Tubarões invadem um avião acidentado em 'Desespero Profundo', thriller de sobrevivência do diretor Claudio Fäh, estrelado por Sophie McIntosh e Colm Meaney
Os sobreviventes do desastre aéreo descobrem que há tubarões a bordo no filme 'Desespero Profundo' |
Em 2006, o diretor David R. Ellis nos presenteou com Serpentes a Bordo, onde um agente do FBI, interpretado por Samuel L. Jackson, enfrenta cobras venenosas a bordo de um avião. Agora, o diretor Claudio Fäh (A Saga Viking) explora uma ideia semelhante em No Way Up, que chega ao Brasil com o título de Desespero Profundo.
Diferentemente do filme anterior, a ação desta vez se desenrola nas profundezas oceânicas. A ameaça não são serpentes, mas sim tubarões famintos. Considerando que o cinema já apresentou tubarões atacando na areia, no gelo, em supermercados e até em tornados, a ideia de colocá-los em um avião parece uma evolução lógica. É uma pena que Fäh e seu roteirista desviem-se da promessa de diversão e estraguem a brincadeira.
O enredo acompanha um grupo de passageiros em viagem para Cabo. Após a colisão de pássaros com uma das turbinas, o avião despenca no oceano, afundando até se alojar em uma encosta subaquática. Os sobreviventes se veem diante da difícil escolha entre aguardar o resgate ou arriscar-se nas águas infestadas de tubarões para alcançar a superfície.
O segurança Brandon (Colm Meaney) tenta sobreviver em um avião inundado no filme 'Desespero Profundo' |
Enquanto isso, problemas narrativos ameaçam afundar o filme. O principal desafio reside na construção dos personagens, que são introduzidos de maneira excessivamente expositiva. Entre eles estão a filha do governador da Califórnia, Ava (Sophie McIntosh, da série Admirável Mundo Novo), seu namorado Jed (Jeremias Amoore, da série Polos Opostos) e seu amigo desagradável, Kyle (Will Attenborough, de Posto de Combate).
As atuações em geral não são terríveis, mas os personagens são tão desinteressantes que é difícil criar empatia por eles. A exceção é Brandon (Colm Meaney, de Con Air: Rota da Fuga), o robusto guarda-costas de Ava, que está constantemente em movimento, buscando soluções para os problemas dos sobreviventes. Infelizmente, ele deixa o filme cedo demais, e o restante dos sobreviventes faz muito pouco além de se acuarem na parte do avião que ainda não foi inundada.
Não ajuda muito que eles interrompem a ação com bastante frequência para falar sobre seus dramas pessoais e contar histórias chatas sobre o passado. Não é nada tão enfadonho quanto o falatório incessante de O Demônio dos Mares, por exemplo, mas a mão pesada no drama com certeza prejudica a construção da tensão e dissipa o ímpeto da narrativa.
A garota Rosa (Grace Nettle) e sua avó Nana (Phyllis Logan) no filme 'Desespero Profundo' |
Desespero Profundo não é um desastre completo, e com paciência, é possível encontrar momentos de diversão aqui e ali. Gostei dos efeitos especiais, que capturam eficientemente o caos do acidente. Nos raros momentos em que ganham destaque, os tubarões são retratados com autenticidade. Há choques visuais envolventes, e a cinematografia explora habilmente as dimensões da encosta subaquática, intensificando a sensação de desespero nos interiores claustrofóbicos do avião. No entanto, é muito pouco para uma premissa tão deliciosamente absurda.
Nota: 4/10
Título Original: No Way Up.
Gênero: Drama, suspense, terror.
Produção: 2024.
Lançamento: 2024.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 30 min.
Roteiro: Andy Mayson.
Direção: Claudio Fäh.
Elenco: Sophie McIntosh, Colm Meaney, Will Attenborough, Jeremias Amoore, Phyllis Logan, Grace Nettle, James Carroll Jordan, Carlos Agualusa, Manuel Pacific, Peppijna Dalli, David Samartin, Scott Coker, David J Biscoe, Lee Byford.
O filme consegue entregar uma experiência claustrofóbica e intensa... os efeitos visuais durante a queda do avião no oceano são realmente interessantes, criando uma atmosfera bem angustiante. Por outro lado, peca por duas cenas inverossímeis: a primeira envolvendo um tubarão e a protagonista e a segunda é aquele fôlego extra que sempre surge ao se mergulhar por alguns momentos sem equipamento.
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