Crítica | Chamas da Vingança (Firestarter, 2022)

Família com poderes paranormais é perseguida por organização secreta no remake de 'Chamas da Vingança' dirigido por Keith Thomas

Arte do filme 'Chamas da Vingança', de Keith Thomas | Foto: ©Universal Pictures

Uma família precisa fugir de uma organização secreta que quer estudar seus poderes paranormais neste filme de ficção científica, suspense e terror da Universal Pictures, produzido pela Blumhouse. Chamas da Vingança é o remake de um filme homônimo dirigido em 1984 por Mark L. Lester (leia nosso review), que por sua vez era a adaptação do conto A Incendiária, do autor Stephen King.

Keith Thomas, realizador de The Vigil, dirige a nova versão a partir do roteiro de Scott Teems, mesmo roteirista de Halloween Kills: O Terror Continua e da nova versão de O Exorcista, que deve chegar aos cinemas em 2023. Zac Efron (Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal) e Ryan Kiera Armstrong (Viúva Negra) lideram o elenco do novo Chamas da Vingança.

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Ainda jovens, Andy (Efron) e Vicky (Sydney Lemmon, de Toda Arte é Perigosa) foram voluntários em um experimento secreto que fez com que desenvolvessem poderes psíquicos. Andy agora consegue controlar a vontade das pessoas, enquanto Vicky pode mover objetos com a força do pensamento. Da união dos dois nasceu a garotinha Charlene, também conhecida como Charlie (Armstrong), capaz de iniciar incêndios com o poder da mente.

Zac Efron e Ryan Kiera Armstrong como Andy e Charlie no filme 'Chamas da Vingança', de Keith Thomas | Foto: ©Universal Pictures

Tudo isso é mostrado nos minutos iniciais, o que faz com que o novo Chamas da Vingança escorregue na mesma casca de banana que prejudicou o filme original: há muita história para contar, e pouco tempo é dedicado a ela. Por outro lado, o remake corrige um dos principais problemas do original, permitindo que passemos mais tempo com a família antes da caçada começar. Isso ajuda bastante a nos conectar com eles. De quebra, acompanhamos um pouco da rotina de Charlie na escola, o que rende um dos raros momentos em que o diretor flerta com o cinema de terror.

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O que parece uma vantagem no começo, porém, acaba originando outro problema. Após acompanhar os laços familiares sendo desenvolvidos por mais de meia hora, é natural que o espectador espere por um pouco de ação. O diretor e seu roteirista, porém, continuam investindo no drama, que logo deixa de ser interessante para se tornar cansativo. A cena em que Charlie faz uma revelação a seu anfitrião interpretado por John Beasley (A Soma de Todos os Medos) é a única com potencial para emocionar, mas é apresentada de maneira tão morna que acabou não me convencendo.

Sydney Lemmon e Ryan Kiera Armstrong como Vicky e Charlie no filme 'Chamas da Vingança', de Keith Thomas | Foto: ©Universal Pictures

Não gostei muito da performance de Efron, embora acredite que isso se deva mais ao pouco material que ele tem para trabalhar. Já a atriz mirim Ryan Kiera Armstrong convence como a menina que controla o fogo — ou, em boa parte do tempo, não controla, como sua mãe e um certo animalzinho têm o desprazer de descobrir. O roteiro reserva algumas surpresas relacionadas aos poderes da menina. Para não entrar no terreno dos spoilers, vamos dizer apenas que brincar com fogo não é sua única habilidade.

Glória Reuben (série Manto e Adaga) surge como a capitã Hollister, que comanda a organização secreta que quer capturar a família. Ela não tem muita coisa para fazer além de discursos ruins. Kurtwood Smith (RoboCop: O Policial do Futuro) interpreta o dr. Joseph Wanless, que está no filme apenas para explicar o quanto Charlie pode ser perigosa caso seus poderes se descontrolem. E, é claro, temos Michael Greyeyes (Conduta Ilegal) como o vilão Rainbird. O personagem era um dos destaques do filme original. No remake, é completamente desperdiçado.

A atriz Ryan Kiera Armstrong como Charlie no filme 'Chamas da Vingança', de Keith Thomas | Foto: ©Universal Pictures

Mas onde o diretor Keith Thomas mais decepciona é no terceiro ato, quando a pequena Charlie desencadeia o inferno na Terra. O filme original não é a coisa mais maravilhosa do mundo, mas Mark L. Lester conseguiu criar um final caótico e divertido, valendo-se apenas de efeitos práticos. Mesmo com a tecnologia e o CGI a seu favor, Thomas não chega nem perto de causar o mesmo impacto. O final, dramático e meio sem sentido, não ajuda a melhorar as coisas.

Nota: 3.8/10

Título Original: Firestarter.

Gênero: Drama, ficção científica, terror.

Produção: 2022.

Lançamento: 2022.

País: Estados Unidos da América.

Duração: 1h 34min.

Roteiro: Scott Teems.

Direção: Keith Thomas.

Elenco: Zac Efron, Ryan Kiera Armstrong, Sydney Lemmon, Michael Greyeyes, Gloria Reuben, Kurtwood Smith, John Beasley, Tina Jung, Hannan Younis, Gavin Maciver-Wright, Jeremy Ferdman, Jamillah Ross, Morrissa Nicole, Sheila Boyd, Darrin Maharaj, Danny Waugh, Lanette Ware.