Crítica | Fresh (2022)

Longa de estreia da diretora Mimi Cave, 'Fresh' começa como uma comédia romântica, mas acaba se revelando um filme interessante de terror


Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones como Steve e Noa no filme 'Fresh'
Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones como Steve e Noa no filme 'Fresh', de Mimi Cave | ©Fox Searchlight Pictures


Em 1982, o camp slasher Sexta-Feira 13, Parte 2 apresentou uma sequência pré-crédito de quase 15 minutos, uma das mais longas que eu tenho notícia em um filme de terror. Agora a diretora estreante Mimi Cave quebra o recorde com Fresh, longa sombrio, curioso e um pouco indigesto lançado nos Estados Unidos pelo Hulu e no Brasil pelo serviço de streaming Star+.

A sequência pré-crédito de Fresh dura inacreditáveis 30 minutos, e se você assistir ao filme sem saber nada sobre ele, durante este tempo provavelmente vai acreditar que está vendo uma comédia romântica. Mas não se engane, porque as coisas mudam, e assim que os créditos param de pipocar na tela, Fresh mostra que existe um recheio assustador escondido sob sua superfície aparentemente saborosa.


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Daisy Edgar-Jones (série War of the Worlds) interpreta Noa, uma jovem mulher cuja vida é marcada por uma coleção de encontros com homens desagradáveis que conhece por aplicativos de namoro. Um deles a informa que as mulheres não são mais tão femininas quanto costumavam ser, e sugere que ela troque suas roupas largas por um vestido. Outro envia uma foto de uma parte de seu corpo que ela provavelmente não gostaria de ver. Não é surpresa que Noa ande meio decepcionada com o sexo oposto.

Daisy Edgar-Jones como Noa no filme 'Fresh'
Daisy Edgar-Jones como Noa no filme 'Fresh', de Mimi Cave | ©Fox Searchlight Pictures


Durante uma caminhada no corredor de produtos frescos do supermercado local, Noa conhece Steve (Sebastian Stan, de Capitão América: Guerra Civil), um cirurgião plástico que além de ser bonito e charmoso, parece reunir as qualidades que ela não encontrou em seus pretendentes no mundo virtual. Não demora para que os dois iniciem um romance, que mudará a vida de Noa. Infelizmente, mudará para pior.


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Não vou dar spoilers sobre as surpresas desagradáveis que aguardam por nossa heroína, e também recomendo que você evite assistir ao trailer. O que posso dizer é boa parte do filme é sobre Noa tentando encontrar uma maneira de fugir do destino cruel que a aguarda. Isso faz com que o filme tenha um ritmo que pode ser considerado lento demais para o público mais impaciente. Mas Daisy Edgar-Jones é muito carismática, sua química com Sebastian Stan funciona bem, e isso garante que a história se mantenha interessante.

Jojo T. Gibbs como Mollie no filme 'Fresh'
Jojo T. Gibbs como Mollie no filme 'Fresh', de Mimi Cave | ©Fox Searchlight Pictures


Para deixar as coisas mais divertidas, entra em cena Mollie (Jojo T. Gibbs, da série Twenties), a melhor amiga de Noa. No começo ela parece estar no filme apenas para servir como alívio cômico e para lembrar Noa que devemos desconfiar de rapazes bonitos que não têm redes sociais. Mas a personagem ganha bastante destaque quando inicia uma investigação para descobrir o paradeiro da amiga, sendo arrastada para o centro da ação.

Outra personagem chamada Ann (Charlotte Le Bon, de Berlim, Eu Te Amo), surge do nada e também ganha relevância. Mas o mesmo não pode ser dito do barman Paul (Dayo Okeniyi, de O Exterminador do Futuro: Gênesis), que surge como uma promessa de reviravolta, mas, no final, acaba desaparecendo de maneira tão frustrante que eu cheguei a me perguntar porque ele estava no filme.

Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones como Steve e Noa no filme 'Fresh'
Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones como Steve e Noa no filme 'Fresh', de Mimi Cave | ©Fox Searchlight Pictures


Como já era esperado devido aos temas que aborda, Fresh inevitavelmente coloca os pés no terreno escorregadio do terror social. Felizmente a roteirista Lauryn Kahn (Ibiza: Tudo pelo DJ) parece entender que este é um filme de gênero, e não deixa que os comentários atrapalhem demais a história. Mesmo quando pesa a mão, faz isso com bom humor, e as situações acabam parecendo relativamente naturais.

Mais conhecida por seu trabalho com videoclips, Mimi Cave tempera tudo com bastante elegância, sem, no entanto, abdicar de momentos sangrentos, desconfortáveis e indigestos. Os personagens tomam algumas decisões questionáveis na reta final, mas o último ato é tão frenético que dá para fazer vista grossa. Mesmo com seus altos e baixos, na soma geral, esta comédia romântica sombria se revela um filme interessante.

Nota: 6/10

Título Original: Fresh.
Gênero: Suspense, terror, romance, comédia.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 54 min.
Roteiro: Lauryn Kahn.
Direção: Mimi Cave.
Elenco: Daisy Edgar-Jones, Sebastian Stan, Jojo T. Gibbs, Andrea Bang, Dayo Okeniyi, Charlotte Le Bon, Brett Dier, Alina Maris, William Belleau, Lachlan Quarmby, Sunghee Lapell, Arghavan Jenati, Anthony F. Ingram, Frances Leigh, Lance Birley, Joe Costa, Larry Hoe, Scott McGrath, Robert Corness.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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