Crítica | Amityville Uprising (2022)

Zumbis invadem Amityville em 'Amityville Uprising', do diretor Thomas J. Churchill


Mike Ferguson e Scott C. Roe como Lance e Dash em arte do filme 'Amityville Uprising'
Mike Ferguson e Scott C. Roe como Lance e Dash em arte do filme 'Amityville Uprising', de Thomas J. Churchill


Em The Amityville Harvest (2020), o diretor e roteirista Thomas J. Churchill mostrou que além de ter a casa assombrada mais famosa do mundo, a cidade de Amityville também tem vampiros. Em The Amityville Moon (2021), ele mostrou um lobisomem tocando o terror por lá. Agora Churchill dá um passo à frente com Amityville Uprising, que coloca a cidade no centro de uma epidemia de mortos-vivos.

Os problemas em Amityville (re)começam após uma enorme explosão feita com CGI ruim, que deixa mortos e feridos em uma instalação militar. Uma cientista sobrevivente avisa aos militares que produtos químicos foram liberados e uma chuva ácida está a caminho. Como se isso já não fosse suficientemente preocupante, a chuva química pode transformar as pessoas em zumbis.


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Para um filme de baixíssimo orçamento, Amityville Uprising tem cenários e figurino surpreendentemente convincentes. Quando me refiro a cenários e figurino, eu quero dizer apenas a delegacia e o uniforme dos policiais mesmo. Mas pelo menos, ao contrário do que acontece na maioria dos filmes que usam o nome Amityville, o diretor tem o cuidado de filmar diversas localidades da cidade e inserí-las em momentos "estratégicos", criando razoavelmente bem a ilusão de que a história realmente se passa lá.

Tank Jones e Troy Fromin como Howie e Malloy no filme 'Amityville Uprising'
Tank Jones e Troy Fromin como Howie e Malloy no filme 'Amityville Uprising', de Thomas J. Churchill


Os efeitos práticos também são divertidos. Menos a maquiagem dos mortos-vivos, que parecem máscaras feitas com pedaços de pizza e um pouco de catchup. Isso nos leva a uma série de problemas que comprometem seriamente a diversão. Um deles, mas não o principal, é a falta de sintonia entre os personagens. Alguns, como o sargento Dash (Scott C. Roe, de A Maldição de Rose) e o detetive estressado Lance McQueen (Mike Ferguson, de Acima da Lei) levam tudo muito a sério. Outros, como a oficial Nina Rossi (Kelly Lynn Reiter, de Como Superar um Fora), entregam uma performance mais leve, que combina mais com o estilo do filme.


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O sargento Dash se une aos companheiros da Delegacia de Polícia de Amityville para combater os mortos-vivos. Mas não sem antes passar metade do filme conversando. Conversa com a mulher da lanchonete, com os amigos policiais, com o filho carente, e com aquela mulher que aparentemente deveria servir como alívio cômico, mas acaba sendo apenas chata. A certa altura, ela diz que 'Tem muito drama nesta delegacia".  Vou ter que concordar com ela.

Outros personagens surgem do nada, como um assassino que acaba de ser preso, mas provavelmente vai escapar porque um dos policiais esqueceu uma caixa de ferramentas úteis bem pertinho de sua cela; e uma repórter que vai para a delegacia entrevistar o assassino. Também temos muitas cenas de apresentadores de telejornais fictícios (incluindo uma do Brasil), que na teoria deveriam dar um ar extra de seriedade ao filme, mas, na prática, deixam tudo ainda mais enfadonho.

A atriz Kelly Lynn Reiter como Nina no filme 'Amityville Uprising'
A atriz Kelly Lynn Reiter como Nina no filme 'Amityville Uprising', de Thomas J. Churchill


Comecei a me perguntar por quê alguém faz um filme sobre zumbis em Amityville e deixa as partes divertidas de lado para entediar o público com conversas intermináveis. Também me perguntei porque ninguém se importa com aquela enorme nuvem vermelha que está se formando na cidade. Bem, na verdade, eles não se importam sequer com a chuva. Um dos policiais inclusive sai do carro e se queima na chuva ácida. Ao invés de voltar para o carro, fica gritando e derretendo lá fora.

Quando um segundo personagem faz a mesma coisa, não resisti e comecei a rir da tosqueira. Mas não ri no último ato, quando  a ação começa e os confrontos simplesmente não empolgam. O final também não empolga, além de passar a sensação de que tudo que vimos não levou a lugar algum.

Nota: 2/10

Título original: Amityville Uprising.
Gênero: Terror, ação.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 25m,
Roteiro: Thomas J. Churchill.
Direção: Thomas J. Churchill.
Elenco: Scott C. Roe, Mike Ferguson, Kole Benfield, Michael Cervantes, Dan Yoon Hyuck Choi, Thomas J. Churchill, Bryan Clark, Mike Fallin, Micah Fitzgerald, Troy Fromin, Michael Gaglio, Aleksandra Zorich Hunt, Tank Jones, Tiffany Rae Jones, Jeff Karr, Joycelyne Lew, Anthony Richard Pagliaro, Barry Papick, Heather Marie Peterson, Kyle Pugh, Kelly Lynn Reiter, Isabella Robledo, Noel Jason Scott, Shane Woodson, Alysha Young.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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