Crítica | Cemitério Maldito: A Origem (Pet Sematary: Bloodlines, 2023)

Jackson White interpreta o jovem Jud Crandall na prequel de 'Cemitério Maldito' dirigida por Lindsey Anderson Beer


Natalie Alyn Lind e Jackson White como Norma e Jud no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'
Natalie Alyn Lind e Jackson White como Norma e Jud no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'. Foto: © Paramount Players


O romance O Cemitério, de Stephen King, narra a assustadora história de uma família que se muda para uma nova casa no interior do Maine e descobre um cemitério capaz de trazer os mortos de volta à vida. Embora tentador, o preço a ser pago por esse poder é alto, uma vez que os ressuscitados manifestam um comportamento violento, quase como se fossem hospedeiros de forças malignas.

No livro, descobrimos que o último humano a ser ressuscitado, o soldado Timmy Baterman, aterrorizou os habitantes da amaldiçoada cidade de Ludlow. Essa história ocupa um espaço mínimo no trágico arco da família Creed, mas a diretora e co-roteirista Lindsey Anderson Beer, mais conhecida por Sierra Burgess é uma Loser, da Netflix, decidiu expandi-la para o formato de um filme.


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O resultado é Cemitério Maldito: A Origem, uma prequela de Cemitério Maldito (2019), de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, que por sua vez era um remake muito inferior do arrepiante e ocasionalmente perturbador filme original dirigido por Mary Lambert em 1989. O projeto promete aprofundar na história de Timmy, explorar os segredos do cemitério e desvendar os motivos que levaram o velho Jud Crandall a acreditar que, às vezes, a morte é melhor. Parte das promessas são cumpridas, o que não significa que esse seja um bom filme.

O ano é 1969, e o jovem Jud Crandall (Jackson White, de O Espaço Entre Nós) sonha em deixar sua cidade natal, Ludlow, na companhia da encantadora namorada Norma (Natalie Alyn Lind, da série iZombie). Eles planejam se juntar ao Corpo de Paz em Michigan, e chegam a pegar a estrada rumo a seu destino. No entanto, segredos sinistros forçam o casal a enfrentar uma história sombria que os manterá para sempre conectados a Ludlow.

David Duchovny como Bill no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'
David Duchovny como Bill no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'. Foto: © Paramount Players


A prequel de Cemitério Maldito apresenta ingredientes clássicos da franquia, como os sonhos sombrios, os cadáveres reanimados e uma certa dose de violência. No entanto, a diretora nunca consegue entregar um terror convincente. O filme sofre com uma total ausência de atmosfera, e a promessa de que algo verdadeiramente assustador está tomando forma, em momento algum se concretiza. Mesmo os sustos do filme carecem de peso.

O roteiro da própria Beer em parceria com Jeff Buhler (O Último Trem) é repleto de inconsistências que prejudicam a experiência. Perto do último ato, eles tentam preencher lacunas que não precisavam ser preenchidas, interrompendo a ação para nos levar até a década de 1670. Isso pouco acrescenta ao mito estabelecido nos filmes anteriores. Na verdade, em alguns pontos, até contradiz a história que conhecemos.


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Personagem de grande importância tanto no livro quanto nos filmes, Jud foi interpretado por Fred Gwynne no longa-metragem de 1989 e por John Lithgow na versão de 2019. Jackson White faz um esforço notável para torná-lo crível em Cemitério Maldito: A Origem, mas a direção não colabora com ele, e o roteiro também o sabota sempre que possível.

Primeiro, Jud é separado de Norma para que a amizade entre o rapaz e um jovem nativo americano chamado Manny (Forrest Goodluck, de O Regresso) ganhe os holofotes. Nas cenas de confronto, ele não faz a menor diferença, pois o roteiro está constantemente forçando a barra para que Manny assuma a liderança. Ao pobre Jud não é permitido sequer salvar sua amada no ato final, o que o torna menos um protagonista e mais uma testemunha da história.

Forrest Goodluck e Isabella LaBlanc como Manny e Donna no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'
Forrest Goodluck e Isabella LaBlanc como Manny e Donna no filme 'Cemitério Maldito: A Origem'. Foto: © Paramount Players


Isso é realmente uma pena, pois à exceção de Jud e Norma, que funcionavam muito bem juntos, falta carisma a todos os habitantes dessa cidade sonolenta. As performances são planas, com Pam Grier (Jackie Brown) perdida como Marjorie, e David Duchovny, que já teve dias melhores como o agente Fox Mulder da série Arquivo X, completamente desanimado como Bill, um pai que recorreu ao cemitério para ter de volta seu filho.

A ausência de um background adequado torna difícil para o espectador se importar com o drama de Bill, ou mesmo com o de Jud e sua família. As cenas entre Manny e sua irmã, Donna, interpretada por Isabella LaBlanc (série Solte o Ar Bem Devagar), ganham um pouco mais de aprofundamento, mas não o suficiente para torná-los personagens minimamente interessantes.

Com tantos problemas, Cemitério Maldito: A Origem mal consegue se arrastar até o confronto final, quando fica evidente que a recompensa não valeu o tempo investido.

Nota: 2/10

Título Original: Pet Sematary: Bloodlines.
Título Nacional: Cemitério Maldito: A Origem.
Gênero: Terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 27 min.
Roteiro: Lindsey Anderson Beer, Jeff Buhler.
Direção: Lindsey Anderson Beer.
Elenco: Jackson White, Natalie Alyn Lind, Forrest Goodluck, Isabella LaBlanc, Henry Thomas, Jack Mulhern, David Duchovny, Samantha Mathis, Pam Grier, Christian Jadah, Steve Love, Karl Graboshas, Vincent Leclerc, Glen Gould, Matt Holland, Ted Whittall, John Boylan, Noah Labranche, Corgand Svendsen, Jude Beny, Elliot Miville-Deschênes, Phoenix Wilson, Auden Larratt, Aron Benali.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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