Crítica | Vingança (Revenge, 2018)

Matilda Anna Ingrid Lutz interpreta jovem em busca de vingança no filme de estreia da diretora e roteirista Coralie Fargeat


Imagem do filme 'Vingança'
Matilda Anna Ingrid Lutz em imagem do filme 'Vingança', de Coralie Fargeat


Subgênero controverso ligado ao cinema de terror, suspense e aos filmes exploitation, o rape and revenge teve seu auge na década de 1970, de onde surgiram clássicos como A Vingança de Jennifer (mais tarde refilmado com o título de Doce Vingança) e obras que atingiram o status de cult, como Thriller: Um Filme Cruel. A premissa desses filmes é quase sempre a mesma: uma mulher é vítima de violência sexual e deixada para morrer. Ela sobrevive, se recupera e vai atrás de seus agressores para lhes presentear com mortes sangrentas.

Tudo isso está presente em Vingança, primeiro filme da diretora francesa Coralie Fargeat. Mas há detalhes discretos aqui que fazem com que essa seja uma obra bem diferente do habitual. Mas vamos começar pelas semelhanças: assim como a personagem vivida por Camille Keaton no clássico de 1978, a protagonista de Vingança (Matilda Anna Ingrid Lutz, de O Chamado 3) também se chama Jennifer. Mas seu namorado, o milionário casado Richard (Kevin Janssens) prefere chamá-la apenas de Jen.

$ads={1}

O casal viaja para um final de semana romântico em uma mansão remota no deserto, mas seus planos são interrompidos pela chegada antecipada de Stan e Dimitri (Vincent Colombe e Guillaume Bouchède), amigos de Richard que vieram participar de uma caçada anual. Não demora muito para que os convidados indesejados cresçam o olho para o lado de Jen. E pronto, está armado o cenário que levará a um crime horrível e uma vingança sangrenta.

Imagem do filme 'Vingança'
Matilda Anna Ingrid Lutz e Kevin Janssens em imagem do filme 'Vingança', de Coralie Fargeat


A tragédia é anunciada através de detalhes como, a maçã podre na sala ou o limpador de piscina que se move como se fosse uma serpente, indicando que aquele paraíso não é tão perfeito quanto aparenta. A diretora levanta uma discussão silenciosa sobre temas como a culpabilização da vítima, a maneira como a sociedade espera que uma mulher se comporte, a indiferença diante de um crime. Fargeat é discreta com os diálogos. Mas as imagens de seu filme dizem muita coisa.

$ads={2}

Conforme Jen renasce das cinzas para iniciar sua vingança, a fotografia, até então vibrante, vai ganhando tons sombrios. A maneira com que a protagonista se recupera pode parecer forçada. E é mesmo. Fargeat parece entender o quão fantasioso é esse subgênero, e resolve dar sua contribuição de exageros. Ela também parece se divertir brincando com nossa percepção sobre como os diretores retratam as mulheres nesse categoria de filmes. E assim como a protagonista, ela também se vinga no final, entregando uma longa sequência de nudez gratuita diferente de tudo que estamos acostumados a ver.

Imagem do filme 'Vingança'
Matilda Anna Ingrid Lutz em imagem do filme 'Vingança', de Coralie Fargeat


Quando precisa entregar cenas de violência, Fargeat não faz rodeios. O festival de tiros e facadas rola solto, o sangue jorra com gosto, e tudo é registrado em detalhes. Não deve nada aos clássicos do Extreme French Horror como Alta Tensão, Martyrs e A Invasora. Mas é também uma violência estilizada, que lembra o cinema de Tarantino. A batalha final, aliás, é tão sangrenta que chega a ser engraçada.

Os atores entregam vilões convincentes. E Lutz se destaca como uma protagonista de primeira linha. O filme tem pequenas quedas no ritmo no segundo ato. Mas nada que atrapalhe o resultado geral. Vingança é mais um bom exemplo de como esse subgênero pode render filmes interessantes.

Título original: Revenge.
Gênero: Suspense, terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
País: França.
Duração: 108 minutos.
Roteiro: Coralie Fargeat.
Direção: Coralie Fargeat.
Elenco: Matilda Anna Ingrid Lutz, Kevin Janssens, Vincent Colombe, Guillaume Bouchède.

O melhor: É estiloso, violento e tem muita coisa a dizer.
O pior: Pequenas quedas no ritmo no segundo ato.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

  1. Muito bom pra quem curte o estilo "sangue e peitinhos", nesse caso mais sangue...

    ResponderExcluir
  2. Para os apaixonados por filme de ação e violencia ta aí o filme certo. Apesar de ser um tema bastante batido,a direção surpreende,as locações enfeitiçam e os atores conseguem convencer. Destaque para as cenas de violencia,e maquiagem.Também não esconde nada quando o assunto é sangue,alias o que se pode ver neste filme é enchorrada de sangue do inicio ao fim.Para quem gosta de comer um lanchinho durante a exibição é melhor deixar pra depois...o telespectador tem que ter estomago! Os apaixonados pelo genero vão adorar.

    ResponderExcluir
  3. ....tudo funciona perfeitamente neste filme....até que .....mais "SANGUE"aparece!!

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem