Crítica | Frio nos Ossos (Little Bone Lodge, 2023)

Uma família recebe visitantes inesperados em 'Frio nos Ossos', suspense repleto de reviravoltas chocantes dirigido por Matthias Hoene


Joely Richardson e Harry Cadby como mãe e Matty no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene
Joely Richardson e Harry Cadby como mãe e Matty no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene


Novo filme do diretor de Portal dos Guerreiros, Matthias Hoene, Frio nos Ossos nos leva para uma fazenda isolada nas Terras Altas da Escócia, em um cenário que parece ser a década de 1950. Na verdade, é a época atual, mas a personagem sem nome interpretada pela talentosa Joely Richardson (Os Órfãos) parece feliz com o estilo retrô, e ainda mais feliz porque sua família se acostumou a uma vida sem telefones fixos ou celulares, sem TV e sem internet.

Sabemos que as três pessoas que vivem na casa são uma família porque a personagem de Richardson é chamada de mãe, e o de Roger Ajogbe (da série Sandman), um homem debilitado confinado em uma cadeira de rodas, é chamado de pai. A filha adolescente Maisy (Sadie Soverall, da série Fate: A Saga Winx), a única figura que tem nome nessa casa, inclusive está preparando um bolo para comemorar o aniversário dele.


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A festa chega a um fim abrupto quando um estranho chamado Matty (Harry Cadby, da minissérie Homem Interior) bate à porta implorando por ajuda para seu irmão, Jack (Neil Linpow, também roteirista do filme), que está gravemente ferido. Aparentemente, os dois sobreviveram a um acidente de carro, e Matty arrastou o irmão no meio de uma tempestade para buscar auxílio na fazenda mais próxima.

Joely Richardson e Sadie Soverall como mãe e Maisy no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene
Joely Richardson e Sadie Soverall como mãe e Maisy no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene


Escrevi “aparentemente” porque em filmes de suspense e terror, não dá para confiar em estranhos que batem à porta em noites chuvosas. Por outro lado, também não dá para confiar em famílias com estilo vintage que moram em casas no meio do nada. Hoene e seu roteirista parecem confiantes de que o espectador está familiarizado com esses clichês, e brincam com eles por um bom tempo.


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Eu realmente me diverti tentando prever de onde viria a ameaça, e o quanto o roteiro estaria disposto a subverter minhas expectativas. Essa abordagem não é exatamente nova, mas é executada com bastante segurança, resultando em um bom primeiro ato, que consegue ser tenso mesmo quando nada necessariamente perigoso está acontecendo.

Neil Linpow, Harry Cadby e Joely Richardson como Jack, Matty e mãe no filme 'Frio nos Ossos'
Neil Linpow, Harry Cadby e Joely Richardson como Jack, Matty e mãe no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene


Richardson está ótima como a mãe com conhecimentos de medicina, disposta a tudo para proteger a família dos perigos do mundo exterior. Frio nos Ossos abre e encerra com uma narração sobre maternidade, e a jornada tortuosa da personagem de Richardson oferece ao público a oportunidade de ver materializadas cada palavra dita na narração.


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Soverall também está crível como a adolescente Maisy. Até mesmo o personagem de Ajogbe consegue transmitir uma certa tensão, valendo-se apenas de olhares. A maternidade também é um tema presente na relação dos irmãos interpretados por Cadby e Linpow. Os diálogos entre os dois resultam em algumas cenas carregadas de tormento emocional, e ambos os atores transmitem bem a complexidade de seus personagens.

Sadie Soverall como Maisy no filme 'Frio nos Ossos', de Matthias Hoene


Novos personagens entram em cena, alguns previamente anunciados, outros fazendo aparições chocantes. O diretor aproveita bem o ambiente aconchegante da casa, que contrasta fortemente com os cenários exteriores, escuros e ameaçadores graças à chuva incessante. As cenas de violência são brutais e realistas, indo desde pequenos ferimentos até momentos de horror corporal genuíno.

Se você é fã de longa data de filmes do gênero, algumas reviravoltas podem não ser tão surpreendentes quanto para o público casual. No entanto, a forma como tudo é apresentado dá uma identidade própria a este suspense sombrio e distorcido, proporcionando um entretenimento divertido mesmo quando as revelações ameaçam desafiar os limites de nossa suspensão de descrença.

Nota: 6.7/10

Título Original: Little Bone Lodge.
Gênero: Suspense, policial, terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Reino Unido.
Duração: 1h 33 min.
Roteiro: Neil Linpow.
Direção: Matthias Hoene.
Elenco: Joely Richardson, Neil Linpow, Sadie Soverall, Harry Cadby, Roger Ajogbe, Euan Bennet, Cameron Jack, Jamie Melrose, Clifford Samuel, Sharon Young.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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