Crítica | A Torre do Inferno (La tour, 2022)

Guillaume Nicloux dirige esse conto sombrio, mas sonolento, sobre um prédio de apartamentos envolto por névoa escura carnívora, e as coisas terríveis que seus moradores fazem para sobreviver.


Imagem do filme 'A Torre do Inferno'
Imagem do filme 'A Torre do Inferno'



A Torre do Inferno, novo trabalho do diretor e roteirista francês Guillaume Nicloux, tem o mérito de ir direto ao ponto. Com menos de cinco minutos de filme, os habitantes de um prédio de apartamentos em Paris acordam e descobrem que o mundo lá fora desapareceu. A construção agora está envolta em uma espécie de névoa opaca, que obstrui portas e janelas.

Uma das moradoras descobre que a estranha matéria escura dissolve instantaneamente qualquer material inorgânico que tente passar por ela. Outra descobre, da pior maneira possível, que a coisa também dissolve seres humanos.




Alguns efeitos especiais efetivos abrem as cortinas para o que parece ser um horror cósmico assustador e divertido. Mas a empolgação desaparece cerca de cinco ou dez minutos depois, quando fica claro que Nicloux não está interessado em se aprofundar no mistério da matéria escura, e sim em entregar outra história chata sobre a desconexão humana em circunstâncias terríveis.

Imagem do filme 'A Torre do Inferno'
Imagem do filme 'A Torre do Inferno'



A Torre do Inferno não tem um personagem central. Assitan, interpretada por Angèle Mac (Skam France), é a que chega mais perto disso, e ela não é exatamente carismática. Na verdade, nenhum dos moradores do prédio é, e a situação piora conforme os dias passam e as esperanças de escapar diminuem.

Os moradores começam a formar gangues raciais para acumular recursos e enfrentar gangues rivais. Gradualmente, eles sucumbem aos seus instintos mais primitivos, até afundarem no horror à medida que os alicerces da civilização começam a ruir.




Essa nova configuração é infinitamente menos interessante do que o mistério da névoa negra, mas o diretor insiste nela o filme inteiro. Como se não bastasse, ao invés de se aprofundar nos cantos sombrios da mente humana — o que poderia render ao menos alguns momentos chocantes para afastar o tédio —, ele prefere apenas sugerir, certificando-se de que as cenas de violência e os momentos mais sangrentos aconteçam fora da tela.

Imagem do filme 'A Torre do Inferno'
Imagem do filme 'A Torre do Inferno'



Saltos temporais ilustram o declínio dos moradores. Cada um deles é mais frustrante do que o outro, não apenas por deixar a história desnecessariamente confusa, mas também porque nos lembram a todo momento que os melhores momentos do filme ficaram perdidos pelo caminho. Para ficar pior, só faltava um final abrupto, do tipo que passa a sensação de que o filme não acabou, apenas parou de ser exibido. E sim, A Torre do Inferno também preenche essa lacuna.

Nota: 2/10

Título Original: La tour.
Gênero: Drama, fantasia, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2023.
País: França.
Duração: 1 h 29 min.
Roteiro: Guillaume Nicloux.
Direção: Guillaume Nicloux.
Elenco: Angèle Mac, Hatik, Ahmed Abdel Laoui, Kylian Larmonie, Merveille Nsombi, Nicolas Pignon, Igor Kovalsky, Marie Rémond, Judith Williquet, Modeste Nzapassara, Coline Beal, Kevin Bago, Bruni Makaya, Pierre Aventuna, Ayoub Bara, Lina Camelia Lumbroso, Laurent Poignot, Jean-Baptiste Seckler, Jules Houplain.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

2 Comentários

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  1. Prezado Ed, gostaria de ver sua crítica sobre o filme "Megalomaníaco", de 2022.

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  2. Prezado Ed, gostaria de ver sua análise do thriller "Viagem Sombria" (Mercy Falls, 2023)

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