B, Roger Corman.

Danishka Esterhazy, realizadora de The Banana Splits Movie, dirige a nova versão. O roteiro é de Suzanne Keilly, a mesma que escreveu O Retorno do Duende. Hannah Gonera, que recentemente participou do terror Feitiço, lidera o elenco. O filme foi lançado esta semana pelo SYFY, e uma versão estendida já foi anunciada em Blu-ray. 


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O remake começa nos anos 90, quando uma festa do pijama se transforma em pesadelo com a chegada de Russ Thorne (Rob van Vuuren, de Mandela - O Caminho Para a Liberdade), o assassino de olhos arregalados que persegue suas vítimas carregando uma furadeira. Essa cena de abertura tem um pouco de suspense, mortes, perseguições à luz do luar e até uma final girl, o que fez com que minhas expectativas com o remake ficassem bem altas.

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Imagem do filme 'Slumber Party Massacre' (2021), de Danishka Esterhazy


O filme salta para a época atual para nos apresentar à nova protagonista, Dana (Gonera). Ela e suas amigas também vão participar de uma festa do pijama que, coincidentemente ou não, acontece na mesma casa de lago remota, bolorenta e assustadora da cena de abertura. Logo o roteiro entrega sua primeira reviravolta que, infelizmente, também parece dar o sinal verde para que o filme comece a descer ladeira abaixo.


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Não que a diretora não entregue mortes sangrentas, principal ingrediente de um slasher. Pelo contrário, o cardápio de horrores é vasto, e tanto os efeitos práticos quanto a maquiagem são convincentes. O ponto alto é um duelo entre Thorne e um personagem carregando uma guitarra, que não apenas homenageia The Slumber Party - O Massacre 2, como também rende a morte mais criativa do filme.

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Imagem do filme 'Slumber Party Massacre' (2021), de Danishka Esterhazy


O problema é que a diretora e sua roteirista ficam indecisas sobre o caminho que vão seguir. Slumber Party Massacre muda de slasher para drama familiar num piscar de olhos. No momento seguinte, é uma comédia adolescente sobre amizade. O filme também quer ser um thriller de vingança e um terror social. No fim das contas, acaba não sendo nem uma coisa, nem outra, mas falha especialmente quando tenta ser engraçado.

A nova versão aposta na inversão de papéis para criticar a sexualização das mulheres no subgênero e entregar um pouco de humor no processo. É algo semelhante ao que a diretora e roteirista francesa Coralie Fargeat fez, de maneira muito criativa, no ato final do ótimo Vingança (2017). Só que Esterhazy e sua roteirista optam por uma abordagem tão sutil quanto um elefante cor-de-rosa com uma melancia na cabeça, e o resultado são situações horrivelmente forçadas, que parecem ter saído de um roteiro rejeitado de Todo Mundo em Pânico

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Imagem do filme 'Slumber Party Massacre' (2021), de Danishka Esterhazy


Não confiantes de que o público vai entender as piadas, ocasionalmente um personagem interrompe a ação para explicá-las. Isso quando as próprias protagonistas não interrompem para fazer discursos sobre como as mulheres da nova geração são fortes. Alguém precisa urgentemente avisar essas moças que as mulheres sempre foram as grandes estrelas dos filmes de terror. Também seria bom lembrá-las que final girls infinitamente mais interessantes do que elas vem frustrando planos vilanescos desde 1974, quando a lendária Sally Hardesty conseguiu escapar dos ataques de uma certa família de canibais, lá pelas bandas do Texas.

O primeiro The Slumber Party - O Massacre também foi idealizado como uma paródia feminista dos slashers que viraram febre no início da década de 1980, mas a diretora Amy Holden Jones conseguiu dosar muito bem o terror e o humor para que um gênero não sabotasse o outro. Mesmo quando era tosco, o filme era divertido, e as mensagens irônicas do roteiro não pareciam forçadas. Danishka Esterhazy e Suzanne Keilly não alcançam esse equilíbrio no remake, e comentários importantes acabam perdendo o impacto no meio do caos.

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Imagem do filme 'Slumber Party Massacre' (2021), de Danishka Esterhazy


O roteiro guarda outra reviravolta para o último ato, quando Slumber Party Massacre assume um tom mais consistente de terror. Acredito que todos vão perceber o plot twist chegando a quilômetros de distância. Mesmo se você não descobrir a pegadinha, a reviravolta é idêntica à de outro slasher clássico dos anos 80, e comparações serão inevitáveis. Nem é preciso dizer que o remake sai perdendo.

Nota: 3.8/10

Título original: Slumber Party Massacre.
Gênero: Terror, comédia.
Produção: 2021.
Lançamento: 2021.
País: África do Sul.
Duração: 1h 26min.
Roteiro: Suzanne Keilly.
Direção: Danishka Esterhazy.
Elenco: Hannah Gonera, Frances Sholto-Douglas, Mila Rayne, Alex McGregor, Reze-Tiana Wessels, Rob van Vuuren, Jennifer Steyn, Schelaine Bennett, Masali Baduza, Michael Lawrence, Eden Classens, Nathan Castle, Richard White, Braeden Buys, Richard Wright-Firth, Arthur Falko, Reem Koussa, Jane de Wet, Larissa Crafford-Lazarus, Russell Crous, Dean Goldblum.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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